segunda-feira, dezembro 05, 2011

será que o euro colapsa mesmo?

À medida que o tempo passa a situação agrava-se em toda a Europa e no mundo. Por mais cimeiras que se façam, por mais acordos inter-governamentais que se façam, não se visºumbra solução para esta crise global.
A par disto o euro está com problemas e parece desenhar-se como provável o seu desaparecimento ou a saída de alguns países do seu clube restrito. Por estas razões pareceu-me interessante transcrever o artigo assinado por Ana Rita Faria, que aqui vos deixo à vossa consideração.


Planos de contingência
«Nos bastidores, empresas e bancos já se preparam para eventual colapso do euro.

Na segunda-feira, um dos maiores brokers do mundo, o ICAP, revelou estar a testar os seus sistemas de negociação face à possibilidade de um novo evento: o colapso da zona euro e a reintrodução de várias moedas nacionais. Nos palcos do poder, a ideia de uma desintegração do euro é firmemente rejeitada, mas, nos bastidores dos bancos, das corretoras, das firmas de advogados e das grandes empresas, o inimaginável colapso da moeda única já é suficientemente provável para dar início aos preparativos da prevenção.

Os inquéritos mais recentes aos investidores e economistas lançaram o alerta. Uma sondagem apresentada esta semana pelo Barclays Capital mostra que metade dos investidores inquiridos espera que pelo menos um país saia da zona euro em 2012. Destes, a maioria confia que seja só a Grécia a abandonar a moeda única, mas um em cada 20 acredita que os cinco países periféricos – Grécia Portugal, Irlanda, Itália e Espanha saiam do euro em 2012.

A agência Reuters conduziu uma série de entrevistas a presidentes de empresas, banqueiros e advogados, quer na Europa, quer nos EUA e na Ásia, e escrevia ontem numa reportagem que o mundo em geral está a preparar-se para um cenário de desintegração da moeda única. O exemplo mais recente é o da maior corretora mundial de divisas e dívida soberana, a ICAP, que anunciou ter testado o EBS – a principal taforma de divisas do mundo – assegurar que conseguia negociar a dracma grega ou outra moeda que seja reinstituída.

Pisani-Ferry, director da Bruegel (um think tank de Bruxelas), escrevia esta semana num relatório que "ainda é difícil imaginar o inimaginável", mas que "qualquer pessoa racional tem de pensar nesta possibilidade". E deixou um aviso: "Se as expectativas do desastre ganharem força e um crescente número de entidades se tentarem proteger disso, as consequências podem ser destrutivas". Segundo a Reuters, os principais planos de contingência estão a ser preparados em países fora da zona euro, mas com grande exposição à moeda única, como a Dinamarca ou o Reino Unido. Vários grupos britânicos, como o Compass Group (o maior grupo mundial de catering), admitem estar a discutir ou a pôr em prática planos de prevenção. Recentemente, o regulador bancário britânico (Financial Services Authority) recomendou aos bancos do país que preparem planos de contingência para a possível saída de alguns países do euro. Nos EUA, vários relatórios e contas já colocaram a crise da dívida como um dos riscos à sua actividade, como os do Bank of America, da farmacêutica Merck ou da fabricante aeronáutica Boeing. Na segunda-feira, a própria OCDE reconheceu que a crise soberana é, neste momento, "o maior risco" à economia mundial.

A possibilidade de colapso da zona euro está já a trazer muitas dores de cabeça aos advogados e aos tribunais. Praticamente todos os contratos financeiros em vigor não contemplam aquela hipótese, criando problemas de jurisdição e de redenominação dos empréstimos, que podem vir a gerar perdas financeiras. Mas a principal consequência de um colapso do euro para empresas e bancos seria a própria crise económica gerada. A gestora de activos britânica Schroders diz que uma desintegração da zona euro iria levar à fuga de depósitos dos países periféricos, a uma crise do crédito e à recessão, não só na Europa mas nos EUA. Com base na análise de crises anteriores (como a da Argentina), a Schroders diz que o PIB da zona euro poderia cair 10%, 20% ou mesmo mais».

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