Palavras para quê? Não chega a imagem?
domingo, dezembro 21, 2014
sexta-feira, dezembro 19, 2014
o que mais teremos que ouvir?
Os dois últimos anos têm sido difíceis de aguentar e cada vez é mais difícil ter esperança, quando já se tem idade de não acreditar no Pai Natal. De facto, necessitamos recuperar forças para suportarmos tudo que se vai passando e cada vez mais se vão passando coisas, que nunca esperámos ouvir ou ver. Que 2015 seja um ano de esperança.
condom - essencial wear
Uma curiosa maneira de o NHS chamar a atenção para a necessidade de usar preservativo. Caso não tenha decifrado, NHS são as letras iniciais do National Health Service britânico.
quinta-feira, dezembro 18, 2014
ambulância drone
Não precisa de comentários. Há que avaliar os resultados e estabelecer protocolos bem pensados.
segunda-feira, dezembro 15, 2014
mitsuko uchida
O magnífico concerto para piano e orquestra de Mozart em d. menor, K 466, aqui dirigido e interpretado por Mitsuko Uchida. Filha de diplomata colocado na Áustria, deu vários recitais em Berlim e Londres e é Doutorada em Música, pela Universidade de Oxford. Tem actualmente 62 anos. Mas hoje pouco importa isso. A razão porque coloquei este post, foi levá-la àqueles que ainda a não conheçam. Ouçam o Mozart que ela vos transmite e depois disso, ouçam outra interpretações, como o Concerto para piano e orquestra n. º 3 de Beethoven e então sim - investiguem o seu curricula e o que mais vos interessar, embora eu pense que o mais importante é mesmo ouvi-la.
domingo, dezembro 14, 2014
lisboa em 1948
"Lisboa de Hoje e de Amanhã é um documentário português realizado, escrito e narrado por António Lopes Ribeiro, produzido pela Câmara Municipal de Lisboa, no ano de 1948. Consiste numa série de pequenas filmagens de algumas zonas da cidade, com a explicação das mesmas por Lopes Ribeiro e, música de fundo.
Este documentário é uma análise da cidade de Lisboa, feita por António Lopes Ribeiro, de quatro perspectivas: habitação, circulação, trabalho e, espaços de lazer. São divididas por quatro partes, cada uma com 10 minutos de duração. Num Portugal indirectamente devastado pela Segunda Guerra Mundial, este filme apresenta aquilo que já pudera ser feito e, tudo o que estava planeado fazer para tornar Lisboa numa cidade pioneira ao nível dos quatro pilares referidos."
sábado, dezembro 13, 2014
recordando coimbra
Morreu Fernando Machado Soares (1930-2014), autor da Balada da Despedida que escreveu para o Curso Médico !952/58 e foi cantada pela primeira vez, no Teatro Avenida, na nossa Récita, pelo nosso colega de curso, Sutil Roque. Durante a nossa viagem de curso, coube-me a mim cantar a parte solo, ou porque tinha mais lata ou porque a voz dos outros ainda era pior que a minha. A Balada acompanhou-nos sempre - em Paris, em Berna, em Nápoles, em Veneza, naquela longas semanas de festejo europeu.
Mas Fernando Machado Soares foi também um dos protagonistas naquela que eu considero a minha melhor noite de Coimbra, em que a noite se estendeu pela cidade e um grupo de nós subiu da Baixa à alta horas e horas acompanhados por um inesperado despique entre Machado Soares e Zeca Afonso, Cantando um e logo depois o outro, num combate para a maioria surpreendente, mas onde se adivinhava um eventual acerto de contas, com saias pelo meio. Inesquecível noite, essa.
Hoje, já partidos os dois, recordei-me disso e passei longo tempo a ouvi-los, como ambos mereciam.
quinta-feira, dezembro 11, 2014
ordem unida
Desempenho levado a cabo por 72 estudantes (38 do sexo masculino e 34 do sexo feminino) de uma Universidade do Japão.
A Universidade também serve para isto - fazer bem, seja o que for de que nos encarreguemos.
terça-feira, dezembro 09, 2014
não desespere
Como a globalização é um facto, não posso deixar de vos deixar este vídeo que pode ser útil a alguns menos conhecedores dos apoios sociais a que pode ter direito. O riso continua a ser o melhor remédio.
domingo, dezembro 07, 2014
a chegada do cante
O cante alentejano ocupa desde agora o lugar que merecia - património imaterial da humanidade. Parabéns àqueles que lho atribuíram e parabéns a quem merece tal distinção.
Deixo aqui a sua chegada ao aeroporto de Lisboa, a convite da TAP.
sexta-feira, dezembro 05, 2014
a imortalidade vem aí
Esta comunicação TEDxParis de 6 de outubro de 2012, no Olympia de Paris, apesar de terem passado dois anos sobre ela, continua a ser um documento surpreendente, sobre um tema desejado por todos, mas no qual me custa a acreditar. Será que tudo se vai passar como Laurent Alexanre nos antecipa?.
Este Cirurgião urologista é igualmente diplomado em Ciência Política. Inquieto e hiperactivo, pioneiro da internet, maratonista, é co-fundador nos anos 90, de Doctissimo.fr. e autor do ensaio «A morte da morte». Não deixem de ver. Acreditem ou não no futuro próximo que ele nos apresenta.
quarta-feira, dezembro 03, 2014
dolorosa maravilha
Há muito tempo que ver e ouvir tocar piano, não me dava um prazer tão sofrido, como hoje. Eu escrevi - ver e ouvir. Se só ouvirmos, a música toca-nos e reconforta-nos. Mas, se a virmos, somos tomados pela emoção e por sentimentos desencontrados. Ver sair música magnífica dos dedos anquilosados de uma velha pedinte de rua, sem condições, só necessidades e que, mesmo assim, consegue transmitir-nos uma beleza tal, é doloroso e magnífico ao mesmo tempo. Quem, com aquela idade e aquelas deformadas mãos, toca daquela forma apurada e emotiva, só pode ter sido uma grande pianista. E, se assim foi, porque a vemos agora na rua, mendigando? Ou será que ela não é a pedinte, mas antes aquela que nos oferece generosamente um momento feliz nas nossas caóticas vidas?
segunda-feira, dezembro 01, 2014
uma voz para escutar
Não sei se o 25 de Abril foi realmente uma abstracção, como Maria José Morgado diz. Mas sei que ela deve ser ouvida com atenção. Não sei a data exacta desta entrevista, mas continua actual.
domingo, novembro 30, 2014
cem anos em dez minutos
Para recordar marcos históricos dos últimos 100 anos e tirar algumas dúvidas sobre a sequência dos acontecimentos.
sábado, novembro 29, 2014
papa francisco no parlamento europeu
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Vice-Presidentes,
Ilustres Eurodeputados,
Pessoas que a vário título trabalhais neste hemiciclo,
Queridos amigos!
Agradeço-vos o convite para falar perante esta instituição fundamental da vida da União Europeia e a oportunidade que me proporcionais de me dirigir, por vosso intermédio, a mais de quinhentos milhões de cidadãos por vós representados nos vinte e oito Estados membros. Desejo exprimir a minha gratidão de modo particular a Vossa Excelência, Senhor Presidente do Parlamento, pelas cordiais palavras de boas-vindas que me dirigiu em nome de todos os componentes da Assembleia.
A minha visita tem lugar passado mais de um quarto de século da realizada pelo Papa João Paulo II. Desde aqueles dias, muita coisa mudou na Europa e no mundo inteiro. Já não existem os blocos contrapostos que, então, dividiam em dois o Continente e, lentamente, está a realizar-se o desejo de que «a Europa, ao dotar-se soberanamente de instituições livres, possa um dia desenvolver-se em dimensões que lhe foram dadas pela geografia e, mais ainda, pela história»[1].
A par duma União Europeia mais ampla, há também um mundo mais complexo e em intensa movimentação: um mundo cada vez mais interligado e global e, consequentemente, sempre menos «eurocêntrico». A uma União mais alargada, mais influente, parece contrapor-se a imagem duma Europa um pouco envelhecida e empachada, que tende a sentir-se menos protagonista num contexto que frequentemente a olha com indiferença, desconfiança e, por vezes, com suspeita. Hoje, falando-vos a partir da minha vocação de pastor, desejo dirigir a todos os cidadãos europeus uma mensagem de esperança e encorajamento. Uma mensagem de esperança assente na confiança de que as dificuldades podem revelar-se, fortemente, promotoras de unidade, para vencer todos os medos que a Europa – juntamente com o mundo inteiro– está a atravessar. Esperança no Senhor que transforma o mal em bem e a morte em vida. Encorajamento a voltar à firme convicção dos Pais fundadores da União Europeia, que desejavam um futuro assente na capacidade de trabalhar juntos para superar as divisões e promover a paz e a comunhão entre todos os povos do Continente. No centro deste ambicioso projecto político, estava a confiança no homem, não tanto como cidadão ou como sujeito económico, mas no homem como pessoa dotada de uma dignidade transcendente. Sinto obrigação, antes de mais nada, de sublinhar a ligação estreita que existe entre estas duas palavras: «dignidade» e «transcendente». «Dignidade» é a palavra-chave que caracterizou a recuperação após a Segunda Guerra Mundial. A nossa história recente caracteriza-se pela inegável centralidade da promoção da dignidade humana contra as múltiplas violências e discriminações que não faltaram, ao longo dos séculos, nem mesmo na Europa. A percepção da importância dos direitos humanos nasce precisamente como resultado de um longo caminho, feito também de muitos sofrimentos e sacrifícios, que contribuiu para formar a consciência da preciosidade, unicidade e irrepetibilidade de cada pessoa humana. Esta tomada de consciência cultural tem o seu fundamento não só nos acontecimentos da história, mas sobretudo no pensamento europeu, caracterizado por um rico encontro cujas numerosas e distantes fontes provêm «da Grécia e de Roma, de substratos celtas, germânicos e eslavos, e do cristianismo que os plasmou profundamente»[2], dando origem precisamente ao conceito de «pessoa». Hoje, a promoção dos direitos humanos ocupa um papel central no empenho da União Europeia que visa promover a dignidade da pessoa, tanto no âmbito interno como nas relações com os outros países. Trata-se de um compromisso importante e admirável, porque persistem ainda muitas situações onde os seres humanos são tratados como objectos, dos quais se pode programar a concepção, a configuração e a utilidade, podendo depois ser jogados fora quando já não servem porque se tornaram frágeis, doentes ou velhos. Realmente que dignidade existe quando falta a possibilidade de exprimir livremente o pensamento próprio ou professar sem coerção a própria fé religiosa? Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder? Que dignidade poderáter um homem ou uma mulher tornados objecto de todo o género de discriminação? Que dignidade poderá encontrar uma pessoa que não tem o alimento ou o mínimo essencial para viver e, pior ainda, o trabalho que o unge de dignidade? Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrio de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses económicos. É preciso, porém, ter cuidado para não cair em alguns equívocos que podem surgir de um errado conceito de direitos humanos e de um abuso paradoxal dos mesmos. De facto, há hoje a tendência para uma reivindicação crescente de direitos individuais, que esconde uma concepção de pessoa humana separada de todo o contexto social e antropológico, quase como uma «mónada» (μονάς) cada vez mais insensível às outras «mónadas» ao seu redor. Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados aos dos outros e ao bem comum da própria sociedade. Por isso, considero que seja mais vital hoje do que nunca aprofundar uma cultura dos direitos humanos que possa sapientemente ligar a dimensão individual, ou melhor pessoal, à do bem comum, àquele «nós-todos» formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social[3]. Na realidade, se o direito de cada um não está harmoniosamente ordenado para o bem maior, acaba por conceber-se sem limitações e, por conseguinte, tornar-se fonte de conflitos e violências. Assim, falar da dignidade transcendente do homem significa apelar para a sua natureza, a sua capacidade inata de distinguir o bem do mal, para aquela «bússola» inscrita nos nossos corações e que Deus imprimiu no universo criado[4]; sobretudo significa olhar para o homem, não como um absoluto, mas como um ser relacional. Uma das doenças que, hoje, vejo mais difusa na Europa é a solidão, típica de quem está privado de vínculos. Vemo-la particularmente nos idosos, muitas vezes abandonados à sua sorte, bem como nos jovens privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro; vemo-la nos numerosos pobres que povoam as nossas cidades; vemo-la no olhar perdido dos imigrantes que vieram para cá à procura de um futuro melhor. Uma tal solidão foi, depois, agravada pela crise económica, cujos efeitos persistem ainda com consequências dramáticas do ponto de vista social. Pode-se também constatar que, no decurso dos últimos anos, a par do processo de alargamento da União Europeia, tem vindo a crescer a desconfiança dos cidadãos relativamente às instituições consideradas distantes, ocupadas a estabelecer regras vistas como distantes da sensibilidade dos diversos povos, se não mesmo prejudiciais. De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço e envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz. Daí que os grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de atracção, em favor do tecnicismo burocrático das suas instituições. A isto vêm juntar-se alguns estilos de vida um pouco egoístas, caracterizados por uma opulência actualmente insustentável e muitas vezes indiferente ao mundo circundante, sobretudo dos mais pobres. No centro do debate político, constata-se lamentavelmente a preponderância das questões