sexta-feira, junho 26, 2020

Para aqueles que ainda estão em quarentena

Com estes horríveis tempos que persistem em não nos largar e nos criam uma permanente inquietação, há que tudo fazer para sobrevivermos, sem medos e sem depressão. Tudo que nos chame a atenção, nos alegre ou distraia ou nos ponha a pensar, será bem-vindo. Por isso estes vídeos que vou colocando.


quarta-feira, junho 24, 2020

Este dia virá

Não será ainda hoje, nem amanhã. Mas este dia virá, demore ainda o tempo que demorar. Mas nós retomaremos a vida que era a nossa e a pandemia nos roubou, mas que não será para sempre. A covid não ganhará.

sexta-feira, junho 05, 2020

E este também vale a pena

Um Charlot que poucos terão visto e se o viram, irão gostar de o rever.

quarta-feira, junho 03, 2020

Duas surpresas que me salvaram o dia

 O meu dia começou muito mal, pouco depois de partir que nem um tiro para junto do computador, para enviar um ficheiro a um amigo meu e que interessava aos dois. Abri o mail, coloqueio destinatário, escrevi o que tinha a escrever e finalmente anexei o ficheiro em causa. Cliquei e aí foi ele. Acabara de começar bem o dia e levantei-me num estiacar de alongamentos felizes, direito à Nespresso para tirar a bica merecida e complementar daquele bom início de dia. O café soube-me bem e especialmente na varanda, com um ar ainda matinal e fresco e reconfortante. Regressado à secretária para ver o correio, aconteceu o primeiro contratempo, que naturalmente eu poderia resolver. Mas não. A partir do primeiro, os contratempos foram somando-se numa escalada de tensão e desânimo que me deixou em raiva, como se o mundo se tivesse revoltado contra mim, sem eu perceber porquê. O que se estava a passar em vários episódios, era uma sequência de falhanços no envio do anexo inicial, supostamente enviado, mas realmente rejeitado.Inicialmente pensei que o ficheiro estava pesado e então resolvi enviá-lo pelo We Transfer. Mas nada. Várias tentativas e sempre dava ERRO. Ai é? Eu já te digo, pensei. Queres festa? Vamos a isso. E logo avancei para outra solução. Zipei o ficheiro, enter e aí foi ele. Foi. Pensei eu, mas logo chegou novamente o erro. Mais uma ou duas tentativas e desisti. Mandei um mail ao meu amigo, explicando o que se passava e que ia ligar para um informático. Mas nem para isso tive disposição. O dia estava perdido e o mundo contra mim.
E chegada quase depois, a hora de almoçar, resolvi comer algo que não comia havia já bastante tempo. Pois bem, o mundo estava mesmo contra mim. Acabei por deitar fora a comida, sossegar o vazio gástrico com duas ou três porcarias e esquecer que fingi que comi, pois mais me parecia que tinha pastado. Já horas passadas, em que nada me apetecia, voltei a ir ver o correio. E foi a primeira surpresa salvadora. Entre o vário correio ou lixo abusador, estava um mail do meu amigo, dizendo-me que afinal tinha recebido o anexo desejado. Fantástico. A descarga foi automática e eu retomei o meu natural bem-estar. E logo me passou a apetecer tudo. Mas não sabia ainda que ia ter uma nova surpresa que me ia aumentar a confiança na vida e vivê-la com gosto, como sempre gostei. De repente, aparece-me a notícia da retoma de concertos de música de câmara, por instrumentistas da Gulbenkian, no Grande Auditório. Cliquei imediatamente no primeiro que se oferecia e ele logo abriu e, com surpresa leio que se tratava do Octeto para cordas de Feliz Mendelssohn e numa janela dizia - a começar dentro de seis minitos e com um contador a marcar o tempo. Foi de mais a surpresa. Descobrir o concerto por acaso e perceber que seis minutos passados, Mendelssohn oferecia-se. E não só a sua música, mas a natureza que se oferecia também na visão daquele magnífico jardim ali à mão daquele magnífico palco. Uma maravilha que me salvou ainda mais o dia. Foi um bom concerto, mas melhor teria sido para mim, se tivesse sido o concerto para violino que eu adoro e ouço com frequência e me restaura. Definitivamente sou um tipo mal agradecido e a merecer o castigo. Tive a sorte de ouvir um concerto de câmara magnífico e ainda tenho a lata de ainda querermais. Não mereci o que me deram. Sou um mal agradecido.
Aqui ficam os nomes dos concertistas e um pequeno apontamento sobre este Octeto. Com os violinistas Francisco Lima Santos, Anna Paliwoda, Alexandra Mendes e Cecília Branco, os violas Lu Sheng e Leonor Fleming e os violoncelistas Marco Pereira e Martin Henneken. O
Octeto para Cordas, em Mi bemol maior, op. 20, em três andamentos - Allegro, Andante e Scherzo, de Mendelssohn, foi escrito em 1825, mas estreado em Leipzig, apenas em Janeiro de 1836.

terça-feira, junho 02, 2020

A parte boa da pandemia

Esta pandemia é sem dúvida nenhuma uma verdadeira calamidade global, sem saída à vista e com eminência provável de nos continuar a visitar. Por mais avançada que a ciência esteja e está, como é uma realidade à vista de todos, nada há ainda que nos descanse e nos permita libertar do peso imenso do receio ou mesmo do medo. Sem o esperar e sem o poder evitar, todos ficamos nas mãos daqueles miseráveis e ridículos vírus que sem disso nos apercebermos nos entra pela parede das células e inicia o processo de nos destruir e matar. Podendo apanhar todos, mas sobretudo os mais fracos e desprotegidos e os mais velhos que tudo parece mostrar serem os alvos preferidos. Pensar-se como antigamente, que era o equivalente a não se pensar e apenas aceitar o destino, tudo pareceria tratar-se de um ajuste de contas com os idosos que, atrevidamente e com o apoio da ciência, se têm vindo a dar ao luxo de viverem mais tempo e melhor. E se assim fosse, seria um castigo dos deuses ou a justiça dos mesmos, limpando os excedentes inesperados que desequilibram o mundo e o colocam em risco de lhe dar fim. E assim se voltaria ao justo equilíbrio e à paz no mundo. Mas hoje não pensamos assim e temos ainda muito que pensar e que outros mais habilitados o façam por nós, para podermos saber o que, de facto, se está a passar. Mas no meio desta ainda ignorância e deste medo que traiçoeiramente nos envolve, aparecem tipos como eu que, de forma desajustada, vêm falar na parte boa da pandemia. Parte boa? Qual parte boa? Aquela que a mim me permitiu durante a quarentena, trabalhar continuadamente no finalizar uns livros que se arrastavam nas minhas mãos e para os quais ainda não encontrara o modo de os terminar. Pois foi a quarentena que me permitiu, num trabalho continuado, em que nunca me senti confinado mas em que  frequentemente, me esquecia das horas e das refeições ou do cansaço. Um dos livros está definitivamente pronto e a caminho da impressão. Os outros dois estão em estadio e em quarentena, para calmamente, se a pandemia o permitir, avaliar os efeitos que o vírus produziu no acabamento tão rápido e inesperado. Receio muito que o Corona se tenha colado na parede de cada célula escrita e o resultado possa ser desastroso. Tenhamos fé. Logo se verá.