domingo, janeiro 17, 2010

uma noite memorável


Esta foi uma noite memorável. Não é frequente ter-se a sorte de se poder assistir à projecção de um filme realizado em 1927, mudo, e estar os 90 minutos da sua projecção completamente agarrado às imagens, às expressões dramáticas dos actores, espantado com a capacidade e os dotes do realizador, que com os pobres meios da época, conseguiu transmitir-nos todas as emoções que os actores viveram.
Só isto, era um espanto e maravilha. Mas se lhe juntarmos, como foi o caso, o acompanhamento permanente da música original de Luís Pedro Madeira, composta expressamente para este filme e a excelente execução da Orquestra Láudano, então poderemos dizer que participámos de um dos espectáculos mais belos que a nossa memória regista.
O filme Sunrise foi dos últimos filmes do cinema mudo, já que o sonoro apareceu na transição de 1927 para 28. Foi realizado por esse monstro sagrado da realização Friedrich-Wilhelm Murnau (o mesmo de Nosferatu e Fausto), com argumento e montagem de Carl Mayer, a partir do romance "A Viagem a Tilsit" de Hermann Sudermann.
Entre os actores devem destacar-se os nomes daqueles que constituíam o triângulo amoroso - George O'Brien (o homem - Ansass), Janet Gaynor (a mulher - Indre) e Margaret Livingston (a Vamp).
Sabe-se que este foi um dos filmes mais caros da época, uma vez que Hollywood proporcionou ao realizador alemão tudo aquilo que ele pediu, como os gigantescos cenários que foram construídos.
Um destaque especial para Luís Pedro Madeira (Composição original, Piano, Órgão, Sintetizadores, Acordeão e Guitarra), Luís Formiga (Bateria e Percussões), Luís Oliveira (Contrabaixo), Luís Rodrigues (Trombone), Jorge Campos (Clarinete, Clarinete Baixo e Saxofone) e Daniel Tapadinhas (Fliscorne e Trompete), que interpretando bem o sentir do realizador, tocaram a música que o filme pedia (e teria se já houvesse sonoro), pontuando de forma exemplar todos os pontos marcantes.
Repito, sem me cansar - uma noite memorável.
Parabéns Cineclube de Torres Novas. E obrigado.


2 comentários:

ARG disse...

Muito boa noite

Muito obrigado,também eu,
CARO DOUTOR,pelo que me dá a ler. Belos tempos esses,saudosos tempos,que não voltam mais.Ficam as lembranças possíveis,mais as
más do que as boas. Desses tempos deixo-lhe

O MELHOR DA NOITE

Era dia de cinema,uma grande festa. A casa enchia. Tinha sido um alvoroço antes. Os vestidos,os chapéus,os sapatos,os perfumes,as conversas,os lugares. O balcão era o máximo,mas na primeira plateia não se estava nada mal. Dava para suportar. O pior era a segunda e pior ainda a geral. Aqui ficavam os magalas e os párias. Cheirava mal,sobretudo a suor. E o chão cobria-se de cascas de pevides e de tremoços.
Para alguns,a fita era o menos. O que lhes importava era aparecerem,era mostrarem-se,sendo o intervalo o melhor da noite. As luzes todas acesas,não aquela escuridão medonha que igualava tudo. Uns poucos gostavam de se exibir e vinham para a frente. Eles,naqueles fugidios momentos, os actores.
E à saída,as despedidas,os cumprimentos. E já uma tristeza,que a noite alta mais acentuava,por se voltar,novamente,à sensaboria de sempre. Por um escasso tempo,ali deixada,ali esquecida.

Muito boa saúde,e,mais uma vez,muito obrigado.

anauel disse...

Grande, grande, grande filme!

Que bom que gostaste, que boa noite deve ter sido.