técnicas e económicas em detrimento de uma autêntica orientação antropológica[5]. O ser humano corre o risco de ser reduzido a mera engrenagem dum mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado, de modo que a vida – como vemos, infelizmente, com muita frequência –, quando deixa de ser funcional para esse mecanismo, é descartada sem muitas delongas, como no caso dos doentes terminais, dos idosos abandonados e sem cuidados, ou das crianças mortas antes de nascer. É o grande equívoco que se verifica «quando prevalece a absolutização da técnica»[6], acabando por gerar «uma confusão entre fins e meios»[7],que é o resultado inevitável da «cultura do descarte» e do «consumismo exacerbado». Pelo contrário, afirmar a dignidade da pessoa significa reconhecer a preciosidade da vida humana, que nos é dada gratuitamente não podendo, por conseguinte, ser objecto de troca ou de comércio. Na vossa vocação de parlamentares, sois chamados também a uma grande missão, ainda que possa parecer não lucrativa: cuidar da fragilidade dos povos e das pessoas. Cuidar da fragilidade quer dizer força e ternura, luta e fecundidade no meio dum modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à «cultura do descarte». Cuidar da fragilidade das pessoas e dos povos significa guardara memória e a esperança; significa assumir o presente na sua situação mais marginal e angustiante e ser capaz de ungi-lo de dignidade[8]. Mas, então, como fazer para se devolver esperança ao futuro, de modo que, a partir das jovens gerações, se reencontre a confiança para perseguir o grande ideal de uma Europa unida e em paz, criativa e empreendedora, respeitadora dos direitos e consciente dos próprios deveres? Para responder a esta pergunta, permiti-me lançar mão de uma imagem. Um dos mais famosos afrescos de Rafael que se encontram no Vaticano representa a chamada Escola de Atenas. No centro, estão Platão e Aristóteles. O primeiro com o dedo apontando para o alto, para o mundo das ideias, poderíamos dizer para o céu; o segundo estende a mão para a frente, para o espectador, para a terra, a realidade concreta. Parece-me uma imagem que descreve bem a Europa e a sua história, feita de encontro permanente entre céu e terra, onde o céu indica a abertura ao transcendente, a Deus, que desde sempre caracterizou o homem europeu, e a terra representa a sua capacidade prática e concreta de enfrentar as situações e os problemas. O futuro da Europa depende da redescoberta do nexo vital e inseparável entre estes dois elementos. Uma Europa que já não seja capaz de se abrir à dimensão transcendente da vida é uma Europa que lentamente corre o risco deperder a sua própria alma e também aquele «espírito humanista» que naturalmente ama e defende. É precisamente a partir da necessidade de uma abertura ao transcendente que pretendo afirmar a centralidade da pessoa humana; caso contrário, fica à mercê das modas e dos poderes do momento. Neste sentido, considero fundamental não apenas o património que o cristianismo deixou no passado para a formação sociocultural do Continente, mas também e sobretudo a contribuição que pretende dar hoje e no futuro para o seu crescimento. Esta contribuição não constitui um perigo para a laicidade dos Estados e para a independência das instituições da União, mas um enriquecimento. Assim no-lo indicam os ideais que a formaram desde o início, tais como a paz, a subsidiariedade e a solidariedade mútua, um humanismo centrado no respeito pela dignidade da pessoa. Por isso, desejo renovar a disponibilidade da Santa Sé e da Igreja Católica, através da Comissão das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), a manter um diálogo profícuo, aberto e transparente com as instituições da União Europeia. De igual modo, estou convencido de que uma Europa que seja capaz de conservar as suas raízes religiosas, sabendo apreender a sua riqueza e potencialidades, pode mais facilmente também permanecer imune a tantos extremismos que campeiam no mundo actual – o que se fica a dever também ao grande vazio de ideais a que assistimos no chamado Ocidente –, pois «o que gera a violência não é a glorificação de Deus, mas o seu esquecimento»[9]. Não podemos deixar de recordar aqui as numerosas injustiças e perseguições que se abatem diariamente sobre as minorias religiosas, especialmente cristãs, em várias partes do mundo. Comunidades e pessoas estão a ser objecto de bárbaras violências: expulsas de suas casas e pátrias; vendidas como escravas; mortas, decapitadas, crucificadas e queimadas vivas, sob o silêncio vergonhoso e cúmplice de muitos. O lema da União Europeia é Unidade na diversidade, mas a unidade não significa uniformidade política, económica, cultural ou de pensamento. Na realidade, toda a unidade autêntica vive da riqueza das diversidades que a compõem: como uma família, que é tanto mais unida quanto mais cada um dos seus componentes pode ser ele próprio profundamente e sem medo. Neste sentido, considero que a Europa seja uma família de povos, os quais poderão sentir próximas as instituições da União se estas souberem conjugar sapientemente o ideal da unidade, por que se anseia, com a diversidade própria de cada um, valorizando as tradições individuais; tomando consciência da sua história e das suas raízes; libertando-se de tantas manipulações e fobias. Colocar no centro a pessoa humana significa, antes de mais nada, deixar que a mesma exprima livremente o próprio rosto e a própria criatividade tanto de indivíduo como de povo. Por outro lado, as peculiaridades de cada um constituem uma autêntica riqueza na medida em que são colocadas ao serviço de todos. É preciso ter sempre em mente a arquitectura própria da União Europeia, assente sobre os princípios de solidariedade e subsidiariedade, de tal modo que prevaleça a ajuda recíproca e seja possível caminhar animados por mútua confiança. Nesta dinâmica de unidade-particularidade, coloca-se também diante de vós, Senhores e Senhoras Eurodeputados, a exigência de cuidardes de manter viva a democracia dos povos da Europa. Não escapa a ninguém que uma concepção homologante da globalidade afecta a vitalidade do sistema democrático, depauperando do que tem de fecundo e construtivo o rico contraste das organizações e dos partidos políticos entre si. Deste modo, corre-se o risco de viver no reino da ideia, da mera palavra, da imagem, do sofisma… acabando por confundir a realidade da democracia com um novo nominalismo político. Manter viva a democracia na Europa exige que se evitem muitas «maneiras globalizantes» de diluir a realidade: os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os fundamentalismos a-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria[10]. Manter viva a realidade das democracias é um desafio deste momento histórico, evitando que a sua força real –força política expressiva dos povos–seja removida face à pressão de interesses multinacionais não universais, que as enfraquecem e transformam em sistemas uniformizadores de poder financeiro ao serviço de impérios desconhecidos. Este é um desafio que hoje vos coloca a história. Dar esperança à Europa não significa apenas reconhecer a centralidade da pessoa humana, mas implica também promover os seus dotes. Trata-se, portanto, de investir nela e nos âmbitos onde os seus talentos são formados e dão fruto. O primeiro âmbito é seguramente o da educação, a começar pela família, célula fundamental e elemento precioso de toda a sociedade. A família unida, fecunda e indissolúvel traz consigo os elementos fundamentais para dar esperança ao futuro. Sem uma tal solidez, acaba-se por construir sobre a areia, com graves consequências sociais. Aliás, sublinhar a importância da família não só ajuda a dar perspectivas e esperança às novas gerações, mas também a muitos idosos, frequentemente constrangidos a viver em condições de solidão e abandono, porque já não há o calor dum lar doméstico capaz de os acompanhar e apoiar. Ao lado da família, temos as instituições educativas: escolas e universidades. A educação não se pode limitar a fornecer um conjunto de conhecimentos técnicos, mas deve favorecer o processo mais complexo do crescimento da pessoa humana na sua totalidade. Os jovens de hoje pedem para ter uma formação adequada e completa, a fim de olharem o futuro com esperança e não com desilusão. Aliás são numerosas as potencialidades criativas da Europa em vários campos da pesquisa científica, alguns dos quais ainda não totalmente explorados. Basta pensar, por exemplo, nas fontes alternativas de energia, cujo desenvolvimento muito beneficiaria a defesa do meio ambiente. A Europa sempre esteve na vanguarda dum louvável empenho a favor da ecologia. De facto, esta nossa terra tem necessidade de cuidados e atenções contínuos e é responsabilidade de cada um preservar a criação, dom precioso que Deus colocou nas mãos dos homens. Isto significa, por um lado, que a natureza está à nossa disposição, podemos gozar e fazer bom uso dela; mas, por outro, significa que não somos os seus senhores. Guardiões, mas não senhores. Por isso, devemos amá-la e respeitá-la; mas, «ao contrário, somos frequentemente levados pela soberba do domínio, da posse, da manipulação, da exploração; não a “guardamos”, não a respeitamos, não a consideramos como um dom gratuito do qual cuidar»[11]. Mas, respeitar o ambiente não significa apenas limitar-se a evitar deturpá-lo, mas também utilizá-lo para o bem. Penso sobretudo no sector agrícola, chamado a dar apoio e alimento ao homem. Não se pode tolerar que milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares são descartadas diariamente das nossas mesas. Além disso, respeitar a natureza lembra-nos que o próprio homem é parte fundamental dela. Por isso, a par duma ecologia ambiental, é preciso a ecologia humana, feita daquele respeito pela pessoa que hoje vos pretendi recordar com as minhas palavras. O segundo âmbito em que florescem os talentos da pessoa humana é o trabalho. É tempo de promover as políticas de emprego, mas acima de tudo é necessário devolver dignidade ao trabalho, garantindo também condições adequadas para a sua realização. Isto implica, por um lado, encontrar novas maneiras para combinar a flexibilidade do mercado com as necessidades de estabilidade e certeza das perspectivas de emprego, indispensáveis para o desenvolvimento humano dos trabalhadores; por outro, significa fomentar um contexto social adequado, que não vise explorar as pessoas, mas garantir, através do trabalho, a possibilidade de construir uma família e educar os filhos. De igual forma, é necessário enfrentar juntos a questão migratória. Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! Nos barcos que chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam deacolhimento e ajuda. A falta de um apoio mútuo no seio da União Europeia arrisca-se a incentivar soluções particularistas para o problema, que não têm em conta a dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas tensões sociais. A Europa será capaz de enfrentar as problemáticas relacionadas com a imigração, se souber propor com clareza a sua identidade cultural e implementar legislações adequadas capazes de tutelar os direitos dos cidadãos europeus e, ao mesmo tempo, garantir o acolhimento dos imigrantes; se souber adoptar políticas justas, corajosas e concretas que ajudem os seus países de origem no desenvolvimento sociopolítico e na superação dos conflitos internos – a principal causa deste fenómeno – em vez das políticas interesseiras que aumentam e nutrem tais conflitos. É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre os efeitos. Senhor Presidente, Excelências, Senhoras e Senhores Deputados! A consciência da própria identidade é necessária também para dialogar de forma propositiva com os Estados que se candidataram à adesão à União Europeia no futuro. Penso sobretudo nos Estados da área balcânica, para os quais a entrada na União Europeia poderá dar resposta ao ideal da paz numa região que tem sofrido enormemente por causa dos conflitos do passado. Por fim, a consciência da própria identidade é indispensável nas relações com os outros países vizinhos, particularmente os que assomam ao Mediterrâneo, muitos dos quais sofrem por causa de conflitos internos e pela pressão do fundamentalismo religioso e do terrorismo internacional. A vós, legisladores, compete a tarefa de preservar e fazer crescer a identidade europeia, para que os cidadãos reencontrem confiança nas instituições da União e no projecto de paz e amizade que é o seu fundamento. Sabendo que, «quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária»[12], exorto-vos a trabalhar para que a Europa redescubra a sua alma boa. Um autor anónimo do século II escreveu que «os cristãos são no mundo o que a alma é para o corpo»[13]. A tarefa da alma é sustentar o corpo, ser a sua consciência e memória histórica. E uma história bimilenária liga a Europa eo cristianismo. Uma história não livre de conflitos e erros, mas sempre animada pelo desejo de construir o bem. Vemo-lona beleza das nossas cidades e, mais ainda, na beleza das múltiplas obras de caridade e de construção comum que constelam o Continente. Esta história ainda está, em grande parte, por escrever. Ela é o nosso presente e também o nosso futuro. É a nossa identidade. E a Europa tem uma necessidade imensa de redescobrir o seu rosto para crescer, segundo o espírito dos seus Pais fundadores, na paz e na concórdia, já que ela mesma não está ainda isenta dos conflitos.
