sábado, março 31, 2012
fechar março com sibelius
Depois de um longo período afastado deste blog, por avaria técnica, retomo com gosto o ritmo arrítmico com que aqui tenho deixado alguns posts, hoje com um pequeno excerto ( o 3.º andamento) do belíssimo concerto para violino em D menor, opus 47, do filandês Jean Sibelius, escrito em 1903 quando tinha 38 anos. Esta gravação magistral conta com a qualidade do violinista Cho-Liang Lin, que bem conhece e domina a dificuldade técnica deste Alegro ma non tanto, uma das pérolas escritas para violino, em todos os tempos.
sábado, março 10, 2012
eu sei que tinha prometido
Eu sei que tinha prometido não voltar a falar de ou sobre o Senhor Prof. Cavaco Silva, doutorado por York. E sei também que não gosto de não cumprir as promessas que faço. Mas em tudo há exceções, sobretudo quando estas se justificam. É o caso. Algum tempo e alguns factos passados após a minha promessa, justificam que volte a deixar aqui à vossa consideração algumas coisas acontecidas recentemente . Porque são do conhecimento de todos, dispenso-me de as referir em pormenor e apenas enunciá-las, por economia de tempo e por ser sempre desagradável falar-se do que não nos é agradável. Refiro-me aos acontecimentos da António Arroio, ao envio para o TC das medidas sobre enriquecimento ilícito e das queixas de falta de lealdade institucional do ex-primeiro-ministro. Meditem sobre eles.
Como complemento deixo-vos com o texto de Baptista Bastos escrito há já algum tempo e que podem não ter lido.
Como complemento deixo-vos com o texto de Baptista Bastos escrito há já algum tempo e que podem não ter lido.
«A pátria, estarrecida, assistiu, nos últimos dias, à declaração de pobreza do dr. Cavaco, e aos ecos dessa amarga e pungente confissão. O gáudio e o apoucamento, a crítica e a repulsa foram as tónicas dominantes das emoções.
Os blogues, aos milhares, encheram-se de inauditos gozos, e a Imprensa, grave e incomodada, não deixou de zurzir no pobre homem. Programas de entretenimento matinal, nas têvês, transformaram o coitado num lázaro irremissível. Até houve um peditório, para atenuar as suas preocupações de subsistência, com donativos entregues no Palácio de Belém.
Porém, se nos detivermos, por pouco que seja, no dr. Cavaco e na sua circunstância notaremos que ele sempre assim foi: um portuguesinho no Portugalinho.
Lembremo-nos desse cartaz hilariante, aposto em tudo o que era muro ou parede, e no qual ele aparecia, junto de um grupo de enérgicos colaboradores, sob o extraordinário estribilho: "Deixem-nos trabalhar!" Cavaco governava pela primeira vez e os publicitários colocaram-no e aos outros em mangas de camisa arregaçadas. Os humoristas de serviço rilharam os dentes, de gozo, mas a época não era propícia à ironia.
O País tornou-se numa espécie de imagem devolvida do primeiro-ministro: hirto, um espeque rígido, liso, um carreirinho de gente cabisbaixa. O respeitinho é muito lindo: essa marca d'água do salazarismo regressava para um país que perdera a noção do riso, se é que alguma vez o tivera.
Cavaco resulta desse anacronismo que fede a mofo e a servidão. É um sujeito de meia-tijela, inculto, ignorante das coisas mais rudimentares, iletrado e, como todos os iletrados, arrojado nas afirmações momentâneas. As suas "gaffes" fazem história no anedotário nacional. É um Américo Tomás tão despropositado, mas tão perigoso como o original.
Manhoso, soube aproveitar o momento vazio, no rescaldo de uma revolução que também acabou no vazio. Os rios de dinheiro provindos de Bruxelas, e perdulariamente gastos, durante
os infaustos anos dos seus mandatos, garantiram-lhe um lugar de aplauso nas consciências desprotegidas dos portugueses. Este apagamento da verdade está inscrito, infelizmente, numa Imprensa servida por estipendiados, cuja virtude era terem o cartão do partido. Ainda hoje essa endemia não foi extirpada. Repare-se que, fora alguns escassos casos isolados, ainda não foi feita a crítica aos anos de Cavaco e das suas trágicas consequências políticas, ideológicas, morais e sociais.
