terça-feira, junho 28, 2011

um diálogo de hoje












Por mais voltas que o mundo dê, por mais anos que passem, por mais que se pense e diga e escreva, há coisas que nunca mudam, como a cobiça de muitos, a exploração de outros, o abuso do poder sobre os que o não têm.
Vem isto a propósito de um diálogo entre
Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado e da Economia do rei Luís XIV e o Cardeal Giulio Raimondo Mazzarino, italiano radicado em França, sucessor do Cardeal Richelieu e Primeiro Ministro de França quase 20 anos, que me parece confirmar o que atrás escrevi. Leiam e confirmem.

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...

Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então os ricos?

Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: Então como havemos de fazer?

Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.

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