quarta-feira, março 30, 2011

ejaculação política precoce


Publicado no Jornal i de hoje, 30 de Março, o texto que aqui vos deixo merece a vossa atenção, reflexão e sorriso aberto. É um texto inteligente, lúcido e cheio de humor. Deleitem-se.

Ejaculação política precoce
por
José de Pina

Muitos analistas estão preocupados com as consequências da demissão de José Sócrates. Estávamos em crise e agora temos a crise em crise! Eu acho que pode ser bom. Como todos sabemos, em matemática, menos (Sócrates) com menos (Passos Coelho) dá mais. Mas a decisão de eleições antecipadas veio confirmar que Passos Coelho é uma lufada de ar fresco fora dos vícios do mainstream da política nacional: ainda antes de ser eleito, já está a quebrar promessas. Isto acontece porque o tempo de reacção política de Passos Coelho é demasiado curto para o tempo da realidade. Faltam dois meses para chegar ao poder, mas ele não se consegue aguentar; é o que se chama de ejaculação política precoce. A excitação para se chegar ao poder é tanta que ainda não se chegou lá e... já está! O IVA afinal pode aumentar! Mas temos de ser compreensivos com Passos; a ejaculação política precoce atinge, na sua maioria, quem nunca chegou ao poder, nem esteve em nenhum governo. Umas das terapêuticas mais eficazes, e que se aconselha nestes casos, é fixar o pensamento em coisas que nos distraiam do poder. Por exemplo: Passos Coelho, em vez de ouvir o Miguel Relvas, que oiça os Deolinda ou o Zé Cabra; que se ponha a pensar na sua casa de Massamá sempre que vai a S. Bento; e, quando estiver com Merkel, basta imaginar que está com Cavaco. Tudo coisas que o distraiam e façam esmorecer, prolongando o tempo de reacção, para que se desbronque só quando atingir o poder. Durão Barroso e Sócrates já se mostraram especialistas neste tantrismo. Argumentista/humorista

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