Há uma falta de coragem quase generalizada, creio que explicada pela teia reticular de cumplicidades, envolvendo poderes claros e ocultos. A mediocridade da personagem é cada vez mais evidente. E se, no desempenho das funções de primeiro-ministro, foi sustentado pela falsa aparência de el dourado, devido aos dinheiros da Europa, generosamente distribuídos por amigos e prosélitos, como Presidente da República é uma calamidade afrontosa.
Tornou o lugar desacreditante e desacreditado. Logo no primeiro dia da sua entrada no palácio de Belém, o ridículo até teve música. Um país espavorido assistiu, pelas televisões, sempre zelosas e apressuradas, àquela cena do dr. Cavaco, mãos dadas com toda a família, a subir a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, e ao interior do edifício.
Um palácio que não merecia recolher tal inquilino.
Mas ele é mesmo assim: um portuguesinho no Portugalinho, um inesperadamente afortunado algarvio, sem história nem grandeza, impelido para o seu peculiar paraíso. A imagem da subida da ladeira possui algo de ascensão ao Olimpo, com aquelas figuras muito felizes, impantes, formais, intermináveis. Mas há nisto um panteísmo marcadamente ingénuo e tolo, muito colado a certa maneira de ser portuguesinho e pobrezinho: tudo em inho, pequenininho, redondinho.
Cavaco nunca deixou de ser o que era. Até no sotaque que não perdeu e o leva a falar num idioma desajeitado; no inábil que é; no piroso corte de cabelo à Cary Grant; no embaraço que sente quando colocado junto de multidões ou de pessoas que ele entende serem-lhe "superiores."
Repito: ele não dispõe de um estofo de estadista, e muito menos da condição exigida a um Presidente da República. O discurso da sua pobreza resulta de todas essas anomalias de espírito.
Ele tem sido um malefício para o País. É ressentido, rancoroso, vingativo, possidónio e brunido de mente. Mas não posso deixar de sentir, por este pobre homem, uma profunda compaixão e uma excruciante piedade».
Os blogues, aos milhares, encheram-se de inauditos gozos, e a Imprensa, grave e incomodada, não deixou de zurzir no pobre homem. Programas de entretenimento matinal, nas têvês, transformaram o coitado num lázaro irremissível. Até houve um peditório, para atenuar as suas preocupações de subsistência, com donativos entregues no Palácio de Belém.
Porém, se nos detivermos, por pouco que seja, no dr. Cavaco e na sua circunstância notaremos que ele sempre assim foi: um portuguesinho no Portugalinho.
Lembremo-nos desse cartaz hilariante, aposto em tudo o que era muro ou parede, e no qual ele aparecia, junto de um grupo de enérgicos colaboradores, sob o extraordinário estribilho: "Deixem-nos trabalhar!" Cavaco governava pela primeira vez e os publicitários colocaram-no e aos outros em mangas de camisa arregaçadas. Os humoristas de serviço rilharam os dentes, de gozo, mas a época não era propícia à ironia.
O País tornou-se numa espécie de imagem devolvida do primeiro-ministro: hirto, um espeque rígido, liso, um carreirinho de gente cabisbaixa. O respeitinho é muito lindo: essa marca d'água do salazarismo regressava para um país que perdera a noção do riso, se é que alguma vez o tivera.
Cavaco resulta desse anacronismo que fede a mofo e a servidão. É um sujeito de meia-tijela, inculto, ignorante das coisas mais rudimentares, iletrado e, como todos os iletrados, arrojado nas afirmações momentâneas. As suas "gaffes" fazem história no anedotário nacional. É um Américo Tomás tão despropositado, mas tão perigoso como o original.
