quarta-feira, novembro 30, 2011

relembrar o passado

Mais do que nunca temos que relembrar o passado, sobretudo quando adormecemos um pouco (ou nos querem adormecer) na vigilância constante do nosso presente. Chegou-me às mãos um belo texto de Isabel do Carmo que nos fala exactamente dum passado que se quer longe e irrepetível e que o faz com a sabedoria de quem o sabe porque o viveu intensamente e de forma esclarecida. Leiam e relembrem.

Um texto de Isabel do Carmo no Público:

«O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar “verdade”, que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que… Não interessa.

Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os “remediados” só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia “mais tenrinho” para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse “a fénico”. Não, não era a “alimentação mediterrânica”, nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de “longa” duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos “balões” (“Olha, hoje houve um ‘balão’ na Cuf, coitados!”). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver “como é que elas iam vestidas”.

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a “obra das Mães” e fazia-se anualmente “o berço” nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem- comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).

Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (“Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho”). As pessoas iam à “Caixa”, que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma “boa zurrapa”.

E todos por todo o lado pediam “um jeitinho”, “um empenhozinho”, “um padrinho”, “depois dou-lhe qualquer coisinha”, “olhe que no Natal não me esqueço de si” e procuravam “conhecer lá alguém”.

Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e… supremo desígnio – Madame.

Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por “mangas-de-alpaca” porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.

Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal».

o bce no seu melhor



Não vele a pena tecer considerações ou fazer comentários. As coisas são o que são e daí não há que fugir. Leiam, digiram bem e façam o possível por esquecer que engoliram mais este sapo.

O BCE (Banco Central Europeu), explicado de FORMA INFANTIL.

O Que é o BCE?

- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

E donde veio o dinheiro do BCE?
- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuiram com 30%.

E é muito, esse dinheiro?
- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, ou não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus accionistas.
- Não, não pode.

Porquê?!
- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.


Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?
- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses (mercado secundário).

Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE.
- Pois.

Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem directamente ao BCE?
- Bom... sim.... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

Agora não percebi!!..
- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!
- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.


Isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem parte do 13º mês.
As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?
- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%, para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos que são donos do BCE?
- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.

Então nós somos os donos do dinheiro e não podemos pedir ao nosso próprio banco!...
- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?
- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.


Mas então eles não estão lá eleitos por nós?
- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois.... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá.
Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

E onde o foram buscar?
- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

Mas meteram os responsáveis na cadeia?
- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.

E então como é? Comemos e calamos?
- Isso já não é comigo. Eu só estou a explicar ...

(Não consegui obter a autoria do texto)

o palácio da pena

Hoje estou dispensado de escrever seja o que for. A finalidade do post é apenas aquela que o título contempla. Vejam.

segunda-feira, novembro 28, 2011

até na bola, senhores ...

Mete-me impressão estarmos em crise e sermos tratados como um dos PIGS (ou PIIGS ou ainda PIIGGS) da Europa. Se ainda reconhecesse mérito nos outros e aceitasse que eles são melhores do que nós, eu ainda entendia. Mas, não. Eles são fracos, incapazes, medianamente dotados de inteligência, de cultura, de habilidade. Nem sequer são mais trabalhadores do que nós. São mais pontuais, mais madrugadores, mais cumpridores da lei, mas muito menos das regras de educação e zeros absolutos em emoções, sensibilidade, paixão, amor, solidariedade. Quer queiramos ou não são umas nódoas. São também pouco cuidadosos com a higiene e a apresentação. E, vejam lá, nós é que somos os PIGS. Eu sei do que falo. Fui eleito há uns largos anos presidente de uma pequena organização mundial. Fui reeleito, passados cinco anos e não aceitei, dizendo na cara de todos, que só não aceitava porque me recusava a presidir àquela organização, porque não lhes reconhecia a mínima qualidade para a ela pertencerem. Não serviu de nada, como de nada serve que haja portugueses ilustríssimos por esse mundo fora dando cartas nos seus campos profissionais (especialmente na investigação), nem que os milhões de portugueses emigrados sejam os melhores em qualquer lado, ou os nossos futebolistas arrastem multidões e os nossos treinadores se espalhem pelo mundo e tenham nas suas mãos o encargo de os fazer melhores. De nada serve. Muito menos serve, sermos o país com as mais antigas fronteiras da Europa, termos uma língua falada por centenas de milhões de pessoas, termos descoberto meio mundo. De nada serve. Somos uns tesos, não temos petróleo, não temos armas nem soldados bastantes para sermos polícias do mundo. Eles bem nos chamam e tratam como se fossemos realmente um dos PIGS, mas realmente quem os olha de cima para baixo somos nós, porque como bem disse Pessoa, nós não somos da nossa altura, mas sim da altura do que vemos.

