sábado, setembro 27, 2008

mamma mia !



Não consigo perceber porque só hoje resolvi publicar este post sobre um filme que me encheu as medidas. Fez-me bem à memória, ao coração, aos sentidos e pôs-me de bem com a vida.
Recomendado, dos sete aos setenta.

quinta-feira, setembro 25, 2008

talentos médicos

Os médicos sempre tiveram alguma aptidão para as artes e para as letras, de tal modo que alguns acabaram por abandonar a medicina e dedicar-se à sua nova (ou primeira) paixão da escrita, da música, da pintura ou da escultura.
O que me levou a falar disto, foi ter-me lembrado de um colega amigo (Wolfgang Ellenberger) com quem mantenho contacto frequente e que além de médico é pianista profissional, professor de piano (criador de um novo método de ensino) e que já deu concertos nas melhores salas da Europa. Além disso dirige uma orquestra de Talentos Médicos (não tendo eu a certeza se o talento é grande...). Dele, eu sei que é um magnífico pianista e que tem vários discos gravados, a solo, acompanhando cantoras, ou como solista de concertos para piano e orquestra.
Mas a razão primeira para eu falar disso e dele, foi ter encontrado hoje no You Tube um vídeo que ele ali colocou, para mostrar os 16 cartoons feitos por Wilhelm Busch (o desempenho do pianista e do seu ouvinte, caracterizando andamentos e movimentos, no concerto de Novo Ano de 1865), com música de Chopin, Beethoven e Liszt.
Wolfgang Ellenberger planeou, dirigiu, executou, com a colaboração do actor Emilio de Marchi.

quarta-feira, setembro 24, 2008

esperando a vitória da ciência

Só hoje, algum tempo depois de ter ouvido a notícia da primeira avaria no LHC (Large Hadron Collider), o maior acelerador de partículas existente no mundo, que se estende por 27 quilómetros e existe com a colaboração de milhares de cientistas e o patrocínio do CERN, é que li a interessante crónica de Luís Fernando Veríssimo que não resisto a repassar, para que a possais ler.
É um investimento científico ímpar que permitirá chegar ao grau de conhecimento máximo na Física de Partículas e que talvez venha a permitir explicar os momentos antes do Big Bang, esclarecendo a existência da primeira partícula ou partícula divina.
Como em tudo, há sempre os Velhos do Restelo que, mesmo em questões científicas, levantam problemas e dúvidas que a maioria da comunidade científica não valoriza.
Ora, a crónica de Veríssimo é exactamente sobre isso. Mais actual não pode haver. Mais oportuna não podia ser, exactamente no dia em que algo não correu bem no sector do arrefecimento, a cargo de portugueses e com algum material de fabrico português (felizmente, parece não haver qualquer responsabilidade portuguesa, já que a causa terá sido eléctrica).

Espero que, mais uma vez, os Velhos do Restelo não tenham razão.

domingo, setembro 21, 2008

a imagem não é nada, senhores

Recebi e repasso este texto assinado por Herbert Vianna, cantor e compositor brasileiro, por me parecer razoavelmente escrito, cheio de humor e de razão e escrito num país que foi um dos berços do desenvolvimento imparável da cirurgia estética e, felizmente, também da cirurgia plástica reconstrutiva. Vale a pena ler.

Cirurgia? Lipoaspiração? Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião é dieta. Fé, só na estética. Ritual e malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido, é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só – pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o colectivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
O.K., eu também quero sentir-me bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.
Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.

Cuide bem do seu amor, seja ele quem for.

quinta-feira, setembro 18, 2008

quem salavará a ponte de trajano, em chaves?

Basta esta imagem para se perceber que a minha terra natal é linda e antiquíssima.
Esta ponte romana, chamada de Trajano, parece ser a ponte romana existente na Europa, com maior número de arcos (18).
Se repararem bem e se derem ao trabalho de contar os arcos visíveis na fotografia, logo concluirão que metade deles não se vêem. Se agora olharem e virem as fotografias que se seguem, logo perceberão que grande parte deles perderam visibilidade pela simples razão que foram construídas várias casas sobre eles.

Este crime não é de agora, mas remonta já ao século XIX e ainda ao XX. Posso dizer, por saber do que falo, que uma das casas (a segunda a contar da esquerda) na fotografia que se segue era propriedade e residência de meus pais e nela morreu meu pai, em 1974. A casa foi construída em 1898, em granito e tem um arco da ponte nos seus alicerces. Este arco era amplo e completo e servia de armazém para coisas várias, com entrada pela Rua do Rio.

Esta ponte merece bem que a libertem finalmente da carga que lhe colocaram em cima e do crime horrível de lhe terem amputado a sua beleza e grandiosidade com aquelas construções. Não basta, pois, transformá-la em ponte pedonal, como recentemente foi feito, mas é fundamental restitui-la à grandeza e imponência com que os romanos a fizeram.
Deve ser património da humanidade.
Lutemos nós, flavienses, mais todos aqueles que admiram o belo e respeitam a História, pela sua libertação.
As casas devem ser destruídas e a ponte deve renascer.
Honrem o nome, flavienses.