A par duma União Europeia mais ampla, há também um mundo mais complexo e em intensa movimentação: um mundo cada vez mais interligado e global e, consequentemente, sempre menos «eurocêntrico». A uma União mais alargada, mais influente, parece contrapor-se a imagem duma Europa um pouco envelhecida e empachada, que tende a sentir-se menos protagonista num contexto que frequentemente a olha com indiferença, desconfiança e, por vezes, com suspeita. Hoje, falando-vos a partir da minha vocação de pastor, desejo dirigir a todos os cidadãos europeus uma mensagem de esperança e encorajamento. Uma mensagem de esperança assente na confiança de que as dificuldades podem revelar-se, fortemente, promotoras de unidade, para vencer todos os medos que a Europa – juntamente com o mundo inteiro– está a atravessar. Esperança no Senhor que transforma o mal em bem e a morte em vida. Encorajamento a voltar à firme convicção dos Pais fundadores da União Europeia, que desejavam um futuro assente na capacidade de trabalhar juntos para superar as divisões e promover a paz e a comunhão entre todos os povos do Continente. No centro deste ambicioso projecto político, estava a confiança no homem, não tanto como cidadão ou como sujeito económico, mas no homem como pessoa dotada de uma dignidade transcendente. Sinto obrigação, antes de mais nada, de sublinhar a ligação estreita que existe entre estas duas palavras: «dignidade» e «transcendente». «Dignidade» é a palavra-chave que caracterizou a recuperação após a Segunda Guerra Mundial. A nossa história recente caracteriza-se pela inegável centralidade da promoção da dignidade humana contra as múltiplas violências e discriminações que não faltaram, ao longo dos séculos, nem mesmo na Europa. A percepção da importância dos direitos humanos nasce precisamente como resultado de um longo caminho, feito também de muitos sofrimentos e sacrifícios, que contribuiu para formar a consciência da preciosidade, unicidade e irrepetibilidade de cada pessoa humana. Esta tomada de consciência cultural tem o seu fundamento não só nos acontecimentos da história, mas sobretudo no pensamento europeu, caracterizado por um rico encontro cujas numerosas e distantes fontes provêm «da Grécia e de Roma, de substratos celtas, germânicos e eslavos, e do cristianismo que os plasmou profundamente»[2], dando origem precisamente ao conceito de «pessoa». Hoje, a promoção dos direitos humanos ocupa um papel central no empenho da União Europeia que visa promover a dignidade da pessoa, tanto no âmbito interno como nas relações com os outros países. Trata-se de um compromisso importante e admirável, porque persistem ainda muitas situações onde os seres humanos são tratados como objectos, dos quais se pode programar a concepção, a configuração e a utilidade, podendo depois ser jogados fora quando já não servem porque se tornaram frágeis, doentes ou velhos. Realmente que dignidade existe quando falta a possibilidade de exprimir livremente o pensamento próprio ou professar sem coerção a própria fé religiosa? Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder? Que dignidade poderáter um homem ou uma mulher tornados objecto de todo o género de discriminação? Que dignidade poderá encontrar uma pessoa que não tem o alimento ou o mínimo essencial para viver e, pior ainda, o trabalho que o unge de dignidade? Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrio de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses económicos. É preciso, porém, ter cuidado para não cair em alguns equívocos que podem surgir de um errado conceito de direitos humanos e de um abuso paradoxal dos mesmos. De facto, há hoje a tendência para uma reivindicação crescente de direitos individuais, que esconde uma concepção de pessoa humana separada de todo o contexto social e antropológico, quase como uma «mónada» (μονάς) cada vez mais insensível às outras «mónadas» ao seu redor. Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados aos dos outros e ao bem comum da própria sociedade. Por isso, considero que seja mais vital hoje do que nunca aprofundar uma cultura dos direitos humanos que possa sapientemente ligar a dimensão individual, ou melhor pessoal, à do bem comum, àquele «nós-todos» formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social[3]. Na realidade, se o direito de cada um não está harmoniosamente ordenado para o bem maior, acaba por conceber-se sem limitações e, por conseguinte, tornar-se fonte de conflitos e violências. Assim, falar da dignidade transcendente do homem significa apelar para a sua natureza, a sua capacidade inata de distinguir o bem do mal, para aquela «bússola» inscrita nos nossos corações e que Deus imprimiu no universo criado[4]; sobretudo significa olhar para o homem, não como um absoluto, mas como um ser relacional. Uma das doenças que, hoje, vejo mais difusa na Europa é a solidão, típica de quem está privado de vínculos. Vemo-la particularmente nos idosos, muitas vezes abandonados à sua sorte, bem como nos jovens privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro; vemo-la nos numerosos pobres que povoam as nossas cidades; vemo-la no olhar perdido dos imigrantes que vieram para cá à procura de um futuro melhor. Uma tal solidão foi, depois, agravada pela crise económica, cujos efeitos persistem ainda com consequências dramáticas do ponto de vista social. Pode-se também constatar que, no decurso dos últimos anos, a par do processo de alargamento da União Europeia, tem vindo a crescer a desconfiança dos cidadãos relativamente às instituições consideradas distantes, ocupadas a estabelecer regras vistas como distantes da sensibilidade dos diversos povos, se não mesmo prejudiciais. De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço e envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz. Daí que os grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de atracção, em favor do tecnicismo burocrático das suas instituições. A isto vêm juntar-se alguns estilos de vida um pouco egoístas, caracterizados por uma opulência actualmente insustentável e muitas vezes indiferente ao mundo circundante, sobretudo dos mais pobres. No centro do debate político, constata-se lamentavelmente a preponderância das questões técnicas e económicas em detrimento de uma autêntica orientação antropológica[5]. O ser humano corre o risco de ser reduzido a mera engrenagem dum mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado, de modo que a vida – como vemos, infelizmente, com muita frequência –, quando deixa de ser funcional para esse mecanismo, é descartada sem muitas delongas, como no caso dos doentes terminais, dos idosos abandonados e sem cuidados, ou das crianças mortas antes de nascer. É o grande equívoco que se verifica «quando prevalece a absolutização da técnica»[6], acabando por gerar «uma confusão entre fins e meios»[7],que é o resultado inevitável da «cultura do descarte» e do «consumismo exacerbado». Pelo contrário, afirmar a dignidade da pessoa significa reconhecer a preciosidade da vida humana, que nos é dada gratuitamente não podendo, por conseguinte, ser objecto de troca ou de comércio. Na vossa vocação de parlamentares, sois chamados também a uma grande missão, ainda que possa parecer não lucrativa: cuidar da fragilidade dos povos e das pessoas. Cuidar da fragilidade quer dizer força e ternura, luta e fecundidade no meio dum modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à «cultura do descarte». Cuidar da fragilidade das pessoas e dos povos significa guardara memória e a esperança; significa assumir o presente na sua situação mais marginal e angustiante e ser capaz de ungi-lo de dignidade[8]. Mas, então, como fazer para se devolver esperança ao futuro, de modo que, a partir das jovens gerações, se reencontre a confiança para perseguir o grande ideal de uma Europa unida e em paz, criativa e empreendedora, respeitadora dos direitos e consciente dos próprios deveres? Para responder a esta pergunta, permiti-me lançar mão de uma imagem. Um dos mais famosos afrescos de Rafael que se encontram no Vaticano representa a chamada Escola de Atenas. No centro, estão Platão e Aristóteles. O primeiro com o dedo apontando para o alto, para o mundo das ideias, poderíamos dizer para o céu; o segundo estende a mão para a frente, para o espectador, para a terra, a realidade concreta. Parece-me uma imagem que descreve bem a Europa e a sua história, feita de encontro permanente entre céu e terra, onde o céu indica a abertura ao transcendente, a Deus, que desde sempre caracterizou o homem europeu, e a terra representa a sua capacidade prática e concreta de enfrentar as situações e os problemas. O futuro da Europa depende da redescoberta do nexo vital e inseparável entre estes dois elementos. Uma Europa que já não seja capaz de se abrir à dimensão transcendente da vida é uma Europa que lentamente corre o risco deperder a sua própria alma e também aquele «espírito humanista» que naturalmente ama e defende. É precisamente a partir da necessidade de uma abertura ao transcendente que pretendo afirmar a centralidade da pessoa humana; caso contrário, fica à mercê das modas e dos poderes do momento. Neste sentido, considero fundamental não apenas o património que o cristianismo deixou no passado para a formação sociocultural do Continente, mas também e sobretudo a contribuição que pretende dar hoje e no futuro para o seu crescimento. Esta contribuição não constitui um perigo para a laicidade dos Estados e para a independência das instituições da União, mas um enriquecimento. Assim no-lo indicam os ideais que a formaram desde o início, tais como a paz, a subsidiariedade e a solidariedade mútua, um humanismo centrado no respeito pela dignidade da pessoa. Por isso, desejo renovar a disponibilidade da Santa Sé e da Igreja Católica, através da Comissão das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), a manter um diálogo profícuo, aberto e transparente com as instituições da União Europeia. De igual modo, estou convencido de que uma Europa que seja capaz de conservar as suas raízes religiosas, sabendo apreender a sua riqueza e potencialidades, pode mais facilmente também permanecer imune a tantos extremismos que campeiam no mundo actual – o que se fica a dever também ao grande vazio de ideais a que assistimos no chamado Ocidente –, pois «o que gera a violência não é a glorificação de Deus, mas o seu esquecimento»[9]. Não podemos deixar de recordar aqui as numerosas injustiças e perseguições que se abatem diariamente sobre as minorias religiosas, especialmente cristãs, em várias partes do mundo. Comunidades e pessoas estão a ser objecto de bárbaras violências: expulsas de suas casas e pátrias; vendidas como escravas; mortas, decapitadas, crucificadas e queimadas vivas, sob o silêncio vergonhoso e cúmplice de muitos. O lema da União Europeia é Unidade na diversidade, mas a unidade não significa uniformidade política, económica, cultural ou de pensamento. Na realidade, toda a unidade autêntica vive da riqueza das diversidades que a compõem: como uma família, que é tanto mais unida quanto mais cada um dos seus componentes pode ser ele próprio profundamente e sem medo. Neste sentido, considero que a Europa seja uma família de povos, os quais poderão sentir próximas as instituições da União se estas souberem conjugar sapientemente o ideal da unidade, por que se anseia, com a diversidade própria de cada um, valorizando as tradições individuais; tomando consciência da sua história e das suas raízes; libertando-se de tantas manipulações e fobias. Colocar no centro a pessoa humana significa, antes de mais nada, deixar que a mesma exprima livremente o próprio rosto e a própria criatividade tanto de indivíduo como de povo. Por outro lado, as peculiaridades de cada um constituem uma autêntica riqueza na medida em que são colocadas ao serviço de todos. É preciso ter sempre em mente a arquitectura própria da União Europeia, assente sobre os princípios de solidariedade e subsidiariedade, de tal modo que prevaleça a ajuda recíproca e seja possível caminhar animados por mútua confiança. Nesta dinâmica de unidade-particularidade, coloca-se também diante de vós, Senhores e Senhoras Eurodeputados, a exigência de cuidardes de manter viva a democracia dos povos da Europa. Não escapa a ninguém que uma concepção homologante da globalidade afecta a vitalidade do sistema democrático, depauperando do que tem de fecundo e construtivo o rico contraste das organizações e dos partidos políticos entre si. Deste modo, corre-se o risco de viver no reino da ideia, da mera palavra, da imagem, do sofisma… acabando por confundir a realidade da democracia com um novo nominalismo político. Manter viva a democracia na Europa exige que se evitem muitas «maneiras globalizantes» de diluir a realidade: os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os fundamentalismos a-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria[10]. Manter viva a realidade das democracias é um desafio deste momento histórico, evitando que a sua força real –força política expressiva dos povos–seja removida face à pressão de interesses multinacionais não universais, que as enfraquecem e transformam em sistemas uniformizadores de poder financeiro ao serviço de impérios desconhecidos. Este é um desafio que hoje vos coloca a história. Dar esperança à Europa não significa apenas reconhecer a centralidade da pessoa humana, mas implica também promover os seus dotes. Trata-se, portanto, de investir nela e nos âmbitos onde os seus talentos são formados e dão fruto. O primeiro âmbito é seguramente o da educação, a começar pela família, célula fundamental e elemento precioso de toda a sociedade. A família unida, fecunda e indissolúvel traz consigo os elementos fundamentais para dar esperança ao futuro. Sem uma tal solidez, acaba-se por construir sobre a areia, com graves consequências sociais. Aliás, sublinhar a importância da família não só ajuda a dar perspectivas e esperança às novas gerações, mas também a muitos idosos, frequentemente constrangidos a viver em condições de solidão e abandono, porque já não há o calor dum lar doméstico capaz de os acompanhar e apoiar. Ao lado da família, temos as instituições educativas: escolas e universidades. A educação não se pode limitar a fornecer um conjunto de conhecimentos técnicos, mas deve favorecer o processo mais complexo do crescimento da pessoa humana na sua totalidade. Os jovens de hoje pedem para ter uma formação adequada e completa, a fim de olharem o futuro com esperança e não com desilusão. Aliás são numerosas as potencialidades criativas da Europa em vários campos da pesquisa científica, alguns dos quais ainda não totalmente explorados. Basta pensar, por exemplo, nas fontes alternativas de energia, cujo desenvolvimento muito beneficiaria a defesa do meio ambiente. A Europa sempre esteve na vanguarda dum louvável empenho a favor da ecologia. De facto, esta nossa terra tem necessidade de cuidados e atenções contínuos e é responsabilidade de cada um preservar a criação, dom precioso que Deus colocou nas mãos dos homens. Isto significa, por um lado, que a natureza está à nossa disposição, podemos gozar e fazer bom uso dela; mas, por outro, significa que não somos os seus senhores. Guardiões, mas não senhores. Por isso, devemos amá-la e respeitá-la; mas, «ao contrário, somos frequentemente levados pela soberba do domínio, da posse, da manipulação, da exploração; não a “guardamos”, não a respeitamos, não a consideramos como um dom gratuito do qual cuidar»[11]. Mas, respeitar o ambiente não significa apenas limitar-se a evitar deturpá-lo, mas também utilizá-lo para o bem. Penso sobretudo no sector agrícola, chamado a dar apoio e alimento ao homem. Não se pode tolerar que milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares são descartadas diariamente das nossas mesas. Além disso, respeitar a natureza lembra-nos que o próprio homem é parte fundamental dela. Por isso, a par duma ecologia ambiental, é preciso a ecologia humana, feita daquele respeito pela pessoa que hoje vos pretendi recordar com as minhas palavras. O segundo âmbito em que florescem os talentos da pessoa humana é o trabalho. É tempo de promover as políticas de emprego, mas acima de tudo é necessário devolver dignidade ao trabalho, garantindo também condições adequadas para a sua realização. Isto implica, por um lado, encontrar novas maneiras para combinar a flexibilidade do mercado com as necessidades de estabilidade e certeza das perspectivas de emprego, indispensáveis para o desenvolvimento humano dos trabalhadores; por outro, significa fomentar um contexto social adequado, que não vise explorar as pessoas, mas garantir, através do trabalho, a possibilidade de construir uma família e educar os filhos. De igual forma, é necessário enfrentar juntos a questão migratória. Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! Nos barcos que chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam deacolhimento e ajuda. A falta de um apoio mútuo no seio da União Europeia arrisca-se a incentivar soluções particularistas para o problema, que não têm em conta a dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas tensões sociais. A Europa será capaz de enfrentar as problemáticas relacionadas com a imigração, se souber propor com clareza a sua identidade cultural e implementar legislações adequadas capazes de tutelar os direitos dos cidadãos europeus e, ao mesmo tempo, garantir o acolhimento dos imigrantes; se souber adoptar políticas justas, corajosas e concretas que ajudem os seus países de origem no desenvolvimento sociopolítico e na superação dos conflitos internos – a principal causa deste fenómeno – em vez das políticas interesseiras que aumentam e nutrem tais conflitos. É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre os efeitos. Senhor Presidente, Excelências, Senhoras e Senhores Deputados! A consciência da própria identidade é necessária também para dialogar de forma propositiva com os Estados que se candidataram à adesão à União Europeia no futuro. Penso sobretudo nos Estados da área balcânica, para os quais a entrada na União Europeia poderá dar resposta ao ideal da paz numa região que tem sofrido enormemente por causa dos conflitos do passado. Por fim, a consciência da própria identidade é indispensável nas relações com os outros países vizinhos, particularmente os que assomam ao Mediterrâneo, muitos dos quais sofrem por causa de conflitos internos e pela pressão do fundamentalismo religioso e do terrorismo internacional. A vós, legisladores, compete a tarefa de preservar e fazer crescer a identidade europeia, para que os cidadãos reencontrem confiança nas instituições da União e no projecto de paz e amizade que é o seu fundamento. Sabendo que, «quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária»[12], exorto-vos a trabalhar para que a Europa redescubra a sua alma boa. Um autor anónimo do século II escreveu que «os cristãos são no mundo o que a alma é para o corpo»[13]. A tarefa da alma é sustentar o corpo, ser a sua consciência e memória histórica. E uma história bimilenária liga a Europa eo cristianismo. Uma história não livre de conflitos e erros, mas sempre animada pelo desejo de construir o bem. Vemo-lona beleza das nossas cidades e, mais ainda, na beleza das múltiplas obras de caridade e de construção comum que constelam o Continente. Esta história ainda está, em grande parte, por escrever. Ela é o nosso presente e também o nosso futuro. É a nossa identidade. E a Europa tem uma necessidade imensa de redescobrir o seu rosto para crescer, segundo o espírito dos seus Pais fundadores, na paz e na concórdia, já que ela mesma não está ainda isenta dos conflitos.
