terça-feira, dezembro 01, 2020

Eduardo Lourenço com "O Labirinto da Saudade".

Portugal ficou hoje mais pobre. Morreu Eduardo Lourenço o maior pensador português e que melhor nos soube pensar e descrever. Não são precisas mais palavras. Fica a dor. Espero que fique nos Jerónimos, bem ao lado de Pessoa.

sábado, novembro 28, 2020

Sorrir da Covid

Recebido por mail, mas desconheço autor 25 Anedotas desta época virulenta 1. Hoje de manhã, no café, quando tomava a bica, entraram duas pessoas com máscaras e foi o pânico geral. Só quando eles disseram que era um assalto é que a malta sossegou. 2. Amor, estou no supermercado, queres alguma coisa? – Levaste a máscara? – Sim. – Traz a caixa registadora. 3. Amiga, acabo de ver o teu marido aqui, no Lidl, com uma gorda. Vou segui-los. Já te conto. – Cabra de merda. Sou eu. 4. Só me fazem disto. Disseram que para ir às compras bastava levar luvas e máscara. Mentirosos! Os outros iam todos vestidos. 5. Mamã, porque é que o pai é tão feio? – Foi assim, filha. Conhecemo-nos numa fila do supermercado, tínhamos uma máscara e estávamos a dois metros de distância. As coisas, na altura, eram muito complicadas para os míopes. 6. De repente, já cumprimos mais prisão domiciliária do que o Ricardo Salgado. 7. Sabe aquela parte da Cinderela em que entram os passarinhos e ajudam a arrumar a casa? Então, alguém tem o contacto dos passarinhos? 8. Quem ainda não tem o Covid-19, já não vale a pena [ter]. Em Dezembro já vai sair o Covid-20, com muito mais funcionalidades. 9. Provérbios adaptados: ‘Março, marçagão, de manhã pijama, à tarde roupão’ ; "Em Abril, Covids mil". 10. Nem nos meus sonhos mais loucos imaginei entrar num banco com máscara para levantar dinheiro. 11. Quando isto tudo terminar vou tirar uns dias de descanso. 12. Aviso: Quando isto acabar vou fazer uma quarentena ao contrário – 14 dias sem ir a casa. 13. Sabem-me dizer quando podemos receber novamente pessoas em casa? A minha mulher está há dois dias a bater à porta. 14. Esse vírus só pode ter sido criado por uma mulher. Conseguiu cancelar o futebol, fechar os bares e manter os maridos em casa. 15. Fiquem tranquilos. Com 15 dias de escolas fechadas, as mães vão desenvolver a vacina. 16. Hoje vou deixar uma garrafa em cada divisão da casa. Assim, logo à noite, vou dar uma volta pelos bares. 17. Nunca vi uma merda ‘Made in China’ durar tanto!!! 18. Se este é o vírus chinês imaginem o original. 19. Esta é a primeira vez na História que o original vem da China e a cópia de Milão. 20. Falaram-me de uma série de abdominais, mas não a encontro na Netflix. 21. Última hora: as estatísticas de infidelidade baixaram 80%. Um êxito. 22. Não se pode tocar, beijar e tem de se manter distância… Porra! Isto não é um vírus; é uma casa de strip. 23. Uma conclusão é certa: ter coronavírus é igual a ter um par de cornos. Uns já têm; outros vão ter; e muitos nunca vão saber que tiveram. 24. Desconfio que as abreviaturas a.C. e d.C. vão assumir um novo significado. 25. Bem-aventurados os que andam passeando à toa na rua, em breve eles verão o Senhor. Teimosos 1.1.

Um verdadeiro fenómeno

Mais do que um fenómeno é um verdadeiro stdy case. Talvez Damásio o possa esclarecer. como é poss ivel enviar aquelas mensagens ao cérebro, naquela velocidade, naqueles registos, naquelass súbitas mudanças?

quarta-feira, novembro 25, 2020

FNAC Session | Manuel João Vieira

Já não era sem tempo que Manuel João Vieira regressa às lides. Dum habitual candidato à Presidência da República, com promessas que satisfaziam o País inteiro, alcatifando-o todo tudo se espera sempre. Pois eis que em plena pandemia ele avança sempre na crista da onda. Anatomia do Fado é um bom sinal de regresso. Que se ponham atentos os próximos candidatos a PR....

