O que se pode fazer brincando com a tecnologia digital.
sábado, junho 27, 2015
domingo, junho 21, 2015
tudo mostra sermos assim
Como nos via Guerra Junqueiro no seu tempo. Aqui em versão corrida do poema, mais pesada, mais rude, com anos de sedimentação da imbecilidade e resignação. Vejam as sondagens...
"Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
um mostrar de dentes,
a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem,
nem onde está,
nem para onde vai;
um povo, enfim,
que eu adoro,
porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso
da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro
de lagoa morta (...) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal,
sem palavras,
sem vergonha,
sem carácter,
havendo homens
que, honrados (?) na vida íntima,
descambam na vida pública
em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira à falsificação,
da violência ao roubo,
donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo,
esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto
pela abdicação unânime do país,
e exercido ao acaso da herança,
pelo primeiro que sai dum ventre
- como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara
ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...),
sem ideias,
sem planos,
sem convicções,
incapazes (...)
vivendo ambos do mesmo utilitarismo
céptico e pervertido, análogos nas palavras,
idênticos nos actos,
iguais um ao outro
como duas metades do mesmo zero,
e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896
sábado, junho 20, 2015
domingo, junho 14, 2015
pobres de espírito
Vale a pena ler. Mais uma vergonha para Portugal que nos passou despercebida, mas é importante saber. Ferreira Fernandes explica-nos.
A
Expo 2015, em Milão, é dedicada às arrecadas de ouro de Viana do Castelo, ao
cavaquinho e ao Licor Beirão. Já é surpreendente que o quase centenário
Gabinete Internacional de Exposições tenha decidido fazer uma Exposição
Universal com assuntos tão portugueses. Mas o mais extraordinário é que o apelo
pelos valores lusos acabou por ser acolhido por 142 países. Dão-se conta? O
pavilhão das Seychelles a mostrar renda de bilros, o da República Islâmica do
Irão a distribuir cálices de ginjinha e no dia da Finlândia vai ouvir-se um
lapão a cantar o fado... Grande Portugal, quanto das tuas coisas típicas é
orgulho universal!Eu minto, mas só um pouco. O interesse da Expo 2015 não é pelas pequeninas
coisas avulsas portuguesas. Não é por Belém (o pastel), é pelo fantástico que
Belém (a Torre) significa na História Universal. A minha pequena mentira do
primeiro parágrafo esconde a verdade grandiosa da Expo de Milão: ali se saúda
(e é esse o seu lema) "a alimentação no mundo", isto é, as coisas de
comer passeando por aí. E que é isso senão Portugal ? O daqui para ali da
cana-de-açúcar e do abacateiro, a história do viajante amendoim, o milho
turista, o cacaueiro que partiu e a pimenteira que chegou, a peregrina palmeira
de dendém e o excursionista café... Não, não foi Portugal que os inventou, mas
foi Portugal que os apresentou ao mundo.Porém, nesse lugar - Milão, hoje - onde o mundo glorifica a comida,
Portugal não está presente. Não tem pavilhão, nem banca, nem um simples
papelinho distribuído à entrada: "Olá, vocês não se lembram, mas já nos
conhecemos. Foi Portugal que vos apresentou a/o [e aí o folheto diria o nome
dum tubérculo, dum fruto, dum cereal]..." Aos brasileiros deu o café para
conversar; à China e à Índia, a batata; e vindo dos Andes, o chili pepper, o
jindungo que, passando pelo Brasil, deu sentido às sopas tailandesas e
coreanas. Reparem, nem falo da paprica húngara - só reivindico as entregas
diretas. A Budapeste, o picante só chegou depois de passar pela Turquia,
trazido da Índia, onde, em Goa, os portugueses tinham metido o jindungo no
vindaloo. Leiam alto e descubram a origem da palavra:
"vinha-d"alho"... O vindaloo encontrei-o, também deturpado, em
Trindade e Tobago e no Havai.
> Em 1972, o americano Alfred W. Crosby publicou The Columbian Exchange (A Troca Colombiana), sobre uma mudança-chave da história, quando o Velho Mundo se encontrou com as Américas. Nesses anos, 1492, com Colombo, e 1500, com Pedro Álvares Cabral, o planeta começou a ser pintado redondo. Global, como hoje se diz. No maravilhoso A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses, de 1992, José Mendes Ferrão explicou essa contribuição portuguesa. O mais comum prato angolano, o funje, é acompanhado por fuba de milho ou por fuba de mandioca. O milho e a mandioca vieram do Brasil. E não se espalharam só pelas antigas colónias portuguesas, são as duas farinhas mais comidas em toda a África. O molho desses pratos é feito com óleo de palma, do coconote, que foi levado pelos portugueses da Índia (Goa) e Sudeste da Ásia (Malaca) para África e Brasil. Quem come moqueca em Salvador da Bahia, saboreia Goa, sem que a agência portuguesa de viagens cobre taxas. No Nordeste brasileiro, chama canjica ao mingau de milho, ou munguzá, se for sem tempero e sal. Os nomes vêm do quimbundo angolano, kanjika e mukunza. Quer dizer, a viagem das plantas não foi feita calada, uniu povos, para lá do palato.
