Mete-me impressão estarmos em crise e sermos tratados como um dos PIGS (ou PIIGS ou ainda PIIGGS) da Europa. Se ainda reconhecesse mérito nos outros e aceitasse que eles são melhores do que nós, eu ainda entendia. Mas, não. Eles são fracos, incapazes, medianamente dotados de inteligência, de cultura, de habilidade. Nem sequer são mais trabalhadores do que nós. São mais pontuais, mais madrugadores, mais cumpridores da lei, mas muito menos das regras de educação e zeros absolutos em emoções, sensibilidade, paixão, amor, solidariedade. Quer queiramos ou não são umas nódoas. São também pouco cuidadosos com a higiene e a apresentação. E, vejam lá, nós é que somos os PIGS. Eu sei do que falo. Fui eleito há uns largos anos presidente de uma pequena organização mundial. Fui reeleito, passados cinco anos e não aceitei, dizendo na cara de todos, que só não aceitava porque me recusava a presidir àquela organização, porque não lhes reconhecia a mínima qualidade para a ela pertencerem. Não serviu de nada, como de nada serve que haja portugueses ilustríssimos por esse mundo fora dando cartas nos seus campos profissionais (especialmente na investigação), nem que os milhões de portugueses emigrados sejam os melhores em qualquer lado, ou os nossos futebolistas arrastem multidões e os nossos treinadores se espalhem pelo mundo e tenham nas suas mãos o encargo de os fazer melhores. De nada serve. Muito menos serve, sermos o país com as mais antigas fronteiras da Europa, termos uma língua falada por centenas de milhões de pessoas, termos descoberto meio mundo. De nada serve. Somos uns tesos, não temos petróleo, não temos armas nem soldados bastantes para sermos polícias do mundo. Eles bem nos chamam e tratam como se fossemos realmente um dos PIGS, mas realmente quem os olha de cima para baixo somos nós, porque como bem disse Pessoa, nós não somos da nossa altura, mas sim da altura do que vemos.
segunda-feira, novembro 28, 2011
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