quarta-feira, novembro 11, 2020

segunda-feira, novembro 02, 2020

quinta-feira, setembro 24, 2020

Juliette Gréco - Coin de rue

Morreu Juliette Gréco

Morreu a dama que vestida sempre de negro, mas que festejava a vida e nos manteve felizes décadas e décadas, mesmo cantando canções que outros também cantavam igualmente bem, mas sempre sem a sua marca, que lhe vinha da forma inesquecível como cantava e a ícone do existencialismo,   então também, na berra. Morreu ontem com 93 anos de idade, em Ramatuelle onde vivia,  muito perto de Saint-Tropez, ícone também desse tempo. Nunca a esqueceremos.

sexta-feira, agosto 07, 2020

Experiência e resultados

À hora combinada entrei no Holmes Place. Sob o ponto de vista de parque privado de estacionamento, das instalações, atendimento, bom gosto, regras Covid, piscina, máquinas, aulas, personal trainers, bar, vista de mar, tudo bem ou melhor do que bem. 

Em relação aos preços e regras comerciais estabelecidas, dentro de valores aceitáveis, mas com algum encosto à parede em caso de desistência e preço manifestamente exagerado na mensalidade dos PTs, sobretudo tendo em conta aquilo que eles acabam por receber e o que a empresa recebe. Um certo cheiro a exploração.

Mas falando de cheiros, tudo bem, agradável, limpo, cuidado.

Se tudo ou quase tudo foi positivo, o que desagradou ou levantou problemas e interrogações, à minha imediata inscrição?

A inadaptação às máquinas. 

Andar no tapete rolante com um enorme cockpit, um painel de instrumentos de botões e joystick e imagens várias que, por certo, são tidas como divertimento ou descontração, parece-me certo e desafiante para quem é novo, não tem vertigens e precisa de ocupar o tempo e modelar o físico para a concorrência.

A máquina de remar é eficaz para os fins pretendidos, desenvolver a musculatura da região pretendida. Mas não é remar. O movimento não rema, apenas leva os elásticos até si. Não duvido da sua eficácia, mas para mim não é remar. Costas sempre na vertical, sem inclinação?

Já antigamente tive sensação semelhante quando em dias de chuva trocava a bicicleta por uma suposta bike estática. Eu pedalava e regulava o esforço que pretendia. Isso era verdade e os movimentos eram os devidos. Mas, na verdade, aonde o prazer de pedalar realmente ao ar livre? Mesmo estando a pedalar sempre no mesmo sítio e ouvindo a música que escolhia no meu MP4, passado muito pouco tempo eu interrompia e terminava a sessão, porque me sentia enjoado, nauseado. De forma pouco científica, atribuía essa sensação a um certo magnetismo que o rodar dos imanes provocaria.

Mas nada disso se poderia justificar assim. O problema estava apenas no natural e no fictício. No real e no faz de conta.

Claro que há vantagens no faz de conta. Mas eu dou-me mal com o fingimento. Prefiro andar sozinho a passear no paredão, parar quando e onde me apetecer, ficar a olhar o mar o tempo que quiser e a ouvir o seu estrondo ou doçura mansa.

Posto isto, pese embora ter gostado muito do Holmes, vou continuar antiquado. Talvez me venha a arrepender.

Logo se verá. 

quarta-feira, agosto 05, 2020

Só agora estou a sentir ligeiramente a pandemia. E estou a senti-la exactamente quando passei uma quarentena deliciosa e altamente produtiva. Mas agora, restando-me quase só o blog, estou em estado de negação, parecendo que ele nada me diz e eu nada tenho para escrever. Talvez esteja a precisar de férias e de percorrer Portugal de baixo para cima. Mas pensar nisso, mais me agrava a situação, pois logo surge o meu grave handicap de não poder conduzir o meu automóvel, por cautela e receio. Digamos que a minha pandemia é visual e uma acuidade de trinta por cento, embora me permita ver tudo, o que vejo não é tudo. Nada tem a ver com o que via.

Por outro lado não gosto de andar com muito calor e, por isso, saio menos de casa e a outras horas. E em casa pouco me apetece fazer ginástica ou qualquer exercício físico. Por isso, resolvi ir amanhã ao Holmes Place testar, apenas testar a minha capacidade de adaptação a ambientes fechados e exibicionismos fatelas.