O milagre, hoje – uma visão desiludida e sarcástica, em três minutos

O facto de um dos temas do próximo congresso da UMEM (União Mundial dos Escritores Médicos), a realizar em Dresden, ser «o milagre», levou-me a pensar sobre ele e verificar qual o ponto da situação actual ou, como é comum dizer-se hoje, qual o «estado da arte» daquilo que o dicionário define como sendo o acto ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais, acontecimento formidável, estupendo, evento que provoca surpresa e admiração, tipo de drama medieval baseado na vida dos santos, qualquer indicação da participação divina na vida humana, indício dessa participação que se revela por uma alteração súbita e fora do comum das leis da natureza, objecto de madeira ou cera com reprodução de uma parte do corpo e oferecido aos santos em cumprimento de uma promessa, prodígio, maravilha, coisa prodigiosa, extraordinária …
Embora o trabalho que vou apresentar seja sobre o outro tema – a solidariedade – entendi que o ter pensado sobre o milagre me obriga, de certa maneira, a dar-vos conta dessa reflexão, pelas diferenças que encontrei ou me pareceram existir hoje e pela visão desiludida e sarcástica com que fiquei.
A primeira reflexão levou-me a pensar que o milagre «clássico» deixou de existir (salvo para aqueles que neles acreditam por devoção ou para a Congregação dos Santos que sobre eles se debruça e os analisa) e que passou a haver uma extraordinária inflação de milagrezinhos, no sentido do que provoca surpresa e admiração.
Actualmente, pode dizer-se que todos os dias há milagres, porque todos os dias alguém tem necessidade deles.
O milagre deixou de ser um acontecimento raro e fora do comum, só despertado por situações extremas que o justificassem, para passar a ser quase banal, tão banal que nem os telejornais o noticiam (mesmo sendo a especialidade desses jornais a banalidade).
Mas os milagres de hoje são muito diferentes, já não são o que eram (como aliás se passa com a maioria das coisas). Primeiro por já não serem de realização e decisão divina e terem passado a ser instrumentos do mais comum dos mortais.
Hoje, não é milagre dizer - «levanta-te e caminha» e assistir-se então à concretização dessa ordem divina, com o paralítico levantando-se e caminhando, manifestação contrária a qualquer teoria ou prática científica, mas manifesto sinal do poder divino.
Hoje o que é milagre, é muitos de nós chegarem ao fim do dia e dizerem – continuo vivo, apesar de tudo. Não fiz jogging, não fui ao ginásio, não tenho (nem posso ter) personal training, fitness é apenas uma palavra, não me resguardo de frio nem calor, só respiro poluição, como à pressa esse ignóbil manjar apelidado de fast food, sou pontapeado e escorraçado por uma série de supostos irmãos e amigos, em sentido figurado ou mesmo real.
Mas o que é prodigioso, extraordinário, ainda mais milagre, é chegar ao fim do dia e dizer – continuo a ter capacidade de amar, de me surpreender, de sonhar, de admirar, apesar de todas as contrariedades, da globalização, da uniformidade de formas, cores, gostos e funções, de tudo de que nos servimos e até daqueles outros humanos com que nos cruzamos ou convivemos de perto.
Hoje ninguém espera ver Deus a falar para o cego e a dizer-lhe simplesmente - «abre teus olhos e vê». E o cego abrir os olhos, fazer uma cara de espanto, olhar á volta como se sempre o tivesse feito, em todos os sentidos, devagar, logo depressa, logo devagar outra vez e gritar – obrigado, meu Deus, obrigado. E logo perguntando – Então o mundo é isto que eu vejo? E porque te não vejo a ti, meu Deus? Ou se te vejo, o que te distingue dos outros que estou vendo?
Hoje o que se espera é que um cientista, um investigador da grossa comunidade científica do mundo on line, mostre a sua cara na televisão e respondendo à pergunta do apresentador, diga simplesmente – hoje acabei com a cegueira.
Com o processo que eu e a minha equipa inventámos, todos, daqui em diante, verão todas as coisas e nas melhores condições. Que se cuidem pois os fabricantes de bengalas para cegos, os editores de livros em Braille, os treinadores de cães-guia. Reciclem-se, se não querem ir para o desemprego.
Aí o locutor dirá – confirma que, a partir de agora, todos os invisuais ou quase invisuais, passarão a ter uma visão completa?
Sim, confirmo. Isso, só não sucederá se os governos, míopes e mesquinhos como costumam ser, não abrirem os cordões às bolsas e não suportarem os altos custos do processo quase milagroso que inventei.
Está a tentar dizer-me que a situação encontrada para a resolução da cegueira é muito cara?
Estou a dizer-lhe que é cara para os necessitados, mas é perfeitamente suportável pelos ricos e por qualquer orçamento de um Estado que tenha um PIB decente. É isso que eu e os meus sócios esperamos.
Por certo, espera ganhar o Prémio Nobel deste ano?
Talvez seja justo que me seja concedido, mas se quer que lhe diga o que verdadeiramente espero e desejo, é que no próximo ano o meu nome já conste na lista da Forbes ou da Fortune…

quarta-feira, setembro 17, 2008

as músicas de meu pai (30)