Queridos Eurodeputados, chegou a hora de construir juntos a Europa que gira,não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis; a Europa que abraça com coragem o seu passado e olha com confiança o seu futuro, para viver plenamente e com esperança o seu presente. Chegou o momento de abandonar a ideia de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a Europa que assiste, defende e tutela o homem; a Europa que caminha na terra segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade!
Obrigado!
[1]Discurso ao Parlamento Europeu(11 de Outubro de 1988), 5.
[2]JOÃO PAULO II, Discurso à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (8 de Outubrode 1988), 2.
[3]Cf. BENTO XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 7; CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. Gaudium et spes, 26.
[4]Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 37.
[5]Cf. Carta ap. Evangelii gaudium (24 de Novembro de 2013), 55.
[6]BENTO XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 71.
[7]Ibid., 71.
[8]Cf. Carta ap. Evangelii gaudium, 209.
[9]BENTO XVI, Discurso aos Membros do Corpo Diplomático (7 de Janeiro de 2013).
[10]Cf.Carta enc. Evangelii gaudium, 231.
[11]FRANCISCO, Audiência Geral (5 de Junho de 2013).
[12]CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. Gaudium et spes, 34.
[13]Carta a Diogneto, 6.
quarta-feira, novembro 26, 2014
terça-feira, novembro 25, 2014
o fado sentido
Apresento-vos hoje um novo fadista - António Pelarigo. O fado em estado natural. Sentido, vindo das raízes, do povo, arranhando a garfanta, docemente. Com letra de Rosa Lobato Faria e música de José Cid, o fado 'Quem me quiser'.
domingo, novembro 23, 2014
caravelas e naus
Quer saber como se construíam as caravelas e as naus? Não vai construi nenhuma, mas o saber é melhor do que a ignorância.
sábado, novembro 22, 2014
eduardo galeano e os indignados
Embora seja uma entrevista antiga, de Maio de 2011, parece-me mais que justificado continuar a considerá-la actual e a não perder.
Eduardo Galeano é o intelectual respeitado, lúcido, esclarecido e lutador a que nos habituou e aqui o confirma, na entrevista dada ao programa Singulars, de TV3, de Barcelona.
sexta-feira, novembro 21, 2014
animusic
Há máquinas para tudo. Mas nada se assemelha às que não dispensam a presença do homem. O autómato garante-nos a repetição correcta e igual a todas. O homem, nada nos garante, mas vai do bom ao irrepetível. Eu prefiro estes.
quinta-feira, novembro 20, 2014
segunda-feira, novembro 17, 2014
domingo, novembro 16, 2014
juanito
Embora tenha perdido actualidade, não perdeu a graça do chiste espanhol. No tempo próprio esteve indisponível e agora já se pode ver. Por isso, aqui o deixo.
sábado, novembro 15, 2014
o último dia de pompeia ac
A reconstituição possível da destruição de Pompeia, arrasada pelo Vesúvio e contada por Plínio o Moço, segundo a tecnologia actual. Não passa de uma ideia do que terá sido, mas mesmo assim vale a pena ver e imaginar.
sexta-feira, novembro 14, 2014
quarta-feira, novembro 12, 2014
rastos do tempo
O fim do mundo rural, tal como era e agora finda. Da tristeza do fim, ressaltam e impõem-se os rostos marcados, sofridos, dignos, na sua autenticidade.
terça-feira, novembro 11, 2014
juca chaves e jô aos setenta
Repasso uma preciosidade do humor brasileiro. Sem comentários, por desnecessários.
segunda-feira, novembro 10, 2014
a amazónia e a biosfera
Interessante apresentação TED de António Donato Nobre sobre a Amazónia e a biodiversidade. É a inteligência e a fala esclarecida deste professor universitário que nos fala do que alguns de nós sabem superficialmente e nos deixa espantados com a imensa ignorância que afinal temos sobre aquilo que pensávamos conhecer. Não deixem de o ouvir e ver o que vos mostra.
domingo, novembro 09, 2014
ilusão geométrica
Se não se pudesse demonstrar, poucos acreditariam.
Todas as 8 bolas demoram o mesmo tempo a percorrer o seu trajecto (2 vezes o diâmetro da círculo exterior) e começam desfasadas da seguinte 1/16 avos desse período de tempo. Fácil de explicar mas menos fácil de imaginar pela primeira vez! As 8 esferas que parecem rodar dentro do círculo desloca-se, sempre e só, no mesmo eixo longitudinal.
sábado, novembro 08, 2014
sábado, novembro 01, 2014
deviam estar todos presos
Repasso este texto de Nicolau Santos, que questiona o que tem que ser questionado. E, tu deixas?, pergunta Nicolau, no fim do texto. E, tu deixas?, pergunto eu, agora.
Deviam estar todos presos
Até agora considerava-se que, entre todos os bancos portugueses que tiveram problemas, só o BPN era verdadeiramente um caso de polícia. Mas à medida que se conhecem mais pormenores sobre o que se passou nos últimos meses no BES cada vez temos mais a certeza que estamos perante um segundo caso de polícia. Daí a pergunta: porque é que não estão todos presos?
Se não, vejamos. Depois de ter sido proibido pelo Banco de Portugal de continuar a conceder novos créditos ao Grupo Espírito Santo a partir de Janeiro deste ano, o BES continuou a fazê-lo - e, segundo as indicações, fê-lo no montante de 1,2 mil milhões de euros. E das duas uma: ou fê-lo com conhecimento de toda a administração, que sabia da proibição do Banco de Portugal; ou fê-lo por decisão de apenas duas pessoas - Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires.
No primeiro caso, todos deviam estar já presos; no segundo, os dois deviam estar detidos. Para além de desobedecerem ao banco central, lesaram gravemente o património do banco, sabendo conscientemente que o estavam a fazer.
Quanto aos outros membros do conselho de administração, se não foram coniventes, foram pelo menos incompetentes. Tinham responsabilidades em várias áreas de controlo da actividade do banco e ou não deram por nada ou, se deram, não fizeram nada. Por isso, fez muito bem o Banco de Portugal em afastar Joaquim Goes, António Souto e Rui Silveira.
Mas e a Tranquilidade? A Tranquilidade que também continuou a investir em empresas do GES este ano sabendo do estado em que se encontravam? O presidente executivo Pedro Brito e Cunha, que é primo de Ricardo Salgado, tomou essas decisões com base em quê? Na relação familiar, como é óbvio. Devia estar detido igualmente.
Lesou gravemente e de forma consciente o património da seguradora. E Rui Leão Martinho, o presidente não executivo da Tranquilidade e ex-presidente do Instituto de Seguros de Portugal, não sabia de nada?
De novo, das duas uma: ou é incompetente ou foi conivente. Em qualquer caso, já se devia ter demitido ou ter sido demitido. Mas a verdade é que o Instituto de Seguros de Portugal parece estar perdido em combate. O presidente José Almaça não tem nada para dizer? Não tem nada para fazer?
Já agora, António Souto, que o BdP suspendeu da administração do BES é membro do conselho de administração da Tranquilidade. Vai continuar neste cargo? E Rui Silveira, igualmente afastado da administração do BES, é do conselho fiscal da Tranquilidade. Também se vai manter na seguradora?
Por tudo isto se vê o polvo em que se tornou o GES, tendo no seu centro o BES. Nem todos têm as mesmas responsabilidades. Mas há vários dos seus dirigentes que já deviam estar detidos e sem direito a caução pelos danos que estão a causar a muitos dos que neles País confiaram e ao próprio País.
Então, a pergunta é:
- Porque é que não estão todos presos?
E a resposta, óbvia, só pode ser:
- Porque eles são, de facto, os donos disto tudo. Das leis, da Justiça, dos governos, do parlamento. E, por consequência, de todos nós.
Não ouviram, na passada terça-feira, na Assembleia da República, a propósito destruição da PT devido ao caso BES – e às opções dos seus gurus – Pedro Passos Coelho dizer que não é nada com ele? Mesmo que o país perca milhões com isso, nacionalizar está fora de questão? Só se podem nacionalizar os prejuízos, não é verdade?!
E tu deixas…?
quinta-feira, outubro 09, 2014
primeiro mundo ou fim do mundo?
Talvez mereça um texto filosófico. Talvez exija metafísica e ética. Talvez eu me disponha a voltar ao assunto e a perder com estas coisas...
COISA DE PRIMEIRO MUNDO
«Curiosidade...
Agora a moda é, em vez de ser enterrado em um caixão, ou ser cremado, virar diamante após a morte.
Ao custo de alguns milhares de euros e graças a uma sofisticada transformação química, uma empresa suíça
agora garante ao falecido reservar seu lugar na eternidade sob a forma de um diamante humano.
Na Suíça, a empresa Algordanza recebe a cada mês entre 40 e 50 urnas funerárias procedentes de todo o mundo.
Seu conteúdo será pacientemente transformado em pedra preciosa.
'Quinhentos gramas de cinzas bastam para fazer um diamante, enquanto o corpo humano deixa uma média de 2,5 a 3 kg depois da cremação',
explica Rinaldo Willy, um dos co-fundadores do laboratório onde as máquinas funcionam sem interrupção 24 horas por dia.
Ou seja, cada defunto pode gerar uns 5 diamantes, ou mais, dá para distribuir para toda família.