Veremos como vou reagir. Como costumo dizer, logo se verá...

terça-feira, agosto 04, 2020

Experiência

Ainda não percebi o que é mudar de interface. Reverter para a antiga, avisam que se mantém até 20 e tal de Agosto.
E se ficar na nova, manterei todo o blog antigo?
Experimentemos. Publique-se.

sexta-feira, junho 26, 2020

Para aqueles que ainda estão em quarentena

Com estes horríveis tempos que persistem em não nos largar e nos criam uma permanente inquietação, há que tudo fazer para sobrevivermos, sem medos e sem depressão. Tudo que nos chame a atenção, nos alegre ou distraia ou nos ponha a pensar, será bem-vindo. Por isso estes vídeos que vou colocando.


quarta-feira, junho 24, 2020

Este dia virá

Não será ainda hoje, nem amanhã. Mas este dia virá, demore ainda o tempo que demorar. Mas nós retomaremos a vida que era a nossa e a pandemia nos roubou, mas que não será para sempre. A covid não ganhará.

sexta-feira, junho 05, 2020

E este também vale a pena

Um Charlot que poucos terão visto e se o viram, irão gostar de o rever.

quarta-feira, junho 03, 2020

Duas surpresas que me salvaram o dia

 O meu dia começou muito mal, pouco depois de partir que nem um tiro para junto do computador, para enviar um ficheiro a um amigo meu e que interessava aos dois. Abri o mail, coloqueio destinatário, escrevi o que tinha a escrever e finalmente anexei o ficheiro em causa. Cliquei e aí foi ele. Acabara de começar bem o dia e levantei-me num estiacar de alongamentos felizes, direito à Nespresso para tirar a bica merecida e complementar daquele bom início de dia. O café soube-me bem e especialmente na varanda, com um ar ainda matinal e fresco e reconfortante. Regressado à secretária para ver o correio, aconteceu o primeiro contratempo, que naturalmente eu poderia resolver. Mas não. A partir do primeiro, os contratempos foram somando-se numa escalada de tensão e desânimo que me deixou em raiva, como se o mundo se tivesse revoltado contra mim, sem eu perceber porquê. O que se estava a passar em vários episódios, era uma sequência de falhanços no envio do anexo inicial, supostamente enviado, mas realmente rejeitado.Inicialmente pensei que o ficheiro estava pesado e então resolvi enviá-lo pelo We Transfer. Mas nada. Várias tentativas e sempre dava ERRO. Ai é? Eu já te digo, pensei. Queres festa? Vamos a isso. E logo avancei para outra solução. Zipei o ficheiro, enter e aí foi ele. Foi. Pensei eu, mas logo chegou novamente o erro. Mais uma ou duas tentativas e desisti. Mandei um mail ao meu amigo, explicando o que se passava e que ia ligar para um informático. Mas nem para isso tive disposição. O dia estava perdido e o mundo contra mim.
E chegada quase depois, a hora de almoçar, resolvi comer algo que não comia havia já bastante tempo. Pois bem, o mundo estava mesmo contra mim. Acabei por deitar fora a comida, sossegar o vazio gástrico com duas ou três porcarias e esquecer que fingi que comi, pois mais me parecia que tinha pastado. Já horas passadas, em que nada me apetecia, voltei a ir ver o correio. E foi a primeira surpresa salvadora. Entre o vário correio ou lixo abusador, estava um mail do meu amigo, dizendo-me que afinal tinha recebido o anexo desejado. Fantástico. A descarga foi automática e eu retomei o meu natural bem-estar. E logo me passou a apetecer tudo. Mas não sabia ainda que ia ter uma nova surpresa que me ia aumentar a confiança na vida e vivê-la com gosto, como sempre gostei. De repente, aparece-me a notícia da retoma de concertos de música de câmara, por instrumentistas da Gulbenkian, no Grande Auditório. Cliquei imediatamente no primeiro que se oferecia e ele logo abriu e, com surpresa leio que se tratava do Octeto para cordas de Feliz Mendelssohn e numa janela dizia - a começar dentro de seis minitos e com um contador a marcar o tempo. Foi de mais a surpresa. Descobrir o concerto por acaso e perceber que seis minutos passados, Mendelssohn oferecia-se. E não só a sua música, mas a natureza que se oferecia também na visão daquele magnífico jardim ali à mão daquele magnífico palco. Uma maravilha que me salvou ainda mais o dia. Foi um bom concerto, mas melhor teria sido para mim, se tivesse sido o concerto para violino que eu adoro e ouço com frequência e me restaura. Definitivamente sou um tipo mal agradecido e a merecer o castigo. Tive a sorte de ouvir um concerto de câmara magnífico e ainda tenho a lata de ainda querermais. Não mereci o que me deram. Sou um mal agradecido.
Aqui ficam os nomes dos concertistas e um pequeno apontamento sobre este Octeto. Com os violinistas Francisco Lima Santos, Anna Paliwoda, Alexandra Mendes e Cecília Branco, os violas Lu Sheng e Leonor Fleming e os violoncelistas Marco Pereira e Martin Henneken. O
Octeto para Cordas, em Mi bemol maior, op. 20, em três andamentos - Allegro, Andante e Scherzo, de Mendelssohn, foi escrito em 1825, mas estreado em Leipzig, apenas em Janeiro de 1836.

