Transcrevo, mais uma vez, um texto de Ricardo Araújo Pereira, publicado na sua Boca do Inferno da Visão desta semana, sobre o perfil de um candidato.
Caros cidadãos de Portugal,
Estive ha dias no vosso pafs (acho eu) e parece que cometi um erro. Disse que Cristóvão Colombo era vosso compatriota quando, ao que parece, ele nasceu em Genova. o que significa que era grego, ou assim. Enfim, os povos do sui da Europa acabam por ser todos muito parecidos. Também tenho dificuldade em distinguir africanos e chineses. Sendo oriundo de uma potência como o Luxemburgo, estive muito ocupado a estudar a longa história do meu país, e a conhecer a sua vasta geografia. Por isso, faltou-me disponibilidade para me dedicar à história de países mais pequenos, como 0 vosso. Além disso, no Luxemburgo temos pouquíssimo contacto com portugueses, pelo que a minha ignorância está desculpada, creio eu.
Vamos ao essencial. O meu objectivo era comparar o socialismo com um período negro da história mundial. Por isso, escolhi inteligentemente uma época que os portugueses abominam: os Descobrimentos. Cristóvão Colombo era, na verdade, um socialista: ia sem saber para onde a custa dos contribuintes - e com que resultados? Nenhuns. Nao admira que tenha sido esquecido pela história e que, hoje, alguns altos dignitários europeus nem saibam exactamente quem ele foi e onde nasceu. Diz-se que Cristóvão Colombo descobriu a América. Pois bem, eu já estive na America, e é enorme. Imaginem as vossas cidades de Málaga e Bordéus juntas. A América é ainda maior. Não é nada dificil de descobrir. Vê-se do espaço. Perguntem ao vosso compatriota Neil Armstrong. Ele foi a Júpiter, e sabe do que fala.
Portugal é, sinceramente, a minha parte favorita de Angola, e tive o privilégio de poder confidenciar isto mesmo a Nelson Mandela, quando ele ainda jogava no Benfica. Nessa medida, e como diz Passos Coelho, o vosso país tem em mim um amigo. Creio que o desconhecimento mútuo é o melhor aliado da amizade. Quanto mais se conhece o outro, mais características desagradáveis Ihe descobrimos. E eu já demonstrei que não faço a mínima ideia de quem vocês são e do que fizeram. Terei todo o prazer en defender, na Comissão Europeia, os vossos interesses, mal descubra quais são.
Como dizia o vosso Cervantes: «Ser ou não ser, eis a questão». Portugal tem de optar entre ser socialista, como Cristóvão Colombo, ou sábio e ajuízado, como eu.
Avaliem a dimensão de ambas as figures na história da Europa e do Mundo e decidam em conformidade. Gracias e hasta luego, como se diz aí.
Cordialmente,
Jean-Claude Juncker
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