quarta-feira, março 27, 2013

fuzilamento ou morte lenta?



No Diário de Notícias de ontem, Viriato Soromenho Marques escreveu um magnífico texto de alerta que, como todos os bons textos, não precisam de muitas palavras, mas de ideias e imagens que definam a situação e que não se esqueçam depois de lidas.
Leiam e meditem, já que quem o deveria fazer, não o fará, segramente.


"Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem. Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus que estavam na fila para uma incineração interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e preconceitos. O povo alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram chocados e surpreendidos. Em 2013, 500 milhões de europeus foram testemunhas, ao vivo e a cores, de um ataque relâmpago ao Chipre. Todos vimos um povo sob uma chantagem, violando os mais básicos princípios da segurança jurídica e do estado de direito. Vimos como o governo Merkel obrigou os cipriotas a escolher, usando a pistola do BCE, entre o fuzilamento ou a morte lenta. Nos governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A Europa é hoje governada por Quislings e Pétains. A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e independente."

terça-feira, março 26, 2013

assim nasce uma vida

As imagens obtidas por ressonância magnética são de tal forma elucidativas que se dispensam os comentários. Ou se quisermos, ver primeiro, ouvir ou ler depois. Faça como quiser que não perderá tempo. E ganha muito, vendo uma vida a fazer-se.
 

quinta-feira, março 21, 2013

à venda?


Ao ponto a que chegámos. A ideia da Europa começa a esfumar-se e é preciso muita ignorância ou muita fé, para ainda acreditarmos que a conseguimos salvar. Não se encontra uma cabeça pensantenaquela Comissão e naquele Parlamento, que nos inspire confiança no futuro. Parece que todos eles estão interessados e obcecados em destryir uma ideia que era boa. Se assim é a nível europeu, o que pensar da situação do nosso país que progressivamente se afunda numa desgovernação que ninguém entende, e a todos envergonha, salvo aos sem vergonha que a decretam. Vão mal os tempos. Muito mal. Será que vai haver lugares na administração da Gazpron para todos estes incapazes?
Deixo-vos com o texto publicado no Diário de Notícias do passado dia 19, pelo jornalista Pedro Tadeu e intitulado « E se um dia a Gazpron comprasse Portugal?».


Então chegámos ao pon¬to em que uma Empresa se propõe comprar um país da União Europeia. Não se trata de comprar uma ilha das Caraíbas pintalgada por palhotas folclóricas. Trata-se da aquisição, a preço de saldo, de um pequeno Estado, é certo mas que é membro da, ò mito, podero¬sa Zona Euro. É revolucionário! A russa Gazprom (onde. discre¬tos, florescem seis por cento de ca¬pitais alemães) aceita ficar com a divida de Chipre se, em troca, lhe concederem o direito de explorar livremente o gás natural da regão. O negócio pode fazer-se por dez mil milhões de euros. O que, admi¬te-se, para as contas da 15.ª maior companhia do mundo será pouco mais do que uma bagatela. A intenção surge na sequência da decisão dos ministros das Fi¬nanças do euro de cobrar uma ta¬xa sobre o dinheiro que está de¬positado nos bancos de Chipre. Segundo li em vários jornais eco¬nómicos, nada suspeitos de sim¬patias coletivistas ou de tendên¬cias esquerdistas, "este ato de ter¬rorismo de Estado’’ (sic) é já candidato a medida política mais estúpida do século. Esta gente é mesmo capaz de nos roubar! Esta gente vende-nos, a nós, povos, como vende qual¬quer mercadoria. Com esta gente nada podemos dar como certo, nem sequer a segurança do di¬nheiro que depositamos nos ban¬cós - um dos piares da arquitetu¬ra da economia capitalista. Cito: ‘’Toda as pessoa. têm o di¬reito de fruir da propriedade dos seus bens legalmente adquiridos. de os utilzar, de dispor deles e de os transmitir em vida ou por mor¬te. Ninguém pode ser privado da sua propriedade, exceto por razões de utilidade pública. nos casos e condições previstos por lei e me¬diante justa indemnização pela respetiva perda, em tempo útil. A utilização dos bens pode ser regu¬lamentada por lei na medida do necessário ao interesse geral’’. Este é o artigo 17.0 da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Para esta gente, que governa o eu¬ro, este texto não existe ou, então, o seu conceito de "interesse geral" é coisa muito, muito particular ... Esta medida desumana sobre o povo de Chipre - votada favoravel¬mente, sem surpresa. sem vergo¬nha. pelo ministro português Vitor Gaspar - tem um mérito: revela, em toda a sua crueza, do que esta gente é capaz; faz-nos cair, brutalmente, na pura realidade; dá- nos consciência da montanha que temos de derrubar se um dia quiser¬mos viver numa sociedade com uma govenação decente; lembra¬-nos que corremos mesmo o risco de deixarmos de viver numa de¬mocrada. para passarmos a ser ge¬ridos, 24 horas por dia, como nos piores romances futuristas, por uma gigantesca companhia.

segunda-feira, março 11, 2013

de costas

 
 
Tiago Mesquita (www.expresso.pt), escreveu hoje o artigo que vos deixo para reflexão, depois de conhecermos o prefácio do Presidente a abrir o seu último volume de discursos e outras intervenções.
 
