Ao ponto a que chegámos. A ideia da Europa começa a esfumar-se e é preciso muita ignorância ou muita fé, para ainda acreditarmos que a conseguimos salvar. Não se encontra uma cabeça pensantenaquela Comissão e naquele Parlamento, que nos inspire confiança no futuro. Parece que todos eles estão interessados e obcecados em destryir uma ideia que era boa. Se assim é a nível europeu, o que pensar da situação do nosso país que progressivamente se afunda numa desgovernação que ninguém entende, e a todos envergonha, salvo aos sem vergonha que a decretam. Vão mal os tempos. Muito mal. Será que vai haver lugares na administração da Gazpron para todos estes incapazes?
Deixo-vos com o texto publicado no Diário de Notícias do passado dia 19, pelo jornalista Pedro Tadeu e intitulado « E se um dia a Gazpron comprasse Portugal?».
Então chegámos ao pon¬to em que uma Empresa se propõe comprar um país da União Europeia. Não se trata de comprar uma ilha das Caraíbas pintalgada por palhotas folclóricas. Trata-se da aquisição, a preço de saldo, de um pequeno Estado, é certo mas que é membro da, ò mito, podero¬sa Zona Euro. É revolucionário!
A russa Gazprom (onde. discre¬tos, florescem seis por cento de ca¬pitais alemães) aceita ficar com a divida de Chipre se, em troca, lhe concederem o direito de explorar livremente o gás natural da regão. O negócio pode fazer-se por dez mil milhões de euros. O que, admi¬te-se, para as contas da 15.ª maior companhia do mundo será pouco mais do que uma bagatela.
A intenção surge na sequência da decisão dos ministros das Fi¬nanças do euro de cobrar uma ta¬xa sobre o dinheiro que está de¬positado nos bancos de Chipre. Segundo li em vários jornais eco¬nómicos, nada suspeitos de sim¬patias coletivistas ou de tendên¬cias esquerdistas, "este ato de ter¬rorismo de Estado’’ (sic) é já candidato a medida política mais estúpida do século.
Esta gente é mesmo capaz de nos roubar! Esta gente vende-nos, a nós, povos, como vende qual¬quer mercadoria. Com esta gente nada podemos dar como certo, nem sequer a segurança do di¬nheiro que depositamos nos ban¬cós - um dos piares da arquitetu¬ra da economia capitalista.
Cito: ‘’Toda as pessoa. têm o di¬reito de fruir da propriedade dos seus bens legalmente adquiridos. de os utilzar, de dispor deles e de os transmitir em vida ou por mor¬te. Ninguém pode ser privado da sua propriedade, exceto por razões de utilidade pública. nos casos e condições previstos por lei e me¬diante justa indemnização pela respetiva perda, em tempo útil. A utilização dos bens pode ser regu¬lamentada por lei na medida do necessário ao interesse geral’’. Este é o artigo 17.0 da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Para esta gente, que governa o eu¬ro, este texto não existe ou, então, o seu conceito de "interesse geral" é coisa muito, muito particular ...
Esta medida desumana sobre o povo de Chipre - votada favoravel¬mente, sem surpresa. sem vergo¬nha. pelo ministro português Vitor Gaspar - tem um mérito: revela, em toda a sua crueza, do que esta gente é capaz; faz-nos cair, brutalmente, na pura realidade; dá- nos consciência da montanha que temos de derrubar se um dia quiser¬mos viver numa sociedade com uma govenação decente; lembra¬-nos que corremos mesmo o risco de deixarmos de viver numa de¬mocrada. para passarmos a ser ge¬ridos, 24 horas por dia, como nos piores romances futuristas, por uma gigantesca companhia.
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