quinta-feira, maio 07, 2020

Os inesperados benefícios da pandemia

Quem diria que eu voltaria anos depois a retomar este meu blog, empurrado por uma pandemia? Ninguém, evidentemente. E muito menos, eu. Mas a verdade é esta. A verdadeira verdade. Perguntarão porquê, como eu próprio me pergunto. Estar confinado e mascarado se me atrever a dar uns passos fora de casa, cria naturalmente, a mim e penso que a todos uma sensação de estar preso e limitado na minha liberdade. Preso em casa, sem guarda armado a fazer-me a segurança, a amputar-me a liberdade, porque o que agora me mantém preso não é o guarda, mas o medo. Um medo de algo sem rosto, invisível a todos, salvo aos cientistas que o podem identificar e que depois nos mostram a sua verdadeira imagem. Já passei por muita coisa e muito perigo na minha vida, mas nada comparado com esta ameaça invisível que ainda não se pode eliminar. A esperança que um dia nos possamos defender dele e anular o seu traiçoeiro perigo,está ainda viva, mas também ainda distante. Mas o que temos, para já, é só a esperança. Mas venceremos, assim o espero. Em nome da esperança a que nos agarramos. Mas voltemos agora ao princípio deste texto e à sua razão de ressurgir ou renascer. Para quem está confinado, o que nos resta que possa evitar que não daremos em doido ou comecemos a trepar pelas paredes? No meu caso, a solução era só uma. Dar corda ao neurónio. Inicialmente atacando em várias frentes os desafios que tinha em mãos e permanentemente retomados e inacabados, de terminar três livros dependurados nos seus três cabides, onde iam amadurecendo e também criando bolor. Não o esperava e garanto que preferiria não ter que acorrer à ajuda improvável da quarentena, para os dar como findos, não fosse a covid, riscar-me dos vivos, antes de terminar os livros. E agora, terminados que estão, ou pensando apenas que estão terminados, de facto, o que posso fazer mais para me defender deste ataque geral à comunicação, à amizade, à confraternização, à solidariedade, ao amor? Que fazer? Mais uma vez - dar corda ao neurónio. Só que desta vez, fazê-lo, onde ele começou. No blog com o seu nome. Por isso, aqui estou de novo e para continuar a mantê-lo. Para mim e para todos que o queiram consultar.

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