terça-feira, junho 02, 2020

A parte boa da pandemia

Esta pandemia é sem dúvida nenhuma uma verdadeira calamidade global, sem saída à vista e com eminência provável de nos continuar a visitar. Por mais avançada que a ciência esteja e está, como é uma realidade à vista de todos, nada há ainda que nos descanse e nos permita libertar do peso imenso do receio ou mesmo do medo. Sem o esperar e sem o poder evitar, todos ficamos nas mãos daqueles miseráveis e ridículos vírus que sem disso nos apercebermos nos entra pela parede das células e inicia o processo de nos destruir e matar. Podendo apanhar todos, mas sobretudo os mais fracos e desprotegidos e os mais velhos que tudo parece mostrar serem os alvos preferidos. Pensar-se como antigamente, que era o equivalente a não se pensar e apenas aceitar o destino, tudo pareceria tratar-se de um ajuste de contas com os idosos que, atrevidamente e com o apoio da ciência, se têm vindo a dar ao luxo de viverem mais tempo e melhor. E se assim fosse, seria um castigo dos deuses ou a justiça dos mesmos, limpando os excedentes inesperados que desequilibram o mundo e o colocam em risco de lhe dar fim. E assim se voltaria ao justo equilíbrio e à paz no mundo. Mas hoje não pensamos assim e temos ainda muito que pensar e que outros mais habilitados o façam por nós, para podermos saber o que, de facto, se está a passar. Mas no meio desta ainda ignorância e deste medo que traiçoeiramente nos envolve, aparecem tipos como eu que, de forma desajustada, vêm falar na parte boa da pandemia. Parte boa? Qual parte boa? Aquela que a mim me permitiu durante a quarentena, trabalhar continuadamente no finalizar uns livros que se arrastavam nas minhas mãos e para os quais ainda não encontrara o modo de os terminar. Pois foi a quarentena que me permitiu, num trabalho continuado, em que nunca me senti confinado mas em que  frequentemente, me esquecia das horas e das refeições ou do cansaço. Um dos livros está definitivamente pronto e a caminho da impressão. Os outros dois estão em estadio e em quarentena, para calmamente, se a pandemia o permitir, avaliar os efeitos que o vírus produziu no acabamento tão rápido e inesperado. Receio muito que o Corona se tenha colado na parede de cada célula escrita e o resultado possa ser desastroso. Tenhamos fé. Logo se verá.

segunda-feira, maio 25, 2020

Dar corda ao neurónio

Acabo de enviar todas as pequenas correcções aos mais de cem textos, os mais variados, que completam este volumoso livro que vai seguir para a impressão. Isto é, se um revisor mais atento que eu ou com melhor visão, se aperceba ou encontre ainda, alguns erros, sejam vírgulas, pontos, falta de uma letra ou letra errada. Por mim, não lhe voltarei a pegar, não porque não gostei do que li, muito pelo contrário, mas por que me obriga a um esforço de visão que não devo exagerar. Sinto-me liberto e feliz, porque posso seguir por outros caminhos diferentes daqueles que recentemente me tinham capturado. É bom acabar um livro, mas ainda é melhor escrevê-lo, sentir o seu desafio e passar a ideia a texto. Mas penso que, ao contrário de todos aqueles que escrevem livros e eu imagino que gostam de os apresentar e lançar às feras ou às palmas, eu fujo dessas cenas obrigatórias, mas não desejadas por mim. Será por que receio a crítica ou os elogios, já que nem uns nem outros me fazem feliz. Nessas apresentações ou lançamentos ou sessão de autógrafos, de uma só coisa eu gosto. Do fim da sessão e da minha saída rápida dos holofotes. Se não tivesse sido sempre assim, começaria a pensar que tinha de me pôr a pau com o meu colega alemão, que todos receiam. Enfim, coisas...

