quinta-feira, dezembro 25, 2008

o vinho e o mosto - um exercício de intertextualidade 4


Pertenço a um género de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes.

Fernando Pessoa


A que género pertenço eu?

À daqueles que podiam ter descoberto a Índia

e mais outras mil Índias que continuam por descobrir.

E nada, nada descobriram, nem sequer que o podiam fazer.

Sinto que podia ter descoberto o mundo e que o podia transformar.

Mas, faltou-me a vontade e a força para o fazer.

Não sou um descobridor, mas um ser preguiçoso e mole

em quem Deus desperdiçou capacidades.

Melhor Teria feito se as tivesse dado a activos empreendedores,

ainda que estúpidos.

CVR


domingo, dezembro 21, 2008

o vinho e o mosto - um exercício de intertextualidade 3


O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado

Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Fernando Pessoa



Longo tempo, longos anos carreguei meu fato imposto.

Com violência reagi. Para lá do que devia. Talvez.

Pago agora os dois preços. Do fato que carreguei e da libertação dele.

Qual deles, o maior? Mas,


''Meu pensamento é como o vento ''

''Ninguém o pode agarrar ''????

CVR

o vinho e o mosto - um exercício de intertextualidade 2


Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.

Parecem ter medo da polícia...

Mas tão boas que florescem do mesmo modo

e têm o mesmo sorriso antigo

Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem

Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente

Para ver se elas falavam...

Fernando Pessoa



Jardins regulares. Trazem à memória meu Pai.

As flores bem alinhadas naquele jardim de Chaves.

Jardins regulares. Flores alinhadas, intocáveis,

bem comportadas, fazendo de seu furto, pecado.

Elas que são livres de nascer e que dizem, corta-me ...

Porquê impôr-lhes regras e fazê-las regulares?

O meu Pai não era regular.

Era muito grande o meu Pai.

Grande como a sua inteligência, a sua bondade e a sua fraqueza.


Teve um só defeito.

Partiu cedo de mais.

CVR

o vinho e o mosto - um exercício de intertextualidade 1


A beleza é nome de qualquer coisa que não existe

Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas:são belas?

Fernando Pessoa



De boa vontade, de todas as coisas eu diria -- são belas.
E nada impede que o faça.
Já que não tem a ver com a realidade, mas com o que eu faço dela.
Bom seria que coisas e pessoas fossem belas sem que eu tivesse
necessidade de fazer delas o que elas não são -- belas.
Se tudo fosse belo, talvez eu fosse belo...
''Se eu casasse com a filha da minha lavadeira talvez fosse feliz...''

CVR

quinta-feira, dezembro 18, 2008

poetas do mundo

Em 14 de Outubro de 2005, Luis Arias Manso, poeta chileno, fundou o movimento Poetas del Mundo com a finalidade de usar a força das palavras e a sensibilidade dos poetas, como movimento, palavra-arma, a favor da salvação do nosso planeta, ameaçado de morte a curto prazo.
É preferível, contudo, que seja o próprio fundador a explicar-vos - aos que nisso estejam interessados - quais as razões da criação do movimento e quais as formas como cada um deve actuar. A palavra a Luis Arias Manso.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

sociedade portuguesa de história dos hospitais


Poucos terão conhecimento da existência da Sociedade Portuguesa de História dos Hospitais e poucos terão uma noção correcta da sua necessidade.
Só mesmo aqueles que têm amor à História e sabem como ela deve ser preservada para bem do presente e do futuro, compreenderão bem a existência e a necessidade dela existir.

Para aqueles que se interessam por estes assuntos e eventualmente não tenham recebido convite e para aqueles que possam vir a interessar-se, deixo aqui esta notícia da realização da III Conferência desta Sociedade, no próximo dia 11 de Dezembro, no Salão Nobre da Escola Nacional de Saúde Pública.
A entrada é livre.