Chávez morreu, Cavaco faz de morto.

«Hugo Chávez, morreu. O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, continua a fazer-se de morto. Nada de novo, pelo menos por cá. Bem vistas as coisas, à imagem do Papa Ratzinger, Cavaco devia ser um Presidente Emérito. Entretanto elegíamos alguém para desempenhar o seu cargo. Se Ratzinger escolheu Castel Gandolfo, não seria má ideia Cavaco recolher a Boliqueime. Com Cavaco em Belém vivemos em constante Sede Vacante, com o Presidente, sozinho, em permanente conclave. Mesmo nunca tendo apreciado o estilo, sou obrigado a reconhecer que um Hugo Chávez morto mexe muito mais com os destinos de um país, com as políticas e com os sentimentos do cidadãos que um Aníbal Cavaco vivinho da Silva. Depois de 33 dias em cativeiro, qual eremita de Belém, Cavaco Silva reapareceu. Enquanto se discutia na AR o futuro do país, Cavaco foi assistir à inauguração de uma unidade de moagem na fábrica Cerealis (enfim, sem comentários...). E, não deixando créditos por mãos alheias, fez o que sabe fazer tão bem: disparou meia dúzia de lugares comuns aos jornalistas, sem que nada de verdadeiramente útil possa ser retirado das suas palavras. O Presidente da República portuguesa é, ao nível da retórica, uma desgraça, à qual se junta o nível de actuação de um ser embalsamado. "O Presidente da República quebrou assim o silêncio pelo qual vinha a ser criticado, insistindo que não deseja "protagonismos mediáticos", por saber que são "inversamente proporcionais" à capacidade de um Presidente " influenciar as decisões tomadas para o país". "Ninguém tem a experiência que eu tenho". Questionado sobre a manifestação do último fim de semana, o Presidente da República defendeu que "as vozes que se fizeram ouvir não podem deixar de ser escutadas"." Expresso Convém alguém dizer a Cavaco que não é um actor da Globo que procura tranquilidade e repouso entre a gravação de duas novelas. E de novelas a envolver amigos do senhor Presidente estamos nós, cidadãos, fartos. Se não quer protagonismo, se quer gozar a reforma antecipadamente (não o faz?) sugiro que renuncie, está na moda. Ouvi muita gente pedir a sua demissão e a do governo e, se acha mesmo que devem ser escutadas estas vozes, faça-lhes a vontade. Estou certo de que não faltarão pretendentes para o cargo, ávidos de protagonismo e dispostos a participar activamente na mudança do estado de coisas. A falta de protagonismo de V. Exa. é inversamente proporcional à paciência dos portugueses. E quanto à vasta experiência de que se gaba, se calhar é melhor não falarmos no assunto. Serviu-nos de quê? Fez-me lembrar aquela do "Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas". Depois de mais esta triste aparição, sou obrigado a concordar com a opção de Cavaco viver como a irmã Lúcia, uma espécie de monge sitiado num país à beira de um ataque de nervos. É que o silêncio dele é mesmo de ouro, pois de cada vez que abre a boca apercebemo-nos que o garante da democracia em que vivemos é, ele próprio, uma nulidade democrática».

domingo, março 10, 2013

ria, se conseguir

Para divertir um pouco, um povo muito entristecido.


sábado, março 09, 2013

um discurso sereno e marcante

Um discurso sereno e marcante da actriz Joana Manuel na Conferência Nacional - Em Defesa de um Portugal Soberano e Desenvolvido, no dia 23 de Fevereiro de 2013 no auditório da Faculdade de Ciências.
É uma voz rara e bela na oratória do nosso tempo. Palavras justas, correctas, belas, amargas e directas, a trespassarem a sensibilidade e o coração justo. Palavras a merecerem ser ouvidas, especialmente por aqueles que tudo farão para as ignorar.

terça-feira, março 05, 2013

dois pesos, duas medidas



Esta fotografia é de extrema importância nos tempos que correm. Como memória em imagem, convinha que a chancelarina ou lá o que é, atentasse nela e corrigisse a sua pesada mão em relação aos pigs. Estes podem ter os defeitos que lhes apontam, mas com eles e mais alguns que lhes inventem, são bem melhores do que aqueles que aaim os insultam. Haverá algum pig que queira trocar de país? Duvido. Fica o texto para meditação.


«Faz hoje 60 anos - Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs | Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda. O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essêncial da dívida. A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra.Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os paises que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920. O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento. O acordo adoptou três princípios fundamentais: 1. Perdão/redução substantial da dívida; 2. Reescalonamento do prazo da divída para um prazo longo; 3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor. O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %. A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida. O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros. Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos paises endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha. Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais. EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem. Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais» Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.