quinta-feira, maio 21, 2020

Um dia único para recordar

Passaram já très dias sobre esse glorioso  dia que foi o dia 18 de Maio de 2020. A temperatura devida, o sol indicado, o mar como há anos o não via, sossegado, quase parado, completamente transparente e com um tom verde topázio único, mostrando as pedras junto à costa que o limita. E para tudo ser magnífico, os restaurantes à beira-mar reabriram e modificados para melhor, respeitando as regras impostas pela pandemia e uma calma segura convidando a entrar. E foi isso que fiz, entrando na Baíuca e comendo uma magnífica posta de peixe espada, grelhada com amor e sabor devido. A tarte de limão também estava boa, mas dispensável, não fosse a minha gula. E até o café estava bom. Por ali fiquei tempo bastante, não prejudicando ninguém que estivesse à espera de vez. E quando me levantei não dispensei a caminhada até S. João e o regresso a Cascais, sempre acompanhado pela visão daquele mar de calma, aquela cor única e a transparência que raramente se vê assim. Glorioso dia. Glorioso respirar, quase normal, sem o medo atrás de mim ou à minha frente.

domingo, maio 17, 2020

O regresso ao mar

 Quando pensava que tinha perdido o texto escrito há dias, sobre o regresso ao mar, horas depois de ter postado um novo texto sobre o mesmo tema, recuperei o inicial. Como entre eles  havia um intervalo de dois dias, resolvi publicar  esta segunda versão, para testar até que ponto a minha memória regista o que por ela passa e também para confirmar se o que agora escrevo se afasta muito do que escrevi na primeira versão. Após quatro anos de ausência parece que desaprendi várias regras de postar. Desculpem pois, este meu reabíltar de postar neste blog aquilo que me vai empurrando para a escrita diária ou não. Se tiverem paciência, comparem os dois textos e digam-me se preciso de ir ao médico ou se posso continuar a postar...

Finalmente regressei hoje ao mar, melhor dizendo, à beira-mar. Que não sendo tudo, para mim já o é. Vai já longe o tempo dos mergulho, das carreirinhas, da vela. Nos últimos anos fiquei limitado aos mergulhos e a umas braçadas de crawl na piscina. Não era mau, mas faltava o mar e a areia. Em vez desta, a relva e as flores. Sentia-me ligeiramente recompensado. Agora volto a ter o mar, perdão, a beira-mar e a máscara, para cima e para baixo, consoante houver passantes protegidos ou alguns que continuam a marimbarem-se nas regras de etiqueta pandémica. Depois de vários dias de chuva, o dia de hoje melhorou um pouco, juntamente com a reabertura do paredão. Num dos bares da praia, pessoal dinâmico distribui mesas, devidamente afastadas uma das outras, num novo espaço e anteriormente não ocupado, para daqui a três dias reabrir ao público, no muito desejado 18 de Maio. Mas falemos agora do dia e do estado do mar. Um dia bastante nubelado, com algumas abertas que trazem com ela um calor que não se sentia antes. O mar está pouco agitado e a pouco e pouco as ondas vão tentando vir passear conosco, não para passearem, mas para nos afastar delas e nos mostrar a sua força. Mas, ao contrário do que esperava, no retorno à beira-mar, mesmo com o mar calmo, aquilo que se vê é um mar estranho, desfocado, quase medonho, sem ter nada nesse sentido e que me traz a lembrança das pinturas de William Turner.

