terça-feira, maio 12, 2020

Enquanto há vida, há esperança

Que ninguém durma, que ninguém durma, Guardi le stelle/ Che tremano d'amore e di speranza. Assim começa a área Nessun dorma do último acto, da ópera Turandot de Giacomo Puccini. Falo hoje dessa magnífica e bela área e coloco o vídeo em que Luciano Pavarotti a canta magistralmente, porque me têm preocupado as notícias frequentes e confirmadas em estudos, dos problema graves que as crianças estão a sofrer, com insónias frequentes e sonos agitados, consequência da pandemia. Com esta, alterou-se quase totalmente a forma de vida a que todos estávamos habituados e especialmente a das crianças, nos seus ritos e ritmos circadianos. Bom seria que elas não conseguissem dormir para poderem ver as estrelas e sentir o amor e desejar a esperança. Mas infelizmente não é isso que lhes perturba o sono, mas a anormalidade da vida que estão a viver nos tempos da quarentena, em que a nossa vida mudou, sem termos forma de a evitar. O máximo que temos podido fazer, é libertarmo-nos dela, através do trabalho e da procura do amor, do bem e da beleza, que temos ido procurar onde sabemos que está, pode estar ou tentaremos encontrar. Mas nem todos têm a possibilidade de se virarem para esta procura e esse exercício, porque estão a viver confinados onde já não há amor, mas desamor. Por isso, tem aumentado também a violência doméstica e nestes casos, quem vai ver as estrelas de forma brutal, nem forças e ânimo terá, para ter esperança. Tristes dias os nossos que temos vindo a atravessar, mas pensemos no Eclesiastes (9:4) que diz que enquanto há vida, há esperança. Guardi le stelle/ Che tremano d'amore e di speranza.

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