sábado, novembro 26, 2011

supermágico

Já se viu de tudo, desde um porco a andar de bicicleta a alguns políticos honestos. Mas apesar disso a magia continua a ser a magia, acima de todas as ilusões. Também aqui parece ter-se visto tudo, desde o elefante ou um Airbus a desaparecerem. Já não dizemos o ah! espantado no momento mágico, mas continuamos a espantar-nos em silêncio. Cada vez há melhores mágicos e truques quase perfeitos e há ainda aqueles que por tão inacreditáveis arranjamos sempre uma explicação simples que não podemos provar mas apenas suspeitar. O vídeo que hoje vos deixo é um must em sobriedade, em simplicidade de processos e em espanto, se ainda nos espantássemos, realmente

o bailinho da banca

Há dias em que apetece deixar de pensar na crise e damos tudo por uma boa gargalhada. Embora o tema não tenha graça nenhuma, o certo é que acabamos por rir. Quando o remédio não parece fácil, nem depende de asção pessoal imediata, temos mesmo que rir para conseguirmos forças para lutar, já que a raiva é constante.

sexta-feira, novembro 25, 2011

ouçam os que merecem ser ouvidos


O Jornal i de hoje, publica uma notícia sobre a palestra proferida em Espanha pelo Prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz, antigo Vice-presidente do Banco Mundial, em que defende que as políticas de austeridade conduzirão sempre a um «suicídio económico».
Não posso deixar de transcrever aqui esta notícia por ela ser mais uma das vozes que mostram a quem não quer ver, que a política defendida e praticada por este governo nunca nos tirará da crise e apenas nos afundará mais. Aos que já estão em crise, evidentemente ... Não, seguramente, àqueles a quem a política fiscal e económica não pede sacrifícios e continuam a viver como sempre, alguns ainda melhor. Em nome da justiça social, dirão eles...

«O prémio Nobel da Economia em 2001 e antigo vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, afirmou na quinta-feira que as políticas de austeridade constituem uma receita para "menos crescimento e mais desemprego".

Stiglitz considerou que a adoção dessas políticas "correspondem a um suicídio" económico.

"É preciso perceber-se que a austeridade por si só não vai resolver os problemas porque não vai estimular o crescimento", afirmou Stiglitz, num encontro com jornalistas na Corunha, em Espanha, onde proferiu a conferência "Pode o capitalismo salvar-se de si mesmo?", noticia a Efe.

O economista sugeriu ao novo governo espanhol que vá "além da austeridade" e que proceda a uma reestruturação das despesas e da fiscalidade como medida básica para criar emprego.

Recomendou em particular uma fiscalidade progressiva e um apoio ao investimento das empresas.

"Temo que se centrem na austeridade, que é uma receita para um crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma receita para o suicídio", afirmou.

Para o Nobel da Economia de 2001, "a menos que Espanha não cometa nenhum erro, acerte a cem por cento e aplique as medidas para suavizar a política de austeridade, vai levar anos e anos" a sair da crise.

O antigo vice-presidente do Banco Mundial disse que as reformas estruturais europeias "foram desenhadas para melhorar a economia do lado da oferta e não do lado da procura", quando o problema real é a falta de procura.

Por isso, rejeitou as propostas a favor de mais flexibilidade laboral: "Se baixamos os salários, vai piorar a procura e a recessão", alertou Stiglitz, defendendo que "é necessário" que a flexibilidade seja acompanhada por "compensações do lado da segurança" para os trabalhadores.

"Em economia, há um princípio elementar a que se chama efeito multiplicador do orçamento equilibrado: se o governo sobe os impostos mas, ao mesmo tempo, gasta o dinheiro que recebe dos impostos, isto tem um efeito multiplicador sobre a economia", explicou, apresentando a sua receita para sair da crise».

quinta-feira, novembro 24, 2011

já a floresta chegava ...

Só a floresta chegava para nosso prazer. Mas se lhe juntarmos o som inesperado dum xilofone gigante tocando «esus bleibet meine Freude», da cantata nº 147 (Herz und Mund und Tat und Leben) de Johann Sebastian Bach o nosso prazer aumenta para puro encantamento. O esforço e dinheiro gasto na construção deste inesperado xilofone foi a base do marketing para o celular Touch Wood, com caixa de madeira, penso que foi bem gasto e que atingirá os fins pretendidos

terça-feira, novembro 22, 2011

mais uma voz a ter em conta

Cada dia que passa aparecem mais vozes discordantes e demonstrações várias da incapacidade dos senhores europa resolverem o descalabro em que se meteram, fomentaram, admitiram e que parece convir-lhes. A barafunda é tal, o descrédito cresce de tal modo, que se torna assustador imaginarmos o que aí vem. Está tudo tão mal que até o inefável Barroso, recordou a costela maoista e começou a querer mostrar o caminho aos cegos companheiros e a querer afirmar a bondade dos euro bonds. Será que que em terra de cegos quem tem um olho pode mesmo vir a ser rei?

