Esta pandemia é sem dúvida nenhuma uma verdadeira calamidade global, sem saída à vista e com eminência provável de nos continuar a visitar. Por mais avançada que a ciência esteja e está, como é uma realidade à vista de todos, nada há ainda que nos descanse e nos permita libertar do peso imenso do receio ou mesmo do medo. Sem o esperar e sem o poder evitar, todos ficamos nas mãos daqueles miseráveis e ridículos vírus que sem disso nos apercebermos nos entra pela parede das células e inicia o processo de nos destruir e matar. Podendo apanhar todos, mas sobretudo os mais fracos e desprotegidos e os mais velhos que tudo parece mostrar serem os alvos preferidos. Pensar-se como antigamente, que era o equivalente a não se pensar e apenas aceitar o destino, tudo pareceria tratar-se de um ajuste de contas com os idosos que, atrevidamente e com o apoio da ciência, se têm vindo a dar ao luxo de viverem mais tempo e melhor. E se assim fosse, seria um castigo dos deuses ou a justiça dos mesmos, limpando os excedentes inesperados que desequilibram o mundo e o colocam em risco de lhe dar fim. E assim se voltaria ao justo equilíbrio e à paz no mundo. Mas hoje não pensamos assim e temos ainda muito que pensar e que outros mais habilitados o façam por nós, para podermos saber o que, de facto, se está a passar. Mas no meio desta ainda ignorância e deste medo que traiçoeiramente nos envolve, aparecem tipos como eu que, de forma desajustada, vêm falar na parte boa da pandemia. Parte boa? Qual parte boa? Aquela que a mim me permitiu durante a quarentena, trabalhar continuadamente no finalizar uns livros que se arrastavam nas minhas mãos e para os quais ainda não encontrara o modo de os terminar. Pois foi a quarentena que me permitiu, num trabalho continuado, em que nunca me senti confinado mas em que frequentemente, me esquecia das horas e das refeições ou do cansaço. Um dos livros está definitivamente pronto e a caminho da impressão. Os outros dois estão em estadio e em quarentena, para calmamente, se a pandemia o permitir, avaliar os efeitos que o vírus produziu no acabamento tão rápido e inesperado. Receio muito que o Corona se tenha colado na parede de cada célula escrita e o resultado possa ser desastroso. Tenhamos fé. Logo se verá.
terça-feira, junho 02, 2020
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