quarta-feira, janeiro 12, 2011

o candidato-presidente que não deve explicações 3


Embora fugindo ao tema BPN e alargando a crítica a outros candidatos, resolvo terminar esta curta série sob o mesmo título, com a crónica de Henrique Raposo, no mesmo jornal e dia. Discordando quase totalmente das suas opiniões, vezes há em que as suas palavras me parecem justíssimas. Tal como no futebol, não é por ser do clube adversário que deixo de bater palmas a um grande golo.

«Caro Prof. Cavaco Silva, se o candidato das repúblicas soviéticas soubesse fazer uma 'conta’ de dividir, eu não me levantaria da cama para ir votar em V. Exa. Se o bardo de Águeda soubesse a diferença entre défice e dívida, eu iria engrossar as hordas da abstenção. Se Gama ou Amado estivessem no lugar de Alegre, eu votaria em branco. Mas, de facto V.Exa. é um mal menor, uma necessidade. O seu oponente, Manuel Alegre, é mau de mais para ser verdade. Alegre é uma espécie de Tiririca económico. Eu até acho que deviam meter este candidato numa sala da escolinha primária para lhe. perguntarem o seguinte: ‘V. Exa. sabe o valor do nosso PIB? Sabe qual é a dimensão do nosso endividamento externo?’ E, já agora, também podiam satisfazer uma dúvida epistemológica que me assalta há muito: "Caríssimo bardo, V. Exa. sabe fazer uma conta de dividir com dois divisores?" Sim, este Tiririca de Águeda é uma perigosa nulidade. Sobre isso estamos conversados. Mas, meu caro Presidente, a péssima qualidade do seu adversário não apaga os pecados do cavaquismo.
Com alguma sorte, V. Exa. ainda poderá representar um importante papel na renovação deste regime. Mas, nessa eventualidade, V. Exa. estará apenas no caminho da redenção. Porque o meu caro amigo é um dos responsáveis pela nossa presente situação. Este "Estado' enxameado de boys (o tal "monstro") também é uma invenção do cavaquismo. Aliás, neste momento, um dos grandes obstáculos à modernização do país dá pelo nome de PSD cavaquista, esse-exército-de-encostados-ao-Estado. E este PSD situacionista, meu caro Aníbal, segue a sua mui socialista filosofia de governo: o Estado lidera, a sociedade obedece. Sim, o professor vai à missa, sim senhor, mas isso não o retira do paradigma socialista, o paradigma onde sempre esteve e de onde nunca quis sair. V. Exa. parte do Estado para a sociedade, quando devia partir da sociedade para o Estado. Claro que o cavaquismo é diferente do guterrismo e do cavaquismo 2.0 (Sócrates & Cia.), mas a diferença é de grau, não de natureza. Guterres e Sócrates são socialistas assumidos e incompetentes. V. Exa. é muito competente, mas é um socialista de armário.
É por isso que o cavaquismo representa a descaracterização da Direita portuguesa. O meu caro Professor transformou a Direita na revisora de contas do regime, e anulou aquilo que Sá Carneiro e Lucas Pires tentaram construir: uma direita liberal e conservadora com a Vontade de fazer um debate moral e político com a Esquerda dentro do espaço democrático. V. Exa. deu medo à Direita, medo de se assumir, medo de dar a cara por ideias fora do padrão imposto pela macumba progressista. A sua sorte, meu caro Sr. Medo, é que a política passa pela escolha do mal menor. E eu tenho um medo bíblico do Tiririca de Águeda.»

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