Regresso ao mar

Há já três dias que regressei ao mar, melhor dizendo à beira-mar. Já lá não ia há dois meses e nesse tempo só o imaginava, embora em dias de mau tempo o conseguisse ouvir bem. Já era qualquer coisa, mas não era tudo. Escutá-lo era bom, mas quase imediatamente, a ausência da proximidade anulava o prazer do seu estrondo. Mas finalmente a ele regressei. Mas mais uma vez me senti feliz e bem. Não totalmente, mas quase. Já que mergulhos, carreirinhas, vela, eram prazeres de que já estou afastado há bastante tempo. Água, mergulhos, crawl, nadar debaixo de água, só na minha piscina que me ia dando outramedida do prazer do mar. Agora, o mar para mim, é vê-lo, ouvi-lo e passear à sua beira, para lá e para cá, até ficar satisfeito o bastante, para o deixar num até amanhã, se puder.Mas neste regresso pós quarentena, o dia estava estranho, com um mar relativamente calmo, mas estranho. Não ele, própriamente, mas a neblina e um jogo quase constante entre o nubelado, fechado e ameaçando chuvada forte e um sol que aquecia por momentos e trazia alguma alegria ao que se via. Quando regressei a casa, sentei-me para postar as minhas impressões deste regresso e depois de escrever resolvi acrescentar uma imagem de William Turner, para completar o quadro que eu vivera. Pois não sei ainda o que teria feito de mal, que acabei por eliminar tudo que escrevi. É essa a razão porque volto hoje a escrever sobre o regresso à beira-mar que, seguramente, nada terá a ver com o que então escrevi, porque o estava a escrever a quente. Por isso, fica assim. Apenas a notícia, com muito do que senti, já amputado de emoção.
os

terça-feira, maio 12, 2020

Os novos funerais

A pandemia acabou com o respeito pelos mortos e ainda menos pelos vivos, aos quais vai, traiçoeiramente, passando a ceifadeira da morte, agora também ela mascarada de corona, que invisível e miserável nano-virua, vai limpando sobretudo aqueles que ele entende serem excedentes.
E, sempre escondido, vai desestabilizando o mundo inteiro e modificando a vida em si, cortando a liberdade de cada um e assim, a de todos. Mas não lhe chega isso, em grau de malvadez. Não basta matar, mas criar as condições que impeçam o culto da morte, o respeito pelo morto e o funeral. Hoje, o morto não é velado por ninguém ou por um número limitado de pessoas e durante o confinamento, quase sem ninguém, nem o padre. Quando se veem na televisão aquelas centenas de caixões supostamente com gente que foi gente lá dentro, com um número ou um manhoso rascunho de um nome, o que podem sentir os familiares que eventualmente possam estar presentes e como podem eles acreditar que é dentro daquele caixão que se encontra o seu ente querido? Antigamente, mesmo A.C., havia as chamadas carpideiras, profissão femininas, cuja função era chorarem por um defunto desconhecido e recompensadas por esse serviço. Faziam o teatro da dor que não sentiam, mas procuravam estimular nos outros, em homenagem àquele ou aquela que partia. Foi profissão que quase desapareceu, senão em certas regiões do Brasil. Mas ainda no século XX, se mantinham no activo profissional em grande parte da Europa. Mas o respeito pelo morto era ainda mantido pelos familiares próximos, com o uso do trajar em preto ou na forma mais aliviada com uma pequena banda no braço ou na gola esquerda do casaco. Mas antes deste tempo de pandemia o velar o morto e o seu funeral eram fortemente sentidos e simbólicos. Mas a pandemia veio querer escavacar até o respeito pelos mortos. Todos esperamos que acabe por chegar o dia em que se possa recuperar, se não a vida como era, pelo manos, a possível. Para que se recorde essa antiquíssima profissão de carpideira, vou postar um vídeo de Raul Vasquez, La Plañidera".

Enquanto há vida, há esperança

Que ninguém durma, que ninguém durma, Guardi le stelle/ Che tremano d'amore e di speranza. Assim começa a área Nessun dorma do último acto, da ópera Turandot de Giacomo Puccini. Falo hoje dessa magnífica e bela área e coloco o vídeo em que Luciano Pavarotti a canta magistralmente, porque me têm preocupado as notícias frequentes e confirmadas em estudos, dos problema graves que as crianças estão a sofrer, com insónias frequentes e sonos agitados, consequência da pandemia. Com esta, alterou-se quase totalmente a forma de vida a que todos estávamos habituados e especialmente a das crianças, nos seus ritos e ritmos circadianos. Bom seria que elas não conseguissem dormir para poderem ver as estrelas e sentir o amor e desejar a esperança. Mas infelizmente não é isso que lhes perturba o sono, mas a anormalidade da vida que estão a viver nos tempos da quarentena, em que a nossa vida mudou, sem termos forma de a evitar. O máximo que temos podido fazer, é libertarmo-nos dela, através do trabalho e da procura do amor, do bem e da beleza, que temos ido procurar onde sabemos que está, pode estar ou tentaremos encontrar. Mas nem todos têm a possibilidade de se virarem para esta procura e esse exercício, porque estão a viver confinados onde já não há amor, mas desamor. Por isso, tem aumentado também a violência doméstica e nestes casos, quem vai ver as estrelas de forma brutal, nem forças e ânimo terá, para ter esperança. Tristes dias os nossos que temos vindo a atravessar, mas pensemos no Eclesiastes (9:4) que diz que enquanto há vida, há esperança. Guardi le stelle/ Che tremano d'amore e di speranza.

