Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia...
Mas tão boas que florescem do mesmo modo
e têm o mesmo sorriso antigo
Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
Para ver se elas falavam...
Fernando Pessoa
Jardins regulares. Trazem à memória meu Pai.
As flores bem alinhadas naquele jardim de Chaves.
Jardins regulares. Flores alinhadas, intocáveis,
bem comportadas, fazendo de seu furto, pecado.
Elas que são livres de nascer e que dizem, corta-me ...
Porquê impôr-lhes regras e fazê-las regulares?
O meu Pai não era regular.
Era muito grande o meu Pai.
Grande como a sua inteligência, a sua bondade e a sua fraqueza.
Teve um só defeito.
Partiu cedo de mais.
CVR
Sem comentários:
Enviar um comentário