Os restos humanos são submetidos a várias etapas de transformação. Primeiro, viram carbono, depois grafite.
Em seguida são expostos a temperaturas de 1.700 graus, finalmente se transformam em diamantes artificiais num
prazo de quatro a seis semanas. Na natureza, o mesmo processo leva milênios.
'Cada diamante é único. A cor varia do azul escuro até quase branco. É um reflexo da personalidade', comenta Willy.
A personalidade pela cor? Que coisa doida!
Uma vez obtido, o diamante bruto é polido e talhado na forma desejada pelos familiares do falecido para depois ser usado num anel ou num cordão.
Já pensou poder levar seu ente querido, depois da morte, em um colar ou anel? Se perguntarem sobre o falecido você vai poder dizer: 'Ele é uma jóia'.
Se roubarem o diamante é que é o problema, você vai ter que gritar: 'Roubaram o defunto, pega ladrão'!
O preço desta alma translúcida oscila entre 2.800 e 10.600 euros, segundo o peso da pedra (de 0,25 a um quilate), o que, segundo
Willy, vale a pena, já que um enterro completo custa, por exemplo, 12.000 euros na Alemanha.
Está vendo, a moda tem tudo para pegar, é até mais barato transformar o defunto em jóia!
A indústria do 'diamante humano' está em plena expansão, com empresas instaladas na Espanha, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos.
A mobilidade da vida moderna é propícia para o setor, explica Willy, que destaca a dificuldade de se deslocar com uma urna funerária
ou o melindre provocado por guardar as cinzas de um falecido na própria casa».
quarta-feira, outubro 08, 2014
quinta-feira, outubro 02, 2014
como era diferente o carnaval no rio
Como era diferente o Carnaval no Rio de Janeiro em 1954. Descubram as diferenças.
Como escreveu a mão amiga que mo enviou -
«O mais interessante: todo mundo era magro. Só aparece uma gordinha em todo o filme. Todo mundo comia arroz , feijão, batata, ovo e outros alimentos naturais...
Deem uma pausa na chegada de Getulio Vargas e poderão observar seu guarda costas pessoal - Gregorio Fortunato (de chapéu Panamá) - que veio a ser responsabilizado pelo atentado a Carlos Lacerda desencadeando o suicídio de Getulio, mergulhado no 'Mar de Lama", em 24 de agosto, desse mesmo ano.
Vocês não verão ninguém "pelado".
E o lança perfume? Era liberado.
Os desfiles com carros alegóricos eram apresentados pelas chamadas "Grandes Sociedades" que eram agremiações que desfilavam na 3a. feira.
Não havia violência e o povão se divertia sem gastar dinheiro.
O baile do Municipal e do Copacabana Palace era a rigor. Os homens pulavam de smoking e summer.
E as escolas de samba ainda estavam na pré-história do carnaval. Observem a precariedade das armações»,
bonecos e alegorias.
terça-feira, setembro 30, 2014
recordar o fantasma .. da ópera
Quem viu, pode recordar. Quem não viu, vai gostar, com certeza. Andrew Lloyd Webber, autor deste e outros musicais assiste. O nome dos cantores pode ler-se no vídeo.
segunda-feira, setembro 29, 2014
uma delícia
Uma menina de nove anos, Amira Willighagen, canta 'o mio bambino caro' no Factor X, na Holanda. Conservem-na, mas poupem-lhe a voz, antes que se estrague.
sábado, setembro 27, 2014
salut salon
Aqui fica o Quarteto Salut Salon de Hamburgo. Começou como um dueto constituído por Angelika Bachmann e Iris Siegfried, A elas juntaram-se em 2008, a pianista Anne-Monika von Twardowski e a violoncelista Sonja Lena Schmid . Pode dizer-se que são a versão feminina do Mozart Group, da Polónia. Eles têm muito humor, imagimação e técnica. Elas têm tudo isso e mais alguma coisa.
quarta-feira, setembro 24, 2014
a ribeira das naus
Lisboa está diferente. Mais virada ao rio, ao ar livre. E mais europeia, se esta afirmação não soar contraditória. A Ribeira das Naus, finalmente.
segunda-feira, setembro 22, 2014
vale ouro e é ecológica
As informações que aqui deixo não são minhas, mas penso serem seguras. Nem tudo que luz é ouro, mas há sempre um princípio.
Parece uma coisa do arco da velha mas não é. Trata-se de usar a conhecidíssima técnica da pirólise. Implica a separação prévia do PVC, o que torna o processo menos atraente do que aquilo que nos mostram. Mas é, de facto, auto-sustentável, ou seja, produz mais energia do que aquela que absorve. Sim, porque a energia para aquecer os plásticos tem que ser descontada naquela que é produzida no final. Quem tiver curiosidade para estas coisas e quiser saber um pouco mais pode pesquisar em PIRÓLISE e PIRÓLISE LIXO e vai fartar-se de ler sobre isto.
Recomendação final: SE COMPRAREM UMA MÁQUINA DAQUELAS NÃO DEITEM O PRODUCTO OBTIDO NO DEPÓSITO DO VOSSO CARRO! (HÁ UM LONGO CAMINHO A PERCORRER ENTRE UMA COISA E A OUTRA!)
domingo, setembro 21, 2014
camelo ou corda grossa, tanto faz
Já publicada há algum tempo esta crónica de Ricardo Araújo Pereira na Visão, continua actual e eficaz. Aqui a deixo para quem não teve o prazer de a ter lido quando foi publicada.
De acordo com Jesus Cristo, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Quem já tentou fazer um camelo passar pelo buraco de uma agulha tem a noção exacta da dificuldade da tarefa, sobretudo se usou o mesmo método que se aplica às linhas, e que consiste em humedecer-lhes a ponta. Humedecer a cabeça de um camelo exige alguma coragem, muita salivação e um bom elixir oral. Cirilo de Alexandria acreditava que as palavras do Messias tinham sido mal reproduzidas. Em grego, o vocábulo que designa camelo (kamelos) é muito parecido com o que designa corda (kamilos), e quem registou as declarações do Senhor pode ter feito confusão (já se sabe como são os jornalistas). Uma vez que uma corda também não passa facilmente pelo buraco de uma agulha, os ricos foram forçados a engendrar uma estratégia para entrar no reino dos céus, a saber: não possuir quaisquer bens em seu nome.
O rico moderno tem menos bens em seu nome do que São Francisco de Assis. A questão, portanto, não é tanto a de saber para onde vão os ricos quando desaparecem. O que deve ocupar os teólogos é descobrir para onde vão os euros quando desaparecem. Nunca me desapareceu um rico, mas desaparecem-me euros todos os dias. Sobretudo, é difícil responder às questões que as crianças nos colocam a este respeito. "Papá, o dinheiro que tinhas no chamado banco mau para onde foi?" "Onde estão as poupanças que o avô foi convencido a investir nas empresas do grupo BES?"
"O meu dinheiro também vai desaparecer?" São inquietações para as quais não temos resposta clara. Dizemos apenas que não sabemos onde o dinheiro está. "Mas o Cavaco não tinha dito que os portugueses podiam confiar no BES, papá?" Não convém deixar as crianças assistir aos noticiários. É muito cedo para elas aprenderem a lidar com a perda. Mais tarde poderemos dizer-lhes que o desaparecimento do dinheiro é uma parte da nossa vida financeira, e que o máximo que podemos fazer é protege-lo de uns gatunos entregando-o a outros. Mas, para já, teremos de esperar que a ciência seja capaz de determinar claramente para onde vai o dinheiro que desaparece. Com a justiça, aparentemente, não contamos. Entretanto, teremos de contar às crianças as mentiras piedosas do costume. Que o dinheiro desapareceu mas vive agora num banco muito bonito, com inúmeras outras notas. Que tem uma vida de grandes investimentos que nós não lhe podíamos proporcionar. Enfim, que está no paraíso. No paraíso fiscal, evidentemente.
sábado, setembro 20, 2014
ginástica, coreografia e beleza
Um espectacular número de ginástica e dança, exibido na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos para jovens - 2014, na China.
Esta exibição contava com 500 jovens e as imagens caleidoscópicas que nos mostram são de espantosa beleza.
quarta-feira, setembro 17, 2014
domingo, setembro 14, 2014
sábado, setembro 13, 2014
ouçam quem sabe do que fala
Pacheco Pereira no seu melhor, tal como ele é - esclarecido, culto, inteligente e claro.
quarta-feira, setembro 10, 2014
pedro jóia trio
Provavelmente nunca os ouviu. Acredite que vai gostar e se vai pergintar porque não têm a difusão devida.
domingo, setembro 07, 2014
brindisi em som africano
Desconheço o nome dos cantores, mas garanto a qualidade. Uma belíssima interpretação da área Brindisi, da Traviata, do grande Verdi.
sexta-feira, setembro 05, 2014
quinta-feira, setembro 04, 2014
uma recordação inesquecível
Onde se misturam tempos, lugares, músicas, experiências inesquecíveis. Era com a música de Sidney Bechet que abriam e fechavam os meus programas de 'Poesia, Música e Teatro - Trilogia Necessária' no Emissor Regional de Cabinda, da Emissora Nacional, durante os dez meses em que terminei a minha comissão militar como cirurgião e director de serviço, depois dos 41 meses passados na cidade do Luso, centro da guerra e das suas desgraças. O que tem isto a ver com Paris?
Eu sei.
segunda-feira, setembro 01, 2014
domingo, agosto 31, 2014
qualquer dia dormem connosco
Parece que a EDP se prepara para instalar estes contadores 'inteligentes'. Para já fica este aviso à
navegação.
sábado, agosto 30, 2014
o quarteto mais antigo do mundo
É bom quando se envelhece assim. Quando aos 93 anos ainda se consegue cantar a duas vozes..
..
sexta-feira, agosto 29, 2014
em defesa da língua
Segundo o Jornal Público o Jornal de Angola volta a criticar Portugal por causa da Guiné Equatorial. É a segunda vez em três dias que o editorial daquela publicação fala contra Portugal. Vejamos o que ali se diz.
«
O Jornal de Angola volta esta quinta-feira a criticar Portugal, pela segunda vez em três dias, e novamente sobre a Guiné Equatorial, acusando os portugueses de darem "lições de democracia" quando no país "há crianças a morrer de fome".
Em causa está a adesão da Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola em África, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), concretizada quarta-feira na Cimeira de Díli, em Timor-Leste, apesar das dúvidas lançadas a partir de Portugal.
"Os portugueses têm um grande orgulho na expansão marítima da qual resultou o seu império. Mas agora há países e povos que guardam a memória desse passado comum e querem pertencer à CPLP. Alguns renegam esse passado e opõem-se ao alargamento da organização. São demasiado pequenos para a grandeza da Língua Portuguesa", afirma o editorial.
No texto, intitulado "A grandeza da língua", o diário estatal recorda que parte do território da Guiné Equatorial "já foi colónia portuguesa" e que a ilha de Fernando Pó [actual Bioko] recebeu o nome do navegador português, o mesmo acontecendo com a ilha de Ano-Bom. "Mas na pequena ilha [Ano-Bom] está um tesouro da lusofonia: fala-se crioulo [fá d'ambô] que tem por base o português arcaico e que chegou quase incólume aos nossos dias", diz o jornal.
Afirma que "está provado" que aquelas ilhas "foram povoadas por escravos angolanos" e que Angola pretende "ir lá render homenagem" aos antepassados. "Agora que Fernando Pó e Ano-Bom fazem parte da CPLP, mais facilmente podemos cumprir esse dever. Mas sem a companhia das elites estrábicas, que nem sequer foram capazes de defender a dulcíssima língua portuguesa do acordo ortográfico", lê-se.
Sobre as dúvidas em torno da adesão da Guiné Equatorial, o Jornal de Angola já tinha criticado Portugal no editorial de terça-feira, o mesmo dia em que o vice-primeiro-ministro Paulo Portas foi recebido em Luanda pelo Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Hoje é a vez de o ministro da Economia, António Pires de Lima, visitar a capital angolana.
"Os angolanos querem saber mais sobre a língua portuguesa. (...) Os portugueses deviam ter o mesmo interesse, mas pelos vistos só estão interessados em dar lições de democracia, quando dentro das suas portas há crianças a morrer de fome", diz o editorial. O matutino volta a referir-se às "elites portuguesas ignorantes e corruptas", afirmando que com a introdução do português como língua oficial no país "esse argumento deixou de valer".
Num dos artigos mais críticos de Portugal dos últimos meses, aquele jornal diz que "em Lisboa surgiram numerosas vozes contra a adesão" mas que "nunca chegarão aos céus", provenientes de "políticos e líderes de opinião".
"O que revela uma contradição insanável eivada de ignorância e uma tendência inquietante para criar um apartheid nas relações internacionais", escreve o matutino. Diz, por isso, que não se "compreende" a "soberba" com que "[em Portugal] tratam a Guiné Equatorial e o Presidente Obiang".