Claudio Arrau, o famoso pianista chileno desaparecido em 1991, toca o 3.º andamento da Sonata op. 57, Apassionata , de Beethoven.
E fá-lo de forma magistral, apaixonada, num magnífico piano Steinway.
Penso que escolhi uma bela peça musical para encerrar «as músicas de meu pai». O número 30 não chega para eu colocar aqui todas as outras que conservo na memória, mas penso que estas trinta chegarão para vos dar uma ideia do universo musical de meu pai.

as músicas de meu pai (29)

Concerto para Violino e Orquestra D major Op.61 (Mov.1 Part.2), de Beethoven, numa magnífica interpretação da violinista Anne-Sophie Mutter e da Filarmónica de Berlim dirigida por Herbert von Karajan.
Hesitei entre esta interpretação e uma do celebrado Yehudi Menuhin. Apesar da categoria de Menuhin, optei por este encontro de gerações, entre o celebrado Karajan e a ainda jovem e bela Anne-Sophie. Tenho a certeza de que Menuhin aplaudiria vivamente esta magnífica interpretação que aqui vos deixo.


as músicas de meu pai (28)

Concerto para piano e orquestra em lá menor, Op.16 (I. Allegro molto moderato), de Edvard Grieg, interpretado pelo celebrado e recordado pianista Arthur Rubinstein e pela London Symphony Orchestra, dirigida por André Previn, em 1975.

quinta-feira, setembro 11, 2008

as músicas de meu pai (27)

Sinfonia n.º 9 ou do Novo Mundo, de Antonin Dvorak, interpretada pela Philharmoniker de Viena, dirigida por Herbert von Karajan.

quarta-feira, setembro 10, 2008

as músicas de meu pai (26)

Carmina Burana, de Carl Orff, executada pela orquestra e coro da Orquestra Nacional da BBC, em 1994, na Arena de Cardiff, para celebrar o 25.º aniversário de investidura do Príncipe de Gales.

as músicas de meu pai (25)

Gymnopédie n.º 1 de Eric Satie, interpretado por Ahmet Buyukkafali.

as músicas de meu pai (24)

Concerto in E Minor, para Violino e Orquestra, de Mendelssohn, interpretado por Anne Akiko Meyers e a Sinfónica de Hiroshima conduzida pelo Maestro Akiyama.

as músicas de meu pai (23)

Concerto para Piano e Orquestra No. 3 in C minor, de Beethoven, magistralmente interpretado por Artur Rubinstein e a Concertgebouw Orchestra, em Amsterdão, em Agosto de 1973.

as músicas de meu pai (22)

Uma bela interpretação da primeira parte da 9.ª Sinfonia de Ludwig von Beethoven, pela Filarmónica de Berlim, ainda dirigida por Herbert von Karajan.

sexta-feira, setembro 05, 2008

as músicas de meu pai (21)

Ouçam Placido Domingo e Teresa Stratas cantando a área do 1.º Acto da ópera La Traviata, de Verdi.

as músicas de meu pai (20)

Outra das primeiras canções que ouvi a meu pai e que correspondiam à sua fase brasileira, de paulista de palhinha e bengala

quinta-feira, setembro 04, 2008

as músicas de meu pai (19)

Encontrei hoje uma das primeiras músicas que ouvi a meu pai. Talvez a primeira de que tenho memória.

as músicas de meu pai (18)

Hoje é a vez de escutarmos o Intermezzo da ópera Cavalleria rusticana, de Pietro Mascagni. Gravada no Festival de Ravenna em 1996. Orquesta do Teatro Comunale di Bologna, dirigida por Riccardo Muti.

quarta-feira, setembro 03, 2008

será que beethoven escreveu a 5.ª sinfonia depois de uma cena destas?

Sem qualquer truque, teleponto ou repetições, Sid Caesar e Nanette Fabray gravaram este divertido sketch em 1950, para o sitcom televisivo Caesar's Hour, onde, servindo-se da música da 5.ª Sinfonia de Ludwig von Beethoven, representam uma cena de desavença familiar com final feliz.
Como dizia o meu colega alemão Wolfgang Ellenberger, médico e pianista profissional, que fez o favor de mo enviar, este é um vídeo imperdível.

o futuro estará aqui?

Recebi hoje este vídeo que não resisto a colocar imediatamente à vossa disposição.
A notícia desta invenção parece ser tão boa e tão cheia de esperança que custa a acreditar que a solução esteja aqui e seja tão aparentemente fácil.
Teremos que esperar um pouco mais para ver que dificuldades e contraindicações irão aparecer, a este invento do francês Guy Negre.
Será o novo ovo de Colombo?