quinta-feira, dezembro 31, 2015

tempus fugit

Nunca é demais recordar a balada do meu curso médico e lembrar-me que já lá vão 57 anos, quando hoje passa mais um!!!



ainda natal

O rapaz do tambor, na época de Natal.

 

terça-feira, dezembro 29, 2015

artistas ou escravos

Pode não ser verdade, mas tudo indica que a pergunta se possa fazer. Uma coisa é certa. São magníficos naquilo que fazem.



quarta-feira, dezembro 23, 2015

a europa é..

O que se está a passar em Lampedusa e noutros locais faz-nos pensar na Europa, no que ela é e representa. Por isso aqui vos deixo este apontamento.


sábado, dezembro 12, 2015

uma história de luz

A Universidade de Coimbra comemora os seus 725 anos. Todos estamos de parabéns.


quinta-feira, dezembro 10, 2015

o duelo

Depois de longa ausência, volto desafiando-vos para um duelo. Um faz de conta que termina bem.

sexta-feira, setembro 25, 2015

o debate que faltava

Para ver e ouvir com atenção.

sábado, setembro 12, 2015

aos jovens



NÃO, NÃO ESTOU VELHO!!! 
NÃO SOU É SUFICIENTEMENTE NOVO PARA JÁ SABER TUDO! 

Passaram 40 anos de um sonho chamado Abril. E lembro-me do texto de Jorge de Sena…. Não quero morrer sem ver a cor da liberdade. Passaram quatro décadas e de súbito os portugueses ficam a saber, em espanto, que são responsáveis de uma crise e que a têm que pagar…. civilizadamente, ordenadamente, no respeito das regras da democracia, com manifestações próprias das democracias e greves a que têm direito, mas demonstrando sempre o seu elevado espírito cívico, no sofrer e ….calar. 
Sou dos que acreditam na invenção desta crise. Um “diretório” algures decidiu que as classes médias estavam a viver acima da média. E de repente verificou-se que todos os países estão a dever dinheiro uns aos outros…. a dívida soberana entrou no nosso vocabulário e invadiu o dia a dia. Serviu para despedir, cortar salários, regalias/direitos do chamado Estado Social e o valor do trabalho foi diminuído, embora um nosso ministro tenha dito decerto por lapso, que “o trabalho liberta”, frase escrita no portão de entrada de Auschwitz. Parece que alguém anda à procura de uma solução que se espera não seja final. 
Os homens nascem com direito à felicidade e não apenas à estrita e restrita sobrevivência. Foi perante o espanto dos portugueses que os velhos ficaram com muito menos do seu contrato com o Estado que se comprometia devolver o investimento de uma vida de trabalho. Mas, daqui a 20 anos isto resolve-se. 
Agora, os velhos atónitos, repartem o dinheiro entre os medicamentos e a comida. E ainda tem que dar para ajudar os filhos e netos num exercício de gestão impossível. A Igreja e tantas instituições de solidariedade fazem diariamente o milagre da multiplicação dos pães. Morrem mais velhos em solidão, dão por eles pelo cheiro, os passes sociais impedem-nos de sair de casa, suicidam-se mais pessoas, mata-se mais dentro de casa, maridos, mulheres e filhos mancham-se de sangue , 5% dos sem abrigo têm cursos superiores, consta que há cursos superiores de geração espontânea, mas 81.000 licenciados estão desempregados. Milhares de alunos saem das universidades porque não têm como pagar as propinas, enquanto que muitos desistem de estudar para procurar trabalho. Há 200.000 novos emigrantes, e o filme “Gaiola Dourada” faz um milhão de espectadores. Há terras do interior, sem centro de saúde, sem correios e sem finanças, e os festivais de verão estão cheios com bilhetes de centenas de euros. Há carros topo de gama para sortear e autoestradas desertas. 
Na televisão a gente vê gente a fazer sexo explícito e explicitamente a revelar histórias de vida que exaltam a boçalidade. Há 50.000 trabalhadores rurais que abandonaram os campos, mas há as grandes vitórias da venda de dívida pública a taxas muito mais altas do que outros países intervencionados. Há romances de ajustes de contas entre políticos e ex-políticos, mas tudo vai acabar em bem...estar para ambas as partes. Aumentam as mortes por problemas respiratórios consequência de carências alimentares e higiénicas, há enfermeiros a partir entre lágrimas para Inglaterra e Alemanha para ganharem muito mais do que 3 euros à hora, há o romance do senhor Hollande e o enredo do senhor Obama que tudo tem feito para que o SNS americano seja mesmo para todos os americanos. Também ele tem um sonho… 
Há a privatização de empresas portuguesas altamente lucrativas e outras que virão a ser lucrativas. Se são e podem vir a ser, porque é que se vendem? E há a saída à irlandesa quando eu preferia uma…à francesa. Há muita gente a opinar, alguns escondidos com o rabo de fora. E aprendemos neologismos como “in conseguimento” e “irrevogável” que quer dizer exatamente o contrário do que está escrito no dicionário. 
Mas há os penalties escalpelizados na TV em câmara lenta, muito lenta e muito discutidos, e muita conversa, muita conversa e nós, distraídos. E agora, já quase todos sabemos que existiu um pintor chamado Miró, nem que seja por via bancária. Surrealista… Mas há os meninos que têm que ir à escola nas férias para ter pequeno- almoço e almoço. E as mães que vão ao banco…. alimentar contra a fome , envergonhadamente , matar a fome dos seus meninos. É por estes meninos com a esperança de dias melhores prometidos para daqui a 20 anos, pelos velhos sem mais 20 anos de esperança de vida e pelos quarentões com a desconfiança de que não mudarão de vida, que eu não quero morrer sem ver a cor de uma nova liberdade. 
Júlio Isidro

sexta-feira, setembro 04, 2015

de doidos

É mesmo de doidos, mas saudáveis. Usam a cabeça com mestria e não a gastam em drogas, embora o aspecto deles seja duvidoso. E há hoje algo que não seja duvidoso?

quinta-feira, agosto 27, 2015

Ouçam quem sabe....