O jornal classifica o tema da pena de morte, invocado por Lisboa, como "muito débil", tendo em conta que os Estados Unidos "executam todos os dias condenados à pena capital" e que "nem por isso os porta-vozes dessas elites querem expulsar o seu aliado da OTAN [NATO]". "Pelo contrário, quando Washington anunciou que ia sair da ilha Terceira [Açores] por já não ter interesse na Base das Lajes, todos se puseram de joelhos, implorando que a base aérea continue", crítica, em editorial, o Jornal de Angola».
terça-feira, agosto 26, 2014
a d.joão IV o que é de d. joão IV
Quando vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar
ADESTE FIDELES, HINO PORTUGUÊS, MAGNÍFICA OBRA D'EL REI DOM JOÃO IV
(Para que ninguém alegue desconhecimento de causa.
Pois a ignorância até pode ser pecado!
)
ADESTE FIDELIS - Hino Português tocado em todo o mundo no Natal. "Adeste Fideles" é o título do chamado Hino Português, escrito pelo Rei D. João IV de Portugal.
Foram achados dois manuscritos desta obra, datados de 1640, no seu palácio de Vila Viçosa. Muitos outros alegam a autoria desse hino, a John F. Wade, que não poderia ter composto a obra, já que o seu manuscrito data de 1743. O mais provável é que Wade tenha traduzido o Hino Português, como era chamado em Londres na época e ficado com os louros.
D. João IV de Portugal, “O Rei Músico” nascido em 1604 foi um mecenas da música e das artes, assim como um sofisticado autor. Foi também compositor e, durante o seu reinado, possuiu uma das maiores bibliotecas do mundo.
A primeira parte da sua obra musical foi publicada em 1649.
Fundou uma escola de música em Vila Viçosa de onde saíam músicos para Espanha e Itália e foi aí, no seu palácio, que se acharam dois manuscritos desta obra. Esses escritos (1640) são anteriores à versão de 1760 feita por Wade.
De entre os seus escritos podemos encontrar “Defesa da Música Moderna (Lisboa, 1649) ano em que o Rei D. João IV lutou contra o Vaticano para conseguir a aprovação da música instrumental nas igrejas. Uma outra famosa composição sua é 'Crux fidelis', um trabalho que permanece popular nos serviços eclesiásticos.
Carlos Madureira, enviado por Fernando Pizarro Bravo.
domingo, agosto 24, 2014
tom e jobim revisitados
Uma nova versão com cr´tica acertada num Brasil que não corrige os seus defeitos maiores. Um cantor com garra que parece ter sido «castigdo« pela sua frontalidade crítica.
sábado, agosto 23, 2014
quarta-feira, agosto 20, 2014
cleptocracia
Enviaram-me este texto de Jorge Bento que me parece merecer divulgação. Leiam, pensem e actuem.
A nova ditadura: o regime da cleptocracia
O caso do Banco Espírito Santo tem o mérito de pôr completamente a nu o regime que vigora em Portugal. É exatamente igual ao que se apoderou de todo o mundo. A atual versão da democracia chama-se ‘cleptocracia’. A generalidade dos cidadãos tem perfeita consciência e suficiente conhecimento disso, mas está conformada à situação. Prima pela indiferença e pela falta de uma reação que acabe com a vergonha. Estamos mais mortos do que no tempo do Estado Novo. Naquela era estávamos vivos, a tal ponto que obrigávamos os sacripantas a cuidar das aparências. Agora eles não têm essa necessidade. O mal dá-se ao luxo de se apresentar às escâncaras e de se rir, com gargalhadas estridentes e a bandeiras despregadas, na nossa cara. Ou seja, hoje, os cidadãos consentem que o mal ande por aí com total transparência, à vista de quem não se recusar a vê-lo. Vivemos numa ditadura, repito, numa ditadura, que não se rala absolutamente nada por exibir disfarces esfarrapados de democracia. É como se nos tivéssemos habituado a uma comida envenenada, que não mata de uma vez, mas vai-nos matando silenciosa e sorrateiramente por dentro, na nossa dignidade e identidade. Já o disse noutras ocasiões, os intelectuais e os académicos são corresponsáveis pela cleptocracia reinante. São coniventes com esta imundície que lhes chega ao pescoço, sem denotarem repelência pelo ar fétido que exala da cloaca em que tudo isto se tornou. Afinal, nas Business Schools, Faculdades, Escolas e Institutos de economia, de gestão, de marketing e afins ensina-se o quê? A estabelecer negócios sérios ou artimanhas, métodos e procedimentos para incentivar a ‘criar’ negócios e ‘empreendedores’ sujos, desprovidos de escrúpulos e de inibições cívicas? E nas Faculdades de Direito, ensina-se a respeitar a legalidade e a ética ou forjam-se figurões, competências e habilidades para as driblar? E aos comentadores e jornalistas, não lhes causa qualquer inquietude o facto de se prestarem a desempenhar o ‘papel’ de aldrabões e trampolineiros? Com que então o Banco de Portugal tem cumprido bem - e até de modo exemplar! - a função de regulador e disciplinador do sistema bancário? Está-se mesmo a ver, não está?! Como classificar um léxico e uma terminologia (e os seus utentes) que, em vez de esclarecer, servem para instalar a mistificação e confundir o cidadão? Alguém, com um mínimo de inteligência, acredita que se pode ser Presidente do Banco de Portugal ou da CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, sem estar mais ou menos integrado no sistema bancário e no setor financeiro? Poderá chegar a qualquer um dos cargos uma criatura que enfrente a desconfiança ou a oposição dessas confrarias? Sim ou não? Regular e disciplinar o sistema bancário e o mercado financeiro será ir, de vez em quando, à Assembleia da República, fazer declarações, aparentemente condenatórias, mas não impeditivas da prática contumaz de fraudes, umas atrás das outras? Que nome podemos dar a esta democracia do ‘faz de conta’ se não o de cleptocracia, consentida e oleada, de cima a baixo, pelos diferentes poderes? Aplica-se ou não a eles esta passagem - Se gritar: pega ladrão, não fica um, meu irmão!) - de uma conhecida canção brasileira? Sentem os portugueses repugnância e revolta contra este roubo organizado? Não, não dão sinais que apontem nessa direção. Deixaram-se anestesiar, pouco a pouco, para irem morrendo lentamente sem o mínimo sintoma de dor moral. Não têm desculpa, nem podem esperar compreensão ou perdão. Vão legar aos vindouros uma memória de desdoiro e condenação.
Jorge Bento
terça-feira, agosto 19, 2014
16 ilusões em 5 minutos
E tudo se resume a um nome Hans Klok. É ele que justifica todos os outros, mas que sem eles não seria igual. Para quem gosta de ilusões e não se confunde com tal rapidez.
domingo, agosto 17, 2014
sexta-feira, agosto 15, 2014
o kohar em istambul em noite americana
Mais uma grande casa de espectáculos, esta em Istambul - o Mohar. Atente-se na dimensão e no número de músicos e bailarinos
quinta-feira, agosto 14, 2014
o que vale o dinheiro?
Não tenho a certeza de ter já publicado este vídeo que agora vos deixo. Em nove anos de publicação irregular deste blog começa a ser difícil lembrar-me de tudo ou verificar no registo se já foi publicado. Para isso era preciso saber que título lhe terei dado antes. Penso que o vídeo merece que corra o risco de o estar a repetir. Se for caso disso, desculpem.
terça-feira, agosto 12, 2014
perguntas ainda sem resposta
Ouçam as perguntas do deputado PS João Galamba a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal e as suas não respostas.
.
segunda-feira, agosto 11, 2014
mas que prenda......
Transcrevo o artigo de Nicolau Santos, no Expresso. Vale a pena verificar até onde chegam as negociatas. Apenas um exemplo.
O homem que recebeu um presente de 14 milhões
por
Nicolau Santos
Há cerca de um ano que Ricardo Salgado não devia ser presidente do Banco Espírito Santo. Em meados de 2013, quando se soube que tinha recebido uma comissão de 8,5 milhões de euros de um construtor civil por causa de um qualquer serviço que lhe terá prestado em Angola, nesse mesmo dia o Banco de Portugal deveria tê-lo declarado pessoa não idónea para se manter à frente do banco verde. Era o mínimo. Nos Estados Unidos, uma situação idêntica dá também direito a prisão, compunhos algemados e as televisões a filmarem em direto.
Nenhum banqueiro em exercício pode receber comissões por fora. É das regras, é da deontologia do cargo, é do mais elementar bom senso. Mas Salgado fê-lo e o Banco de Portugal calou-se. Salgado corrigiu três vezes a sua declaração de rendimentos e o Banco de Portugal calou-se. Agora, duas jornalistas do Jornal de Negócios, Maria João Gago e Maria João Babo escrevem um livro sobre a ascensão e queda de Salgado, mostrando, preto no branco, que os 8,5 milhões de euros afinal foram um «presente» de 14 milhões do tal construtor civil (José Guilherme, para os mais distraídos, um homem que não usa telemóvel por ser demasiado «perigoso») e o Banco de Portugal cala-se. O dr. Salgado queria presidir ao Conselho Estratégico e o Banco de Portugal cala-se. O dr. Salgado já não vai presidir ao conselho estratégico mas vai integrá-lo e o Banco de Portugal cala-se. O dr. Salgado continua a dirigir o banco até à assembleia geral de 28 de Julho e o Banco de Portugal cala-se. As bolsas europeias caem, o Banco Popular trava uma emissão de 500 milhões, a Mota-Engil África interrompe um IPO, o Financial Times on line dá manchete ao caso, o principal jornal de economia da CNN abre com o banco verde e o dr. Salgado continua todos os dias a entrar na instituição pela Rua Barata Salgueiro como se o mundo estivesse calmo e sereno.
Há clientes que perderam 25 milhões que tinham aplicados no Banque Privée na Suíça. A Porto Editora também vai levar um rombo grande. E há o caso da Portugal Telecom, que está a ser devastada na sua governação, na fusão com a Oi e nas suas contas, depois de ter aplicado 897 milhões na Rioforte, que nunca mais verá – e o dr. Salgado continua com o seu ar olímpico a governar o banco como se ele não estivesse em chamas.
As ações caíram mais de 17% na quinta-feira, estiveram suspensas há um ror de tempo, os mercados estão em pânico, os investidores e os clientes também, e o dr. Salgado continua a levitar sobre tudo e sobre todos, sem perceber que aquilo que tinha antes – todo o tempo do mundo para resolver os problemas e a confiança de todos para executar essas tarefas – acabou abrupta e definitivamente na semana passada.
Bem pode o dr. Salgado mandar dizer que o banco tem uma almofada de 2,1 mil milhões e que a exposição ao GES é de apenas 1,2 mil milhões. Bem pode dizer que o GES é uma coisa e o BES outra, embora os administradores do banco estivessem todos na administração do grupo. Bem pode culpar o contabilista, a crise, a informática, o dr. Álvaro Sobrinho, os jornais e tutti quanti pela evidente falência em que está o Grupo Espírito Santo e pelos enormes problemas que o BES está a enfrentar. A questão, simples, muito simples, é que o tempo do dr. Salgado acabou. E acabou no dia em que a sua ganância o levou a aceitar um presente de 14 milhões de euros. Ou de 8,5 milhões. Um presente que ele nunca explicou à opinião pública, dizendo sobranceiramente que já tinha explicado tudo a quem de direito. É essa sobranceria que conduziu o grupo e o banco até aqui e que está a colocar em causa o sistema financeiro e a credibilidade da República, que tinha sido conquistada a duras penas dos trabalhadores e dos contribuintes nacionais.
Não, o dr. Salgado não merece ficar nem mais um minuto à frente do banco ou em qualquer dos seus órgãos de gestão. Mostrou não ter os mínimos padrões de ética exigidos para ocupar esses cargos. A ganância matou-o. Ao Banco de Portugal exige-se que remova o cadáver o mais depressa possível do caminho, sob pena de nos afundarmos todos com ele. Ou, mais grave, nos virmos todos a tornar colegas acionistas do dr. Salgado. Livra!
domingo, agosto 10, 2014
exemplos de podridão
O vídeo de hoje podemos tomá-lo como uma parte de uma série sobre aquilo que existe no nosso país e nós gostávamos que não houvesse. Tenham em conta os intervenientes no vídeo e as suas conhecidas posições políticas e profissionais.
sábado, agosto 09, 2014
uma visão a ter em conta
Encontrava-me em Praga quando recebi notícias sobre a criação dos bancos bom e mau; o primeiro chamado de novo, o outro chamado de mau ou péssimo. Regressado começo a abrir o correio acumulado. Entre ele encontrei o vídeo que devo partilhar convosco. Aqui fuca, para todos.
.
sábado, julho 26, 2014
a banca de barreiros
A saga começou assim. Aguardamos que Quim Barreiros apresente o novo remake do tio Ricardo de DDT.
sexta-feira, julho 25, 2014
quarta-feira, julho 23, 2014
ainda se lembram?
Presumo que à maioria dos leitores deste blog se possa perguntar - ainda se lembram deste tempo e desta música. Por isso, aqui fica.
<
terça-feira, julho 22, 2014
o barbeiro faz-tudo
N~ºao consuegui identificar a belíssima sala onde ocorre o espectáculo de André Rieu, mas isso será o que menos importa. Interessante é a forma como é apresentada esta área do Barbeiro de Sevilha.
quarta-feira, julho 02, 2014
são as crianças. ouvi-as, Senhor
Tudo se passou em 2010, estamos em 2014 e não nos apercebos ainda da mudança. E eram as crianças que vos pediam, Senhor!
