quarta-feira, novembro 25, 2009

no aniversário de bernardo santareno


Bernardo Santareno, pseudónimo de António Martinho do Rosário (1920-1980), médico escritor, faria hoje 89 anos. Não poderia ter melhor prenda do que a forma como a Câmara Municipal de Santarém e o Instituto Bernardo Santareno têm homenageado aquele que é considerado o maior dramaturgo português do século XX. Entre representações de várias peças suas, por grupos de teatro diferentes, representou-se hoje (dia 19 de Novembro, dia do seu aniversário), no Teatro Sá da Bandeira em Santarém, a sua peça «O pecado de João Agonia», encenação de Pedro Oliveira e apresentada por um novo grupo criado em 2008 e que adoptou o nome de Teatro do Azeite. Composto por jovens, conta também com artistas mais experientes como Maria José e Paula Só (do Bando) que aqui representou um dos seus melhores papéis na figura de Rita Agonia, mãe de João. Este foi representado por Miguel Raposo, um promissor artista que aqui se estreou, filho de outros dois grandes artistas (José Raposo e Maria João Abreu). No dia 28 de Novembro vai representar-se «O Crime da Aldeia Velha», pelo Grupo Mérito Dramático Avintense, com encenação de Manuel Ramos Costa, vencedor absoluto do IV Festival de Teatro de Gaia (encenação,sonoplastia e desenho de luzes).
Agora, digam-me - haverá melhor forma de homenagear um dramaturgo que não seja representar as suas peças?
Eu estive lá e gostei do que vi e do que ouvi uma vez mais.

3 comentários:

msg disse...

Muito boa noite,Caro DOUTOR

O DOUTOR vai-me perdoar,mas tratando-se do Bernardo Santareno,não pude resistir,e assim,aqui estou,mais uma vez,com umas linhas escritas há muito.

Fui seu vizinho durante dois anos.
Havia uma certa diferença nas idades. Eu andava nos primeiros anos do liceu e ele nos últimos.Eu,
um miúdo,e ele, já um homenzinho.
Desencontrados,pois.
Perto das nossas casas,existia um pequeno parque,que ambos frequentávamos,mas com muito diversas finalidades. O recinto estava dividido em duas áleas,uma,
mais isolada,dando para um descampado,a outra,ao lado duma rua movimentada. Era esta que eu e outros usávamos para brincar. Daqui,via,por vezes,o Bernardo Santareno na outra álea. Sozinho,caminhando dum lado para outro,estudava,em voz alta. Palavras soltas chegavam-nos,distitas,quando o vento estava de feição. Era um estudar quase teatral,com muitos gestos. Como espectadores,soldados da guarnição de um presídeo,doentes e acompanhantes dum dispensário,rapazes nas suas brincadeiras.
Era isto um prenúncio da sua actividade futura,mais autêntica,
carregada de humanidade,corpo e alma,tocada de misticismo.

Pedindo muitas desculpas,desejo-lhe muito boa saúde,Caro DOUTOR.

cvr disse...

Muito obrigado pelo seu testemunho. É com estes depoimentos reais, guardados pela memória que se vai fechando o puzzle que é a vida de um homem. Também eu me lembro dele, mas dem Lisboa. Também eu poderia contar uma pequena história de que fui protagonista, que lhe melhorou um pouco a vida, mas que ele sempre desconheceu. Mas não é este o local próprio para a contar.CVR

msg disse...

Muito bom dia,CARO DOUTOR

Já agora,mais uma meia dúzia de linhas para lembrar o Bernardo Santareno.

Quase me cruzei com ele,nos começos da década de 50, em Abrantes,onde ambos cumprimos,ele,
um ano antes,parte do serviço militar.
Fizera lá um grande sucesso,
transformando soldados em actores.
Quiseram,não sei bem porquê,que eu o imitasse,mas,pobre de mim,foi em vão. Os ensaios ainda começaram,
mas eu não era o Bernardo Santareno,nem de longe,nem de perto.
Ficou a memória dele,e do seu feito,o que devia chegar.

Muito boa saúde,CARO DOUTOR.