Sem comentários, porque os não necessita. O país está mesmo ao contrário - de pernas para o ar!



Portugal visto por

António Lobo Antunes



Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.

Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.

Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.
 
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estoico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não
sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.

O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.

Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por
pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a
meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.

Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos,
gestores, que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho.
E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios
purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
 
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá?
Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade
feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente  indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.
 
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.

Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar de  D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.

Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?

O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.
António Lobo Antunes

domingo, agosto 23, 2015

uma vista sobre budapeste

Não sou grande apreciador dos festivais aéreos, mas não posso resistir à beleza de Budapeste, à qualidade das imagens e às acrobacias feitas.

quarta-feira, agosto 12, 2015

um discurso sentido

Entre 17 e 19 de Setembro de 2014, a Rede Iberoamérica LIDER organizou o 1o. Parlamento Iberoamericano da Juventude em Zaragoza, na Espanha. Foi lá que Gloria Alvarez, do Movimento Cívico Nacional da Guatemala, fez uma apresentação sobre os males do populismo. O que ela diz explica muito do que ocorre no mundo.
O populismo gosta tanto dos pobres que os multiplica!



terça-feira, agosto 11, 2015

do nascimento à morte

Demora una hora e vinte minutos. Parece muito tempo, mas é muito pouco para uma viagem pelo corpo humano. 

terça-feira, agosto 04, 2015

salvemos a água

Nunca é demais recordar os perigos...



segunda-feira, agosto 03, 2015

uma relíquia

Progresso, hoje? O que se pode chamar a isto? Para memória futura.



quarta-feira, julho 22, 2015

que cabeça...

Resolver o Cubo de Rubik, sem o ver, parece magia. Mas não é. Existe uma memória matemática e geométrica a que alguns têm acesso. E pensarmos que alguns desses crânios são tidos como deficientes...-

terça-feira, julho 21, 2015

directamente da holanda...

Chegado de curtas férias, encontro este inesperado pingo doce. Mas ainda há alguma coisa inesperada neste País?

domingo, julho 12, 2015

a loja dos trezentos






Transcrevo este texto de Mariana Mortágua que me parece oportuno e directo.

Ainda me lembro da primeira (e única) loja dos 300 que abriu na minha terra. Ficava ali a seguir ao largo da Câmara, logo depois do talho da Fatinha, e vendia tudo, mas mais barato. Ontem, quando olhei para as capas dos jornais, senti-me a viver numa loja dos 300. Os chineses da Fosun dizem que Portugal é o melhor país da Europa para vir às compras. Não vêm comprar sapatos, nem vidro da Marinha Grande, querem as empresas. Em três jornais distintos aparecem ligados a negócios na saúde, turismo, agricultura e comunicação social. Não para investir ou criar emprego, mas adquirir o que já existe e foi, tantas vezes, criado com o nosso dinheiro.
Percebe-se, o negócio que fizeram com a Fidelidade, que era pública, deixou um sabor a pouco. Foi há um ano que a Fosun se endividou (a 5%) para comprar a maior seguradora portuguesa por mil milhões de euros. Entretanto a Fidelidade usou os seus recursos para emprestar esse valor à Fosun, que precisava de reduzir o endividamento, mas a 3%. E ainda sobraram umas centenas de milhões para comprar imóveis de um outro negócio que o fundo decidiu fazer. A Fidelidade é uma árvore das patacas e dá imenso jeito à Fosun ter um jardim delas. Também dava jeito ao Estado, mas para isso era preciso que não tivesse sido privatizada.
Os chineses da Fosun não são os únicos, nem os primeiros. Se há muito que as fronteiras travam e destratam quem procura uma vida melhor em Portugal e na Europa, o mesmo não se aplica ao dinheiro. Os aeroportos portugueses são, na verdade, franceses, assim como a gestão das duas maiores pontes sobre o Tejo. A eletricidade portuguesa é, na verdade, chinesa. As infraestruturas elétricas nacionais são, na verdade, do Qatar. Os bancos são angolanos, como parte da comunicação social, onde agora também os fundos chineses querem entrar. Irónico, ou perigoso, dada a difícil relação que ambos os países mantêm com a noção de liberdade e democracia.
Mas ainda falta! Falta o Novo Banco, a TAP que vai, em parte, e pelo que se sabe, para o Estado brasileiro. Ainda faltam hospitais, transportes, resíduos e quem sabe, em breve, a água. O Governo esforça-se, apressa os processos e leva o país ao Mundo, em road shows para investidores em que apresenta as vantagens do paraíso português, onde tudo se vende, barato e fácil, com direito a um visto dourado. É prò menino e prà menina.
Que toquem as trompetas e se alegrem as cortes, a estratégia resultou. Portugal entrou no mapa! É a loja dos 300 da Europa.