sexta-feira, agosto 17, 2007

há dias assim


Há dias assim. Apetece-nos fazer uma coisa, mas não a fazemos, não porque não queiramos, mas porque algo disso nos impede.
Hoje, por exemplo. Apetece-me escrever e verter aqui as minhas ideias que me vão chegando, trabalhá-las, desenvolvê-las, torná-las úteis. É verdade, apetece-me fazer isso. Mas o meu cérebro recusa-se totalmente a dar corda ao neurónio exactamente quando escrevo num blogue que tem esse nome. Que fazer? Impor a minha vontade? Obrigar o neurónio a trabalhar? Quem me garante que consigo, se já o tentei e não consegui? Quem ou o quê está dentro de mim, com mais poder que a minha vontade?
Se já consegui formular estas dúvidas é sinal de que o neurónio trabalhou. Mas que o fez de forma burocrática, funcionário privado da minha vontade, sem gosto nem orgulho no que faz, trabalhador a termo na minha fábrica do pensamento.
Termina, diz-me ele. Não insistas que eu hoje não dou mais - é sexta-feira, para mim já é fim de semana. Pagas horas extraordinárias? Dás-me suplementos alimentares? Então, toma juízo. Fecha a fábrica.
Vou fazer-lhe a vontade. Mas só depois de assinar a rescisão do contracto.

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