segunda-feira, novembro 21, 2011

enquanto podemos rir

Este título tem dois sentidos possíveis de leitura, qualquer deles triste e não desejável. Um deles aponta no sentido de cada vez termos uma menor capacidade de rir e o outro aponta no sentido de nos ser limitada a capacidade de rir por défice democrático. Só por si, qualquer destas leituras é bastante para nos sentirmos perturbados, pois se uma se refere à situação crítica e desastrada da nossa vida actual a outra refere-se à perda das nossas conquistas democráticas e da nossa liberdade colectiva e individual. Por outro lado o pensarmos nisto aviva em nós o sentido de luta que cada vez mais se impõe. Fiquem com este magnífico sketch cheio de qualidade, inteligência, sentido crítico e humor dos «Estado de graça».

rtp - estado de graça

RTP - ESTADO DE GRAÇA

quarta-feira, novembro 16, 2011

digmidade e nobreza, precisam-se


Recordaram-me hoje um dos gestos exemplares do General Ramalho Eanes que apesar da sua nobreza, dignidade e autenticidade foi esquecido pela comunicação social, especialmente pela televisão que nem sequer o referiu, provavelmente porque ao fazê-lo iria suscitar comparações indesejadas por eles. Houve, contudo, quem elogiasse o seu gesto e escrevesse sobre ele. Um deles foi Fernando Dacosta, sendo exatamente o seu texto que hoje aqui vou recordar e deixar-vos para meditação, em tempo de crise grave, em que os trabalhadores e os funcionários públicos carregam sobre as suas costas os encargos que deveriam ser de todos, mas só eles pagam, salvaguardando desse esforço exatamente aqueles que têm possibilidades económicas para isso e encheram as suas contas bancárias de todas as formas e feitios, mas nem sempre de forma limpa. Aqueles que os vários governos vieram engordando, estão livres deste encargo. Agora o slogan é outro. Hoje o que se diz, melhor o que se faz ou manda fazer é - Os pobres que paguem a crise.
Crise que uma clique de 'cérebros' bem pagos (porque podem emigrar! Mas quem é que os quereria? Porventura salvaram alguma empresa ou antes as afundaram?). Crise que uma clique de assessores, consultores e quejandos enchendo gabinetes não para trabalhar, mas para gastar e ganhar, não souberam evitar, nem prever. No entanto, as despesas com a presidência da República era 140 vezes menores no tempo de Eanes e as Casas militar e civil funcionavam ... Haja decoro, senhores. E, sobretudo não pensem e muito menos admitam que todos nós os pagantes, somos estúpidos.

«Quando cumpria o seu segundo mandato, Ramalho Eanes viu ser-lhe apresentada pelo governo uma lei especialmente congeminada contra si.O texto impedia que o vencimento do
Chefe do Estado fosse «acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência públicas que viesse a receber. Sem hesitar, o visado promulgou-o, impedindo- se de auferir a aposentação de militar para a qual descontara durante toda a carreira. O desconforto de tamanha injustiça levou-o, mais tarde, a entregar o caso aos tribunais que, há pouco, se pronunciaram a seu favor. Como consequência, foram-lhe disponibilizadas as importâncias não pagas durante catorze
anos, com retroactivos, num total de um milhão e trezentos mil euros. Sem de novo hesitar, o beneficiado decidiu,porém, prescindir do benefício, que o não era pois tratava-se do cumprimento de direitos escamoteados - e não aceitou o dinheiro.
Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados. As pessoas de bem logo o olharam empolgadas: o seu gesto era-lhes uma luz de conforto, de ânimo em altura de extrema pungência cívica, de dolorosíssimo abandono social. Antes dele só Natália Correia havia tido comportamento afim, quando se negou a subscrever um pedido de pensão por mérito intelectual que a secretaria da Cultura (sob a responsabilidade de Pedro Santana Lopes) acordara, ante a difícil situação económica da escritora, atribuir-lhe. «Não, não peço. Se o Estado português entender que a mereço», justificar-se-ia, «agradeço-a e aceito-a. Mas pedi-la, não. Nunca!» O silêncio caído sobre o gesto de Eanes (deveria, pelo seu simbolismo, ter aberto telejornais e primeiras páginas de periódicos) explica-se pela nossa recalcada má consciência que não suporta,de tão hipócrita, o espelho de semelhantes comportamentos. “A política tem de ser feita respeitando uma moral, a moral da responsabilidade e, se possível, a moral da convicção”, dirá. Torna-se indispensável
“preservar alguns dos valores de outrora, das utopias de outrora”.
Quem o conhece não se surpreende com a sua decisão, pois as questões da honra, da integridade, foram-lhe sempre inamovíveis. Por elas, solitário e inteiro, se empenha, se joga, se acrescenta - acrescentando os outros. “Senti a marginalização e tentei viver”, confidenciará, “fora dela. Reagi como tímido, liderando”. O acto do antigo Presidente («cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que
por aí se tornou comum», como escreveu numa das suas notáveis crónicas Baptista-Bastos) ganha repercussões salvíficas da nossa corrompida, pervertida ética.
Com a sua atitude, Eanes (que recusara já o bastão de Marechal) preservou um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos - condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes. Seres decentes» (Crónica Fernando Dacosta)