Um Milhão de crianças cantam “Change The World” pela Paz no Mundo!. E, no final cantam a frase “Vamos nos unir para mudar o mundo” em vários idiomas - Francês, Espanhol, Chinês,Russo, Árabe, Hebraico, Alemão, Japonês, Tailandês… e até em Português.Reuniram-se no Templo Dhammakaya na Tailândia, para ‘compartilhar boas acções’por um mundo de Paz ..Composição de Howard McCrary, letra do abade de Dhammakaya, arranjo de McCrary Howard e produtor: Chan Ivy
terça-feira, julho 01, 2014
planos de saúde
Não é exactamente assim, mas anda muito perto do que muitos desejariam que já fosse...
segunda-feira, junho 30, 2014
sábado, junho 28, 2014
para que servem as eleições europeias?
Vejam como funciona o Parlamento Europeu. Uma coisa é imaginar e outra é ver e ouvir.
sexta-feira, junho 27, 2014
quinta-feira, junho 26, 2014
a sensibilidade de anthny hopkins
Sempre admirei Anthony Hopkins. Não me lembro de ter visto ou encontrado qualquer falha nas suas interpretações cinematográficas ou teatrais (estas, infelizmente, só reproduzidas em suporte fílmico). Sempre achei que era um artista completo, como agora se pode confirmar na sua sensibilidade e criação musical. Para ver e rever.
domingo, junho 22, 2014
sábado, junho 21, 2014
um facto, uma questão
Estava longe de pensar que voltaria a transcrever um novo artigo de José António Saraiva, com quem raramente estou de acordo. No entanto, neste caso e como objecto de reflexão, aqui o transcrevo.
Homem ou mulher, eis a questão!
Tenho escrito com alguma frequência sobre os sinais de decadência da civilização ocidental. Foi uma civilização que engordou, aburguesou-se e perdeu o nervo. Esses sinais de decadência são, em geral, comuns a outras civilizações em iguais períodos. No declínio do Império Romano verificaram-se muitos dos sintomas que hoje observamos nos corpos doentes das nossas sociedades: sobrevalorização do prazer em detrimento do dever, explosão dos sentidos, confusão de valores, desaparecimento de referências, ausência de ojectivos colectivos, avanço da homossexualidade, instabilidade familiar, etc. Quando abrimos a TV, há uma frase que se ouve constantemente nos programas de grande audiência: "Isto é superdivertido!". O mais importante nos dias de hoje é ser 'superdivertido'.
O último sinal deste trajecto descendente do nosso mundo foi o último Festival Eurovisão da Canção, onde uma mulher com barba - uma cantora com nome de homem ou vice-versa - saiu vencedora. A impressão causada foi de confusão total. E mesmo quem, de espírito aberto, se dispusesse a perceber o que estava a acontecer, deve ter tido a sensação de que tudo está a andar depressa demais.
Uma mulher com barba ganhar o eurofestival? Será possível?
E qual terá sido o objectivo de quem criou tão insólita figura - e, sobretudo, de quem a premiou? Dizer que o género não existe? Que homem e mulher tendem a fundir-se num ser sem género, nem homem nem mulher? Pensar nisto recorda-me, vá lá saber-se porquê, uns animais híbridos que são produto dos cruzamentos entre os cavalos e os burros. Chamam-se 'machos' e 'mulas', e não podem reproduzir-se porque são estéreis. Mas se a mensagem 'filosófica' do eurofestival foi essa, então estamos perante uma manifestação de nihilismo, de desesperança, de anúncio do fim dos tempos. Claro que isto não teria qualquer importância e seria levado à conta de brincadeira se tivesse acontecido num qualquer festival alternativo ou num concurso promovido por canais de televisão tipo SIC Radical. Mas o que causa perplexidade é ter ocorrido num concurso organizado por estações de referência e contar com os votos de 350 milhões de telespectadores. Parece que o culto do absurdo, que até pouco era apanágio de minorias que desafiavam o status quo, se tornou subitamente um fenómeno de massas. E isso assusta. Que as minorias sejam respeitadas (e até acarinhadas), é saudável. Que as minorias ocupem subitamente o palco e transformem as suas práticas minoritárias em hábitos correntes, tal constitui um sinal muito perigoso pois conduz directamente à perda de referências.
O que pensará uma criança de cinco anos ao ver no ecrã da sua televisão uma mulher com barba a cantar num palco iluminado, aplaudida por milhares de pessoas?
Repetem os apoiantes da mulher barbuda que se tratou de uma demonstração de liberdade, para mostrar que toda a gente pode fazer o que quer desde que não interfira com a liberdade do outro. A questão da liberdade não é assim tão simples. Um dia destes, um canal transmitia um programa sobre nudistas em que um deles protestava porque o padre da aldeia não os deixava entrar nus na igreja. E dizia que isso era uma manifestação de "mentalidade medieval", acrescentando, porém, que havia cada vez menos pessoas assim. Esta última frase vai ao encontro do apoio à mulher barbuda. Todas as sociedades vivem de convenções, de regras não escritas mas comummente aceites. Quando essa base estala, sucede-se a confusão e o caos.
Enquanto a farsa do eurofestival sucedia do lado de cá, do outro lado da antiga 'Cortina de Ferro' o senhor Putin, um homem gelado e sem escrúpulos, sorria. Mais tarde, o vice-presidente do Parlamento, Vladimir Zhirinovsky, diria: "Eles já não têm homens e mulheres. Têm 'aquilo'. Libertámos a Áustria há 50 anos mas não o devíamos ter feito". Nós rimo-nos desta frase. Mas não devíamos fazê-lo. É muito perigoso rir dos nossos inimigos. Sobretudo quando são poderosos.
Vladimir Putin assiste aos sinais de decadência da Europa ocidental e nós vamos dando-lhe razões para sorrir. Quando os ucranianos reclamam pela ligação ao Ocidente, quando denunciam o imperialismo russo, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Rogozin, responde: "[O eurofestival] mostrou aos que defendem a integração europeia o seu futuro europeu: uma rapariga de barba".
Esta vitória de uma drag queen no maior festival europeu de música ligeira foi um inesperado presente que a Europa deu aos russos no momento em que se discute a Crimeia e o futuro da Ucrânia. Porque do lado de lá presta-se ao ridículo e do lado de cá enfraquece a opinião pública. Muitos europeus, sobretudo os conservadores mas não só, começam a duvidar dos caminhos por onde isto vai - e a olhar com um misto de inveja e receio para o lado de lá, onde há ordem, autoridade e ainda não se confundem os sexos…
A democracia tornou-se uma barriga de aluguer onde estão a germinar todas as sementes da sua destruição. A indisciplina nas escolas; a dificuldade que a Justiça revela de punir e condenar os culpados; a luta política constante e desgastante, dificultando a identificação de objectivos nacionais; a generalização do consumo de drogas; a perda de uma base de regras comummente aceites - tudo isto se volta contra a democracia e a enfraquece. Em vez de se fortalecer, de se enrijar com o tempo, a democracia vai-se desfazendo, como a madeira corroída pelo caruncho. O regime democrático já não tem nada a que se agarrar para lá do voto - e aí as coisas também não estão bem, pois a abstenção é cada vez maior.
E isto não é um problema dos governos, nem dos défices, nem da austeridade, nem dos cortes de salários e pensões, nem de nada disso. Aliás, a senhora Merkel - educada no Leste - é que tem, ainda assim, posto alguma ordem no convento. Caso contrário, o regabofe seria maior: cada país fazia o que queria, não havia controlo das contas nem de nada, era a rebaldaria completa.
Por razões de vária ordem, eu tive uma educação bastante avançada para o seu tempo. Depois de acabar o liceu, tirei o curso superior numa Escola de Belas-Artes onde o ambiente era muito permissivo, recheado de candidatos e candidatas a 'artistas', com todos os sinais exteriores que poderão imaginar-se. Quando ainda estudava, comecei a trabalhar num ateliê de arquitectura (liderado pelo arquitecto Manuel Tainha) onde todos abraçávamos entusiasticamente as correntes modernistas. E depois dirigi durante mais de duas décadas um jornal (o Expresso) onde o ambiente era efervescente. Convivi permanentemente com a modernidade e pratiquei-a, conheci muita gente à frente do seu tempo. Vi e li muito. E, no entanto, se me dissessem que uma cantora com barba ia ganhar um dia o Festival da Eurovisão, eu consideraria isso uma completa impossibilidade.
Julgo que muita gente que vai atrás destes fenómenos, que abraça sofregamente o politicamente correcto, não o faz por convicção mas por medo de parecer antiquada, old fashion, bota-de-elástico. Ninguém quer parecer mal. É sempre a história do rei vai nu. Como sucedeu neste caso, a sociedade ocidental pode pôr-se subitamente a representar uma peça de Ionesco pensando que é a própria realidade.
A explosão dos media, do online, das redes sociais, faz-nos viver aceleradamente tempos perigosos. Entrou-se noutra dimensão. Os fenómenos de imitação, por mais absurdos que por vezes se apresentem, alastram como fogo em palha. Embora eu não seja católico, perante esta vitória de uma mulher barbuda num festival organizado pelos canais ditos 'sérios' e emitido em canal aberto no horário nobre das televisões, só me ocorre dizer: "Valha-nos Deus!".
sexta-feira, junho 20, 2014
vamos ao pathé?
Recebi hoje esta preciosidade que me apresso a publicar para vossa satisfação.
Alguém sabe o que era o Pathé na cidade do Porto?
O Pathé era uma sala de espectáculos ao ar livre, situada onde mais tarde vieram a fazer o cinema Batalha.
No Pathé passaram os primeiros filmes mudos da cidade. Era o único cinema.
As pessoas diziam. Vamos ao Pathé em vez de dizerem vamos ao cinema, nos princípios do séc.XX.
Projecionista dos filmes era o Sr. César. Conhecido pelo Cesinha.
Alguém sabe o que era o Pathé-Baby? Não?
Era um formato de filme de 9,5 mm. que, ao contrário dos outros formatos (8, 16, 35 ou 70 mm); não tinha os furos para arrasto no lado da película, mas no meio, entre cada duas imagens.
Como resultado, o tamanho da imagem era quase igual ao do 16 mm, pois aproveitava toda a largura da película.
Tinha a desvantagem de o gancho de arrasto facilmente sair do sítio e estragar a película. Para minimizar isso, alguns projectores tinham dois ganchos de arrasto, que "apanhavam" dois furos sucessivos.
O formato estava relativamente vulgarizado, e até havia representantes da marca. No Porto, era em Santa Catarina, não muito longe do Via Catarina, mas do lado oposto.
segunda-feira, junho 16, 2014
a perfeição mágica de darcy oake
Penso já ter referido aqui a extraordinária capacidade ilusória de Darcy Oake. Apesar disso e porque as suas magias são perfeitas, deixo aqui mais uma das suas actuações, agora no Britain's Got Talent.
domingo, junho 15, 2014
força portugal
Força Portugal. Vençam o jogo de amanhã. Se for preciso, desta vez, penso que até os comem...
sábado, junho 14, 2014
muitos até foram à guerra...
Transcrevo o texto que o jornalista e escritor Joaquim Vieira, leu na Antena 1, Mais uma vez sobre os pensionistas e reformados.
«Há um país onde a lei diz que todos são iguais, mas onde há uns menos iguais do que os outros. Estes ajudaram a erguer o país, e muitos até foram à guerra em nome desse mesmo país. Mas agora são gente pacífica, de físico debilitado e cujas vozes não chegam ao céu. Não ameaçam ninguém, não paralisam o trabalho e já não cumprem os padrões de produtividade exigidos. Adoecem mais do que os outros, e são considerados um fardo para a sociedade pelo que custam em tratamentos. Não trabalham para pagar o que gastam, embora já antes tivessem trabalhado para pagar o que recebem. O poder político desse país entende que vivem acima das suas possibilidades e que por isso são uma dor de cabeça. Acha mesmo que seria mais fácil governar se eles não existissem. Conclui assim pela sua inutilidade, que estão a mais, que são descartáveis. Não se importa de lhes dificultar o acesso à saúde, porque é indiferente que morram mais cedo. Talvez seja até preferível, porque morrendo mais cedo ajudam a melhorar o exercício orçamental. Sendo alvos fáceis e dóceis, sem capacidade contestatária e sem instrumentos de pressão, nada custa retirar-lhes direitos e regalias antes julgados vitalícios. Sendo solidários e ajudando os familiares mais carenciados, não recebem em troca a solidariedade dos poderes públicos. Pelo contrário, são os primeiros na linha de fogo, e quando o poder sente alguma aflição financeira é a eles, e muitas vezes só a eles, que começa por retirar as verbas necessárias. Mesmo que a suprema autoridade judicial se interponha, declarando ilegal tal prática, os governantes não se sentem na obrigação de acatar a restrição, antes a contornam e insistem no mesmo. E insistem retirando-lhes ainda mais verbas, e retirando a mais vítimas do que antes tinham feito.