Manhoso, soube aproveitar o momento vazio, no rescaldo de uma revolução que também acabou no vazio. Os rios de dinheiro provindos de Bruxelas, e perdulariamente gastos, durante
os infaustos anos dos seus mandatos, garantiram-lhe um lugar de aplauso nas consciências desprotegidas dos portugueses. Este apagamento da verdade está inscrito, infelizmente, numa Imprensa servida por estipendiados, cuja virtude era terem o cartão do partido. Ainda hoje essa endemia não foi extirpada. Repare-se que, fora alguns escassos casos isolados, ainda não foi feita a crítica aos anos de Cavaco e das suas trágicas consequências políticas, ideológicas, morais e sociais.
Há uma falta de coragem quase generalizada, creio que explicada pela teia reticular de cumplicidades, envolvendo poderes claros e ocultos. A mediocridade da personagem é cada vez mais evidente. E se, no desempenho das funções de primeiro-ministro, foi sustentado pela falsa aparência de el dourado, devido aos dinheiros da Europa, generosamente distribuídos por amigos e prosélitos, como Presidente da República é uma calamidade afrontosa.
Tornou o lugar desacreditante e desacreditado. Logo no primeiro dia da sua entrada no palácio de Belém, o ridículo até teve música. Um país espavorido assistiu, pelas televisões, sempre zelosas e apressuradas, àquela cena do dr. Cavaco, mãos dadas com toda a família, a subir a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, e ao interior do edifício.
Um palácio que não merecia recolher tal inquilino.
Mas ele é mesmo assim: um portuguesinho no Portugalinho, um inesperadamente afortunado algarvio, sem história nem grandeza, impelido para o seu peculiar paraíso. A imagem da subida da ladeira possui algo de ascensão ao Olimpo, com aquelas figuras muito felizes, impantes, formais, intermináveis. Mas há nisto um panteísmo marcadamente ingénuo e tolo, muito colado a certa maneira de ser portuguesinho e pobrezinho: tudo em inho, pequenininho, redondinho.
Cavaco nunca deixou de ser o que era. Até no sotaque que não perdeu e o leva a falar num idioma desajeitado; no inábil que é; no piroso corte de cabelo à Cary Grant; no embaraço que sente quando colocado junto de multidões ou de pessoas que ele entende serem-lhe "superiores."
Repito: ele não dispõe de um estofo de estadista, e muito menos da condição exigida a um Presidente da República. O discurso da sua pobreza resulta de todas essas anomalias de espírito.
Ele tem sido um malefício para o País. É ressentido, rancoroso, vingativo, possidónio e brunido de mente. Mas não posso deixar de sentir, por este pobre homem, uma profunda compaixão e uma excruciante piedade».
quinta-feira, março 08, 2012
parabéns, mulheres
Nem sempre tenho prestado homenagem às mulheres no seu dia comemorativo, não porque não concorde com o justo merecimento mas porque nem sempre se tem proporcionado a ocasião de aqui deixar o meu registo. Mas, sempre que pude aqui deixei a minha homenagem.
Hoje volto a fazê-lo e escolhi duas imagens da mulher - a lutadora e a feminina, sendo que não são inconciliáveis e cada vez mais incorporam a mulher comum. A todas, os meus parabéns e o meu obrigado por existirem.
sexta-feira, março 02, 2012
o louco do mergulho
Chegou hoje às minhas mãos um documento histórico filmado em 1951, com pouca qualidade técnica (a possível naquela época, a anos luz da actual), mas que mesmo sendo pior justificaria sempre que aqui o deixasse para vosso prazer e alegria, dada a qualidade do artista. Trata-se de uma representação de Larry Griswold de quem Charlie Chaplin dizia ser um grande artista e melhor do que ele. O filme foi registado num "Frank Sinatra Show", em Novembro de 1951. Laurens V. Griswold era conhecido pelo «louco do mergulho», fingindo estar alcoolizado e sem coordenação e executar alta e perfeita acrobacia. Vale a pena ver e rever. |
Subscrever:
Mensagens (Atom)