domingo, novembro 13, 2011

a arte da ventriloquia

A ventriloquia é a arte de projectar a voz mantendo a boca fechada e sem mexer os lábios. Poucos são capazes de o fazer respeitando completamente estas duas condições e muito menos colocando-a magistralmente na boca do seu parceiro-boneco. Todos temos visto várias vezes ventríloquos portugueses ou estrangeiros, mas raramente, por certo, ficamos inteiramente satisfeitos. Mandaram-me recentemente um vídeo em que Terry Factor, vencedor do"America's Got Talent" de 2007, faz uma apresentação magistral em Las Vegas durante a MDA Telethon de 2008. Há quem o considere o melhor ventríloquo da actualidade. Vejam e digam de vossa justiça.

será bom viver nesse tempo?

Apoiante e entusiasta da ciência, da investigação e das novas tecnologias, não deixo contudo de me interrogar sobre as suas consequências nas nossas vidas. Será tudo bom, aquilo que nos trazem? Se em sua consequência a nossa vida nos fica facilitada, sob o ponto de vista do cumprimento de tarefas e obrigações e, se assim, nos vai restar mais tempo livre para pensar e para o lazer, será que vai ser isso que nós faremos nesses tempos livres? Será que vamos deixar florescer os nossos espíritos em ideias e sentimentos novos e fraternos ou, pelo contrário, nos vamos deixamos envolver por um mundo de devices tecnológicos desenhados para o nosso prazer e lazer mas que, ao mesmo tempo em que pretensamente nos divertem, nos transformarão em seres amorfos e vegetantes? Não sei se irei ter resposta para estas dúvidas na vida que me resta. Por isso, apenas me posso interrogar.

a nova magia

Sempre gostei de magia e ainda hoje ela me causa espanto de criança. Recordo grandes mágicos e alguns dos seus truques, incluindo os portugueses de hoje.
Verifiquei agora que a magia deu um salto tecnológico notável. Não vale a pena explicar em quê. Vejam com os vossos olhos espantados o vídeo que vos deixo.

segunda-feira, novembro 07, 2011

uma voz europeia diferente

No período conturbado que atravessamos devemos estar atentos a todas as opiniões sobre os problemas que nos afectam, sejam eles ou não, da área política em que nos situamos. A Europa é um assunto de todos os europeus e não podemos deixar de ouvir o que pensam uns e outros. Embora Nigel Farage, euro deputado inglês, antigo conservador e actualmente líder do Partido Independentista tenha uma visão adaptada ao seu posicionamento político e focada na sua posição, não deixa de mostrar grande lucidez na entrevista que aqui vos deixo e merece ser ouvida, para reflexão posterior.

sexta-feira, novembro 04, 2011

um novo fmi

A situação política portuguesa está cada vez mais grave. Assiste-se a uma contínua sucessão de decisões de manifesto carácter anti-social, acompanhada de evidentes atitudes de protecção aos ricos, esses pobres desprotegidos .... E isto é de tal forma evidente que os protestos vêm de todos os lados, até daqueles que suporíamos ao lado dos decisores.É o caso de Paco Bandeira que agora editou o vídeo que vos deixo, intitulado «Nem tudo é cantiga - FMI» e que nos traz à memória o antigo FMI de José Mário Branco. Está muito bem feito e merece a nossa atenção.

quinta-feira, novembro 03, 2011

levitação

Os avanços da ciência mostram-se imparáveis. Todos os dias há notícia de novos desenvolvimentos, de novas aplicações. Hoje recebi um magnífico vídeo sobre os novos supercondutores e as perspectivas que abrem em vários campos de aplicações. O que vão ver está em estudo na Universidade de Israel. Vale a pena ver. Depois imaginem-se a andar em futuros comboios com esta tecnologia ...

quarta-feira, novembro 02, 2011

sagrada família

O Natal ainda está longe, mas em tempo de crise como este que vivemos, nada nos assegura que as comunicações funcionem bem, como normalmente, e sejamos surpreendidos com cortes nesse sector. Receando pois problemas nas comunicações e sendo já difícil a comunicação actualmente, pensei ser acertado e prudente antecipar o envio de mensagens necessárias. Por isso, aqui deixo o meu desejo de Feliz Natal para todos vós, com esta belíssima imagem da nova sagrada família.