sexta-feira, setembro 16, 2011

para que eu me chame ángel gonzález

Um blog deve servir, não só para cada um divulgar o que escreve, o que pensa, o que lhe apetece comunicar e partilhar, mas também mostrar o que outros fazem de bom e deve ser conhecido por todos.
Estão neste caso os poetas que precisam de chegar a todos, para se cumprirem. Entendi começar aqui essa espécie de missão, sem qualquer critério de prioridades ou mérito relativo, mas tão só na razão em que os leio ou releio.
Apresento, a quem o não conheça, o poeta espanhol Ángel González, nascido en Oviedo, em 6 de Setembro de 1925 e falecido em 12 de Janeiro de 2008 em Madrid. Estudou Direito na Universidade de Oviedo, mas virou jornalista e poeta, de pendor intimista e grande preocupação social. Tem uma extensa obra literária e recebeu vários prémios de que destaco - nomeação para o Prémio Adonais (1966), Prémio Príncipe de Asturias de las Letras (1985), Prémio Internacional Salerno de Poesía (1991),Prémio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana (1996), Prémio Julián Besteiro de las Artes y las Letras (2001) e Prémio de Poesía Ciudad de Granada-Federico García Lorca (2004),
Eleito membro da Real Academia de la Lengua Española em 1996.




Para que yo me llame Ángel González

Para que yo me llame Angel González
para que mi ser pese sobre el suelo,
fue necesario um ancho espacio
y um largo tiempo:
hombres de todo mar y toda tierra,
fértiles vientres de mujer, y cuerpos
y más cuerpos, fundiéndose incesantes
em outro cuerpo nuevo.
Solstícios y equinoccios alumbraron
com su cambiante luz, su vario cielo,
el viaje milenario de mi carne
trepando por los siglos y los huesos.
De su pasaje lento y doloroso
de su huida hasta el fin, sobreviviendo
naufrágios, aferrándose
al último suspiro de los muertos,
yo no soy más que el resultado, el fruto,
Lo que queda, podrido, entre los restos;
esto que veis aqui,
tan sólo esto:
um escombro tenaz, que se resiste
a su ruína, que lucha contra el viento,
que avanza por caminos que no llevan
a ningún sítio. El êxito
de todos los fracasos. La enloquecida
fuerza del desaliento ...

quem são os piratas?

Um pedaço de história contemporânea bem contada e com algum equilíbrio. Quem não entenda bem o espanhol pode recorrer às legendas em português. É um vídeo relativamente extenso, mas bem feito e apelativo. Aparentemente bem documentado, com fontes verificáveis.
Agarrado à vida como sou, são factos e momentos como este que me põem de mal com a vida e a acreditar cada vez menos na palavra esperança. Penso que vale a pena ver.

quarta-feira, setembro 14, 2011

beijo do sol

Pedro Osório é um nome incontornável da música portuguesa, a quem dedicou toda a sua vida, produzindo e assinando muitos dos maiores êxitos portugueses. Pois, apesar de toda essa grande e magnífica obra, havia uma experiência que nunca tinha feito - um vídeo clip. Ei-lo agora, finalmente. Baseado num canto tradicional do Quénia, escreveu e realizou Beijo do Sol, uma das músicas que constituem o seu novo álbum "Cantos da Babilónia".

sexta-feira, setembro 09, 2011

com gestos, espelho e arroz ...

Tive uma forte inclinação para considerar que o vídeo que aqui vos deixo não fosse isento e verdadeiro e pudesse ser uma montagem, uma aldrabice de marketing ou até uma mistificação semelhante à que recentemente passou numa cadeia televisiva em que figurantes pagos pela cadeia viveram supostamente em tribos isoladas e de acordo com as regras por eles ditadas, em que era bom de ver que tudo aquilo não passava de encenações e de dinheiro pagando uns e outros.
Mas, vendo e revendo este vídeo, tenho de me interrogar sobre o que pensei e admitir que pode ser verdade, já que seria necessário uma capacidade de representação e montagem que os índios não parecem ter. Há uma certa pureza nos gestos, nos olhares, nas hesitações, no conhever o desconhecido. Continuo sem saber da autenticidade e não encontrei informação que possa validar. Parece ter sido realizado em 1976, por J. P. Dutilleux, de nacionalidade belga e a tribo seria Poulambi da Papua, Nova Guiné.
Verdadeiro ou falso, justifica ser visionado e, após isso, cada um colocar as dúvidas que entender,


