domingo, outubro 30, 2011

um olhar sobre os filhos


Todos os pais têm uma ideia bem definida sobre o que é ser pai e sobre o amor que têm aos seus filhos. parecerá pois que sobre isso tudo está dito e adquirido. Penso que é em casos como este que há sempre algo a dizer. Penso que todos gostarão de ler o que sobre isso escreveu José Saramago. Aqui fica.

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

sábado, outubro 29, 2011

um verdadeiro serviço público

Junto com o vídeo que vos deixo e para o qual aconselho a vossa melhor atenção, vinha também a informação que a seguir transcrevo - «Entre todos os agentes de trânsito do Espírito Santo, um servidor de Vila Velha está sendo destaque na Semana Nacional de Trânsito, comemorada de 19 a 23 de Setembro. Por indicação dos próprios condutores e pedestres pelo trabalho desenvolvido no município, o agente Jobson Meirelles, da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito, foi homenageado pelo Departamento Estadual de Trânsito com uma placa de honra ao mérito e um vídeo que mostra seu trabalho como guarda na Praia da Costa».
O polícia de trânsito Jobson Meirelles é um exemplo do que deve ser um agente de trânsito - cordial, pedagogo, eficaz, respeitador e respeitado. Não é um caçador de faltas nem de multas, mas um educador cívico. Merece os nossos parabéns ou como se diria no Brasil - merece que o parabenizemos.

quarta-feira, outubro 26, 2011

honrar a palavra

A palavra, enquanto valor e honra pessoal, perdeu todo o valor e toda a garantia de ser respeitada. Definitivamente. Mais numas classes que noutras, mais nalguns homens que noutros. Mas foi tão grande esta destruição de tão importante valor que, hoje, a palavra deixou de ter valor. Bons tempos aqueles em que se fechavam negócios com um aperto de mão e a palavra dada.

domingo, outubro 23, 2011

uma voz da geração do basta

Foi com agradável surpresa que ouvi com atenção as sensatas e certeiras palavras com que este representante da nova geração do basta, em jeito e ritmo de rap, nos abana e chama a atenção de forma pouco usual para a triste situação dos nossos dias. Escutem-no com a atenção que ele merece e bem mais do que muitos que falam ou arrotam do alto de tribunas onde não merecem estar. E perguntem com ele - onde estão os «descobridores da caravela»?

sábado, outubro 22, 2011

sem comentários



"Antigamente os cartazes nas ruas,
com rostos de criminosos,
ofereciam recompensas;
hoje em dia, pedem votos".

o sorriso das vaquinhas


No Jornal de Barcelos de 5 de Outubro passado, , Luís Manuel Cunha, seu habitual colaborador, publicou um artigo em que mais uma vez faz um triste retrato da classe política portuguesa. Neste caso, não tanto sobre a acção e o pensamento políticos, mas mais sobre a obscuridade da sua expressão verbal, a lembrar outros políticos e outros tempos. Porque atravessamos uma crise grave e tempos de depressão e tristeza que uma vez,, pelo menos, nos possamos rir com gosto ... ou chorar um pouco mais.

«Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas.

Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas.


Primavera e vacas.


De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca.


A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.


Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma.


E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:


“A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda.

A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um.


O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta.


Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. - Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças.


A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó.


A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar “pauzinho”, que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia.


Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho.


O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. - Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi.”


Foi assim.

Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. - Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.


Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria “gorda”, ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum:


“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!


Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu;


Este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos;


Este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele;


Este “cagarola” que foi humilhado por João Jardim e ficou calado;


Este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo “sorriso das vacas”, satisfeitíssi-mas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!


Satisfeitíssimas, as vacas?!


Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de “ir ao boi”, ao menos uma vez cada ano!


Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou “surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha”!

Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!

Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. - É possível.

Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de “vacas sagradas”, essas sim com direito a atendimento personalizado pelo “boi”, enquanto as outras são inexoravelmente “ordenhadas”! sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.


A este “Américo Tomás do século XXI” chamou um dia João Jardim, o “sr. Silva”.

Depreciativamente, conforme entendimento generalizado.


Creio que não.


Porque este homem deveria ser simplesmente “o Silva”.


O Silva das vacas. - Presidente da República de Portugal.