Não dizem que aumentam o confisco, mas que estão a recalibrar. Dizem também que não é um imposto, quando tem toda a forma de um imposto – e um imposto agravado. Um imposto que se aplica apenas ao tal grupo, e não a todos os contribuintes do país. Esse grupo são os velhos, e o país, onde não há lugar para velhos, chama-se Portugal. É um país descalibrado, onde manda muita gente sem calibre».
sexta-feira, junho 13, 2014
um fogo diferente
A copa do mundo começou ontem, com uma cerimónia de abertura bastante morna e pouco entusiasmante e com uma vitória fífia do Brasil, em que um árbitro de olhos tortos foi demasiado 'caseiro'.
Porque nada me entusiasmou, deixo aqui o fogo de artifício de 2013, japonês como o árbitro, mas mais criativo e diferente.
quinta-feira, junho 12, 2014
uma opinião insuspeita, vinda de onde vem
Sem comentários. Trata-se de um artigo de Miguel Mattos Chaves, Gestor Doutorado em Estudos Europeus (dominante: Economia), Auditor de Defesa Nacional, politicamente afecto ao CDS/PP. e identificado pelo seu Telemóvel– +351 919 400 053, E-Mail: matos.chaves@gmail.com e com o Web link: http://pt.linkedin.com/in/miguelmattoschaves
Meus Prezados Amigos,
Um pouco farto de ver e ouvir certas histórias, que pressentia, mal contadas, e decidi-me a fazer as minhas contas a partir das Fontes Oficiais (INE e EUROSTAT).
Tem sido dito que os Pensionistas e os Reformados, junto com as Despesas de Pessoal do Estado, significariam, em conjunto, cerca de 75% a 78% das Receitas Públicas, fui então verificar.
Ora sendo eu um cidadão preocupado com o desenvolvimento do meu País e com o Bem-Estar dos portugueses, achei que este número, a ser verdade, seria muito elevado e traria restrições severas a uma Política de Desenvolvimento e de Crescimento a Portugal.
Mas depois de tanto ouvir, comecei a achar estranho que estes números fossem repetidos até à exaustão. E decidi investigar eu próprio da veracidade de tais números.
Eis os Resultados:
(1º) QUADRO nº 1 - Pensões e Reformas
(Unidade: mil milhões de euros)
PENSÕES e Reformas 2011 2012 2013
P.I.B. 237,52 € 212,50 € 165,67 €
PENSÕES 13,20 € 13,60 € 14,40 €
Peso % - s/ PIB 5,56% 6,40% 8,69%
Total de Receitas 77,04 € 67,57 € 72,41 €
Peso % - s/ T. Receitas 17,13% 20,13% 19,89%
Meu comentário:
Qual não foi o meu espanto quando face a “doutas” opiniões de Economistas do Regime, de Jornalistas (ditos de economia) e de Políticos em que todos coincidiam em que esta Rubrica rondaria os 30% a 35% das Receitas do Estado e cerca de 15% a 17% do PIB, vim a verificar os resultados do Quadro nº 1 que acima publico.
Isto é: as Reformas e as Pensões, mesmo numa Economia em Recessão, significaram entre os 20,13% e os 19,89%, sobre as receitas totais do Estado. Muito longe, portanto, dos anunciados 30% a 35%.
Mas se a análise for feita sobre o PIB então o seu significado variou, repito num quadro de uma Economia em Recessão, entre os 8,69% e os 5,56%. Portanto muito longe do anunciado pelos “especialistas”.
A coberto dessas pretensas “realidades” foram cometidos os mais soezes ataques a esta parte da população portuguesa. Parafraseando o Prof. Doutor Adriano Moreira – “estamos em presença de um esbulho”.
NOTA: Por uma questão de educação não quero adjectivar mais as declarações sobre a matéria da Srª Ministra das Finanças e seu antecessor, nem do Sr. 1º Ministro, já que os restantes declarantes deixaram de me merecer qualquer respeito.
(2º) QUADRO nº 2 - Despesas com Pessoal do Estado
(Unidade: mil milhões de euros)
PESSOAL 2011 2012 2013
P.I.B. 237,52 € 212,50 € 165,67 €
Despesas c/ Pessoal 11,30 € 10,00 € 10,70 €
Peso % - s/ PIB 4,76% 4,71% 6,46%
Total de Receitas 77,04 € 67,57 € 72,41 €
Peso % - s/ T. Receitas 14,67% 14,80% 14,78%
Meu comentário:
Devo confessar que aqui, nesta rubrica, o meu espanto ainda foi maior, dada a prolixa comunicação sobre este tema proferida pelos actores acima referidos.
E feitas as contas, (quadro nº 2 acima), e juntando então os dois, os resultados são na verdade os seguintes:
(Quadro nº 3 – Pensões e Reformas + Custos c/ Pessoal)
(Unidade: mil milhões de euros)
PENSÕES + Desp. PESSOAL 2011 2012 2013
P.I.B. 237,52 € 212,50 € 165,67 €
PENSÕES + Desp. PESSOAL 24,50 € 23,60 € 25,10 €
Peso % - s/ PIB 10,31% 11,11% 15,15%
Total de Receitas 77,04 € 67,57 € 72,41 €
Peso % - s/ T. Receitas 31,80% 34,92% 34,66%
Ou seja: a SOMA das Pensões e Reformas com as dos Custos de Pessoal do Estado, somam (numa Economia em Recessão) entre os 34,92% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 31,80% sobre as Receitas Totais do Estado;
e entre 15,15% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 10,31% sobre o Produto Interno Bruto.
OU SEJA:
Menos de Metade dos números anunciados pelo Sr. 1º Ministro e seus Ministros das Finanças, para falar de actores políticos relevantes, deixando de lado as personalidades menores que pululam nas Televisões, Rádios e Imprensa escrita que passei assim a tratar dada a sua falta de seriedade intelectual.
E a coberto disto se construiu uma Política do agrado do Sistema Financeiro, por razões e números que aqui não vou referir, e dos Credores (por razões que aqui também me dispenso de enumerar).
CONCLUSÃO:
Estamos a ser enganados deliberadamente por pessoas que têm e prosseguem uma filosofia política bem identificada e proveniente dos teóricos da Escola de Chicago (a Escola Ultra Liberal), apesar de um dos seus maiores expoentes, o Sr. Alan Greenspan – ex- Governador do FED (Reserva Federal Norte-americana) ter pedido desculpa por ter acreditado nela e ter permitido os desmandos do sector financeiro que nos trouxeram até às crises das Dívidas Soberanas, embora ajudados pela subserviência, incúria e incompetência de boa parte das classes políticas ocidentais.
Espero ter sido útil neste meu escrito. Na verdade sendo um homem da Direita Conservadora o meu primeiro Partido é Portugal. Os Partidos Políticos são, para mim, apenas Instrumentos para o engrandecimento de Portugal. Se não cumprirem esta missão então, para mim, não servem para nada. E vejo, com extremo desgosto, o meu próprio Partido – o CDS-PP, metido nesta situação degradante para Portugal e para os Portugueses sabendo que há alternativas. E acima de tudo odeio a mentira.
Está na hora, na minha opinião, de reformar e modificar o sistema político vigente, sob pena de irmos definhando enquanto Nação Independente.
Aprovada a aposentadoria aos 50 anos com 9.000 euros por mês para os funcionários da EU!!!
E depois há o descaramento de cortar nas ridículas pensões de quem toda a vida descontou!
DESCARADOS!
E eles nem sequer fazem descontos para as suas grandes reformas, pois criaram leis que os isentam disso... Inacreditavel nos tempos que vivemos!!! QUE MUNDO HIPÓCRITA !!!
Já reparou? Os políticos europeus estão a lutar como loucos para entrar na administração da UE! E por quê?
Leia o que segue, pense bem e converse com os amigos. Envie isto para os europeus que conheça! Simplesmente, escandaloso.
Foi aprovada a aposentadoria aos 50 anos com 9.000 euros por mês para os funcionários da EU!!!. Este ano, 340 agentes partem para a reforma antecipada aos 50 anos com uma pensão de 9.000 euros por mês.
Sim, leu correctamente!
Para facilitar a integração de novos funcionários dos novos Estados-Membros da UE (Polónia, Malta, países da Europa Oriental ....), os funcionários dos países membros antigos (Bélgica, França, Alemanha ..) receberão da Europa uma prenda de ouro para se aposentar.
Porquê e quem paga isto?
Você e eu estamos a trabalhar ou trabalhámos para uma pensão de miséria, enquanto que aqueles que votam as leis se atribuem presentes de ouro.
A diferença tornou-se muito grande entre o povo e os "Deuses do Olimpo!"
Devemos reagir por todos os meios começando por divulgar esta mensagem para todos os europeus. É uma verdadeira Mafia a destes Altos Funcionários da União Europeia .....
Os tecnocratas europeus usufruem de verdadeiras reformas de nababos ... Mesmo os deputados nacionais que, no entanto, beneficiam do "Rolls" dos regimes especiais, não recebem um terço daquilo que eles embolsam.
Vejamos! Giovanni Buttarelli, que ocupa o cargo de Supervisor Adjunto da Protecção de Dados, adquire depois de apenas 1 ano e 11 meses de serviço (em Novembro 2010), uma reforma de 1 515 ? / mês. O equivalente daquilo que recebe em média, um assalariado francês do sector privado após uma carreira completa (40 anos)..
O seu colega, Peter Hustinx acaba de ver o seu contrato de cinco anos renovado. Após 10 anos, ele terá direito a cerca de ? 9 000 de pensão por mês.
É simples, ninguém lhes pede contas e eles decidiram aproveitar ao máximo. É como se para a sua reforma, lhes fosse passado um cheque em branco.
Além disso, muitos outros tecnocratas gozam desse privilégio:
1. Roger Grass, Secretário do Tribunal Europeu de Justiça, receberá ? 12 500 por mês de pensão.
2. Pernilla Lindh, o juiz do Tribunal de Primeira Instância, ? 12 900 por mês.
3. Damaso Ruiz-Jarabo Colomer, advogado-geral, 14 000 ? / mês.
Consulte a lista em: http://www.kdo-mailing.com/redirect.asp?numlien=1276&numnews=1356&numabonneXSSCleanedXSSCleanedXSSCleaned=62286
Para eles, é o jackpot. No cargo desde meados dos anos 1990, têm a certeza de validar uma carreira completa e, portanto, de obter o máximo: 70% do último salário. É difícil de acreditar ... Não só as suas pensões atingem os limites, mas basta-lhes apenas 15 anos e meio para validar uma carreira completa, enquanto para você, como para mim, é preciso matar-se com trabalho durante 40 anos, e em breve 41 anos.
Confrontados com o colapso dos nossos sistemas de pensões, os tecnocratas de Bruxelas recomendam o alongamento das carreiras: 37,5 anos, 40 anos, 41 anos (em 2012), 42 anos (em 2020), etc. Mas para eles, não há problema, a taxa plena é 15,5 anos... De quem estamos falando?
Originalmente, estas reformas de nababos eram reservadas para os membros da Comissão Europeia e, ao longo dos anos, têm também sido concedida a outros funcionários. Agora eles já são um exército inteiro a beneficiar delas:: juízes, magistrados, secretários, supervisores, mediadores, etc.
Mas o pior ainda, neste caso, é que eles nem sequer descontam para a sua grande reforma. Nem um cêntimo de euro, tudo é à custa do contribuinte ... Nós, contribuímos toda a nossa vida e, ao menor atraso no pagamento, é a sanção: avisos, multas, etc. Sem a mínima piedade. Eles, isentaram-se totalmente disso. Parece que se está a delirar!
Esteja ciente, que até mesmo os juízes do Tribunal de Contas Europeu que, portanto, é suposto « verificarem se as despesas da UE são legais, feitas pelo menor custo e para o fim a que são destinadas », beneficiam do sistema e não pagam as quotas. E que dizer de todos os tecnocratas que não perdem nenhuma oportunidade de armarem em «gendarmes de Bruxelas» e continuam a dar lições de ortodoxia fiscal, quando têm ambas as mãos, até os cotovelos, no pote da compota?
Numa altura em que o futuro das nossas pensões está seriamente comprometido pela violência da crise económica e da brutalidade do choque demográfico, os funcionários europeus beneficiam, à nossa custa, da pensão de 12 500 a 14 000 ? / mês após somente 15 anos de carreira, mesmo sem pagarem quotizações... É uma pura provocação!
O objectivo é alertar todos os cidadãos dos Estados-Membros da União Europeia. Juntos, podemos criar uma verdadeira onda de pressão.
Não há dúvida de que os tecnocratas europeus continuam a gozar à nossa custa e com total impunidade, essas pensões. Nós temos que levá-los a colocar os pés na terra.
«Sauvegarde Retraites» realizou um estudo rigoroso e muito documentado que prova por "A + B" a dimensão do escândalo. Já foi aproveitado pelos media.
http://www.lepoint.fr/actualites-economie/2009-05-19/revelations-les-retraites-en-or-des-hauts-fonctionnaires-europeens/916/0/344867
Divulgue! DIVULGUE! DIVULGUE!
Quantos mais souberem deste descaramento melhor!!!...
Subscrever:
Mensagens (Atom)