quinta-feira, setembro 08, 2011

o nosso triste fado

Só o fado consegue exprimir o ser português. Não só na toada, no arrasto, na melancolia, no sofrimento, como no vibrar interior. E também no improviso, na adaptação, no aproveitamento da mesma música para letras várias. Na condição social de quem o cantava, menos de quem o canta, nos recantos e locais soturnos onde se ouvia. Como quase tudo em nós é pouco esclarecido e ainda hoje continua a dúvida de quem o criou ou de onde ele veio ou de quem o influenciou. Até por isso só podia ser um cantar português. Mesmo quando é alegre ou procura sê-lo, mesmo quando é sarcástico e certeiro, é em nós que bate, é de nós que fala. Talvez por isso, penso que eu e alguns milhões de portugueses gostam de ouvir o fado com letra de Amália Rodrigues e imortalizado por Mariza, com música de Tiago Machado, com o sugestivo nome «ò gente da minha terra». Sempre que o ouço, vou acompanhando música, palavra e sentimento, cantando-o lá dentro de mim, por vezes ouvindo-me, sentindo fortemente toda a minha alma de português. Resolvi deixar-vos aqui esta magnífica interpretação de Mariza no concerto ao vivo, com orquestra, nos relvadps da Torre de Belém, em 2008. E escolhi esta versão, por ter sido nela que sucedeu o inesperado da súbita emoção de Mariza que lhe suspendeu momentaneamente o canto. É um momento para ouvir, ver e recordar.

quarta-feira, setembro 07, 2011

um nome a fixar

Desconhecia até hoje o cineasta de curtas metragens Mathieu Ratthe. Alguém me mandou um pequena «curta» intitulada Lovefield que me causou uma impressão magnífica, pelo olhar da câmara, o seu movimento, os tempos, o sugerido enganoso, a criação de suspense e a resolução final. Penso que no fim do seu visionamento não haverá nenhum cinéfilo que não pense em Alfred Hitchcock, figura ímpar do suspense e da forma de o mostrar. Ainda por cima, aquele corvo presente e dominante, também nos remete para ele.
Tive vontade de saber mais sobre o realizador, mas a pesquisa feita não resultou. Pude, contudo, visionar uma outra curta, intitulada Talismã, sob guião de Stephen King. Voltei a aplaudir a mestria do realizador e mais uma vez o corvo nos acompanho.
É um realizador a ter em conta e debaixo de olho.
Vejam o filme, concordem ou discordem, depois.


domingo, setembro 04, 2011

um artista completo

José Medeiros ou Zeca Medeiros, nascido em Vila Franca do Campo (Açores), em 9 de Dezembro de 1951, é um ser multifacetado com manifesta e reconhecida capacidade e mérito em todas elas. Iniciou a sua actividade na RTP durante longos anos, transferindo-se para os Açores quando a RTP ali criou delegação. Tem distribuído a sua genialidade pela música, composição, representação e, especialmente, pela realização onde assinou dos melhores trabalhos da televisão portuguesa e talvez internacional, como "Xailes Negros", "Mau Tempo no Canal", "O Barco e o Sonho" ou "Gente Feliz com Lágrimas", entre outros, tendo também composto a banda musical de alguns deles.
E foi a música a decidir-me deixar aqui esta pequena homenagem a um português especial, inovador, provocador quanto baste, alquimista da palavra e da voz, numa amálgama permanente das suas facetas criativas, fazendo com que o cantor esteja sempre acompanhado pelo actor e os dois pela inteligência que os anima.
"Prémio José Afonso em 2005" e Prémio Açores Música|Prémios Açores Música 2006, na categoria "Prémio Carreira - Prestígio".

reconhecendo uma pianista

Há talentos precoces que se adivinham esporádicos, sem futuro. Mas há outros que cremos manterem-se e virem a maravilhar por muitos anos uma legião sempre crescente de admiradores. Penso ser este o caso da talentosa Natasha Binder, uma jovem argentina de 10 anos de idade e que desde os seus 3 anos vem melhorando sempre as suas performances.
No vídeo que aqui vos deixo, de pouca qualidade e com os defeitos inerentes às notícias televisivas em que o apresentador despeja o seu recado sobre a música que devia dar a conhecer, podem mesmo assim, reconhecer a alta qualidade de Natasha Binder interpretando breves momentos do Concerto em lá menor de Grieg, para piano e orquestra, no Teatro Cólon em Buenos Aires.
Quem me dera poder ouvi-la daqui a alguns anos ...

sexta-feira, setembro 02, 2011

como se faz um homem


Sempre considerei Abrahan Lincoln uma das maiores figuras humanas e políticas de todos os tempos. Quando hoje reli a magnífica carta que em 1830 dirigiu ao futuro professor do seu filho, senti a necessidade e a obrigação de a reproduzir aqui, pela sua actualidade e qualidade e por constituir um breve, mas fundamental, tratado para a educação cívica e humana.
Merece a melhor atenção de todos e, especialmente, de pais, políticos e educadores.


CARTA DE ABRAHAN LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO:

"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

Abraham Lincoln, 1830