Desgraçadamente.»


quarta-feira, outubro 19, 2011

quando a raiva se faz sentir


Encontramos-nos, todos nós, numa situação limite, de esforço e tolerância. Não se estranhe pois que de vários lados, os mais improváveis, se comecem a ouvir vozes totalmente discordantes da política do governo. Não se estranhe igualmente que essas vozes e esses protestos nos remetam para outros tempos de contestação e protesto em que a canção era uma arma. Hoje mesmo, avoz improvável do presidente da República se fez ouvir em tons dissonantes doo seu habitual leit motiv. Noúltimo Expresso, o jornalista Nicolau Santos publicou um artigo que vos aconselho e merece leitura, razão porque aqui o transcrevo. Aconselho a sua leitura seguida da audição da cantiga de Sérgio Godinho

«Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes, como diria o Sérgio Godinho. V.Exa. dirá que está a fazer o que é preciso. Eu direi que V.Exa. faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. V.Exa. disse que era um disparate a ideia de cativar o subsídio de Natal. Quando o fez por metade disse que iria vigorar apenas em 2011. Agora cativa a 100% os subsídios de férias e de Natal, como o fará até 2013. Lançou o imposto de solidariedade. Nada disto está no acordo com a troika. A lista de malfeitorias contra os trabalhadores por conta de outrem é extensa, mas V.Exa. diz que as medidas são suas, mas o défice não. É verdade que o défice não é seu, embora já leve quatro meses de manifesta dificuldade em o controlar. Mas as medidas são suas e do seu ministro das Finanças, um holograma do sr. Otmar Issing, que o incita a lançar uma terrível punição sobre este povo ignaro e gastador, obrigando-o a sorver até à última gota a cicuta que o há de conduzir à redenção.

Não há alternativa? Há sempre alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse a lutar ferozmente nas instâncias internacionais para minimizar os sacrifícios que teremos inevitavelmente de suportar. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele explicasse aos Césares que no conforto dos seus gabinetes decretam o sacrifício de povos centenários que Portugal cumprirá integralmente os seus compromissos - mas que precisa de mais tempo, melhores condições e mais algum dinheiro.

Mas V.Exa. e o seu ministro das Finanças comportam-se como diligentes diretores-gerais da troika; não têm a menor noção de como estão a destruir a delicada teia de relações que sustenta a nossa coesão social; não se preocupam com a emigração de milhares de quadros e estudantes altamente qualificados; e acreditam cegamente que a receita que tão mal está a provar na Grécia terá excelentes resultados por aqui. Não terá. Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e dentro de dois anos dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra.

Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes.»

terça-feira, outubro 18, 2011

um novo mundo a vir

Eduardo Galeano é um jornalista e escritor nascido em Montevideu com extensa obra publicada em várias áreas do pensamento. Figura respeitada em todo o mundo foi entrevistado pela televisão espanhola, recentemente, durante as manifestações da Porta do Sol, em Madrid. As suas palavras são sábias e muito pensadas e vividas. Merecem ser escutadas, com posterior reflexão. Hoje, mais do que ontem.

terça-feira, outubro 11, 2011

mergulhar em bali

Para quem seja grande apreciador do mergulho e da fauna marítima, aconselho uma versão completa deste vídeo que poderá consultar no Youtube. Para aqueles que gostam mas consideram 51 minutos tempo a mais, consolem-se com esta versão mais pequena, mas de grande beleza.

segunda-feira, outubro 10, 2011

o medo

Penso que Mia Couto não necessita de qualquer apresentação, muito menos por quem não está devidamente credenciado para o fazer. Atrevo-me, contudo, a chamar-vos a atenção para a importância das palavras que proferiu nas Conferências do Estoril 2011. Necessita e merece atenção, especialmente hoje em que forças várias tentam de vários modos levar-nos ao medo e posterior subjugação.

sábado, outubro 08, 2011

um clarinete inesquecível

Não é dos instrumentos musicais que mais me agradem, nem o seu som se pode considerar uma maravilha. Contudo, nesta interpretação das Czardas de Monti, o coreano Han Kim transforma-o numa delícia para os ouvidos e para os sentidos. Ouçam-no neste concerto numa capela da catedral Myoungdong, acompanhado pela pianista Younsil Kim, em Maio de 2010.

sexta-feira, outubro 07, 2011

bonito e simples, mas será eficaz?

São de aplaudir as tentativas do Turismo de Portugal querer vender férias e quem sabe se investimentos, em Portugal. De vez em quando aparecem algumas acções que merecem aplauso pela qualidade. Este vídeo que hoje vos deixo merece os nossos parabéns pela beleza e simplicidade (aparente) de construção. Mas poderemos dizer o mesmo da eficácia esperada?