> A cana-de-açúcar tem origem na Índia e chegou a Pernambuco, o café é da Arábia e chegou a São Paulo. "E quem levou ?", perguntaria o folheto que devíamos levar a Milão, já que não temos pavilhão. Os portugueses conhecem o ananás desde 1500, do Brasil. Levaram-no para estações de aclimatação, para os Açores, para o tornar de outro mundo (como levaram o cacau para São Tomé). Durante décadas, o Havai foi o maior produtor de mundial de ananás, mas só o começou a produzir em 1886, oito anos após o Reino do Havai, graças a um acordo de emigração com Portugal, já ter camponeses de São Miguel, Açores...O pavilhão da Santa Sé, na Expo 2015, diz que a comida é também assunto de rituais e símbolos. Claro. E os portugueses foram apóstolos do valor sagrado do pão, espalharam-lhe a palavra e os sabores. O governo português diz que não temos pavilhão porque não temos dinheiro. É falso. Não estamos lá porque quem decidiu é pobre de espírito. Não merece Portugal."
Ferreira Fernandes, Redactor Principal do Diário de Notícias
> Em 1972, o americano Alfred W. Crosby publicou The Columbian Exchange (A Troca Colombiana), sobre uma mudança-chave da história, quando o Velho Mundo se encontrou com as Américas. Nesses anos, 1492, com Colombo, e 1500, com Pedro Álvares Cabral, o planeta começou a ser pintado redondo. Global, como hoje se diz. No maravilhoso A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses, de 1992, José Mendes Ferrão explicou essa contribuição portuguesa. O mais comum prato angolano, o funje, é acompanhado por fuba de milho ou por fuba de mandioca. O milho e a mandioca vieram do Brasil. E não se espalharam só pelas antigas colónias portuguesas, são as duas farinhas mais comidas em toda a África. O molho desses pratos é feito com óleo de palma, do coconote, que foi levado pelos portugueses da Índia (Goa) e Sudeste da Ásia (Malaca) para África e Brasil. Quem come moqueca em Salvador da Bahia, saboreia Goa, sem que a agência portuguesa de viagens cobre taxas. No Nordeste brasileiro, chama canjica ao mingau de milho, ou munguzá, se for sem tempero e sal. Os nomes vêm do quimbundo angolano, kanjika e mukunza. Quer dizer, a viagem das plantas não foi feita calada, uniu povos, para lá do palato.
> A cana-de-açúcar tem origem na Índia e chegou a Pernambuco, o café é da Arábia e chegou a São Paulo. "E quem levou ?", perguntaria o folheto que devíamos levar a Milão, já que não temos pavilhão. Os portugueses conhecem o ananás desde 1500, do Brasil. Levaram-no para estações de aclimatação, para os Açores, para o tornar de outro mundo (como levaram o cacau para São Tomé). Durante décadas, o Havai foi o maior produtor de mundial de ananás, mas só o começou a produzir em 1886, oito anos após o Reino do Havai, graças a um acordo de emigração com Portugal, já ter camponeses de São Miguel, Açores...O pavilhão da Santa Sé, na Expo 2015, diz que a comida é também assunto de rituais e símbolos. Claro. E os portugueses foram apóstolos do valor sagrado do pão, espalharam-lhe a palavra e os sabores. O governo português diz que não temos pavilhão porque não temos dinheiro. É falso. Não estamos lá porque quem decidiu é pobre de espírito. Não merece Portugal."
Ferreira Fernandes, Redactor Principal do Diário de Notícias
sábado, junho 13, 2015
ah, mulheres d'um raio!
É possível que a ideia de se juntarem tenha nascido quando tomaram conhecimento do grupo Mozart. Tenha sido assim ou não, só temos que bater palmas e pedir-lhes que continuem.
sexta-feira, junho 12, 2015
o 1 de abril é todos os dias...
O 1.º de Abril é como o Natal - todos os dias. E rir ou chorar faz sempre bem.
quarta-feira, junho 10, 2015
segunda-feira, junho 08, 2015
não pode haver melhor
Penso que em tempos passados publiquei um desempenho parecido deste par magnífico. Mesmo sabendo disso, não resisto a repetir o post porque esta versão ainda consegue ser mais apurada e a perfeição sabe sempre bem, mesmo que repetida.
sábado, junho 06, 2015
quarta-feira, junho 03, 2015
terça-feira, junho 02, 2015
dogdance...
Não imaginava que houvesse dogdance em Freestyle!!!Que mais haverá ou o que é que não haverá? Há sempre uma surpresa à nossa espera. Esta mostra-nos mais um cão inteligente e dedicado...
segunda-feira, junho 01, 2015
em defesa do dono
Não sou apreciador de touradas, mas esta ligação de montado a montador, parece-me pouco habitual. O touro também parecia tudo menos um touro.
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