Luciano Pavarotti - Nessun dorma (Lincoln Center, 1979)

segunda-feira, maio 11, 2020

Neguinho Da Beija Flor Corona De Férias (Deus Sabe O Que Faz)

Um regresso acidentado

Após uma ausência de quatro anos e tendo pensado que aqui não voltaria, caí há dias na rasteira que a Covid 19 me preparava, após ter terminado (penso eu) os dois livros que tinha em acabamento e que após isso, me deixou num vazio insuportável que me mostrava pela primeira vez o que era estar confinado, sem ter que fazer. Foi tal o choque desse vazio que, de imediato, me lembrei do meu querido blog que durante onze anos me divertiu bastante e espero que alguns desprevenidos que, acidentalmente, o abriam e por vezes comentavam. Para mim, tudo bem. Gostava de o fazer e se outros gostassem de o ler, seria o ideal, mas não o fundamental, porque realmente eu o escrevia e mantinha, por puro prazer e descarga de chatices a expulsar, como se fossem demónios Mas em verdade, o blog dava-me muito prazer e era um grito de libertação e afirmação. A tal escrita em sobressalto que anunciava no seu início e definição. Quando agora o retomei, percebi que o longo tempo da ausência, levara com ele, a capacidade adquirida em outros tempos, de saber usá-lo. Agora, sinto-me um quase infoexcluído, que desaprendeu tudo ou quase tudo. Logo no primeiro post do recomeço, troquei o vídeo por uma imagem, impedindo que o vídeo abra. E agora o que fazer? Como eliminar o que está errado e como substituir esse pelo certo? Assim seria, se eu o conseguisse fazer. Mas, neste momento e destreinado como estava e com neurónios a menos, vou ter que esperar e vocês também se, porventura, já alguém reparou que o meu blog está de volta

quinta-feira, maio 07, 2020

Os inesperados benefícios da pandemia

Quem diria que eu voltaria anos depois a retomar este meu blog, empurrado por uma pandemia? Ninguém, evidentemente. E muito menos, eu. Mas a verdade é esta. A verdadeira verdade. Perguntarão porquê, como eu próprio me pergunto. Estar confinado e mascarado se me atrever a dar uns passos fora de casa, cria naturalmente, a mim e penso que a todos uma sensação de estar preso e limitado na minha liberdade. Preso em casa, sem guarda armado a fazer-me a segurança, a amputar-me a liberdade, porque o que agora me mantém preso não é o guarda, mas o medo. Um medo de algo sem rosto, invisível a todos, salvo aos cientistas que o podem identificar e que depois nos mostram a sua verdadeira imagem. Já passei por muita coisa e muito perigo na minha vida, mas nada comparado com esta ameaça invisível que ainda não se pode eliminar. A esperança que um dia nos possamos defender dele e anular o seu traiçoeiro perigo,está ainda viva, mas também ainda distante. Mas o que temos, para já, é só a esperança. Mas venceremos, assim o espero. Em nome da esperança a que nos agarramos. Mas voltemos agora ao princípio deste texto e à sua razão de ressurgir ou renascer. Para quem está confinado, o que nos resta que possa evitar que não daremos em doido ou comecemos a trepar pelas paredes? No meu caso, a solução era só uma. Dar corda ao neurónio. Inicialmente atacando em várias frentes os desafios que tinha em mãos e permanentemente retomados e inacabados, de terminar três livros dependurados nos seus três cabides, onde iam amadurecendo e também criando bolor. Não o esperava e garanto que preferiria não ter que acorrer à ajuda improvável da quarentena, para os dar como findos, não fosse a covid, riscar-me dos vivos, antes de terminar os livros. E agora, terminados que estão, ou pensando apenas que estão terminados, de facto, o que posso fazer mais para me defender deste ataque geral à comunicação, à amizade, à confraternização, à solidariedade, ao amor? Que fazer? Mais uma vez - dar corda ao neurónio. Só que desta vez, fazê-lo, onde ele começou. No blog com o seu nome. Por isso, aqui estou de novo e para continuar a mantê-lo. Para mim e para todos que o queiram consultar.