sábado, fevereiro 25, 2006

nem cá, nem lá


A árvore solitária de Caspar David Friedrich, 1822
Nem cá, nem lá.
Suavemente, desce a pétala,
Sua última viagem,
Contra o vento que a sustém.

Nem cá, nem lá,
Agitadamente, desço eu.
Contra ventos e marés,
Minha última viagem.
Do já ido ao que há-de vir.

E quem assim nos olhar,
À flor ou a mim,
Pensará, por instantes,
Que vamos a cair.
Alguns dirão,
Que bonito, tão bonito.
Outros, dirão que nem viram.
E todos seguirão em frente.
De facto, sem ver.

A quem pode interessar,
Uma pétala que cai,
Ou um homem a morrer?

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