quinta-feira, setembro 08, 2011

o nosso triste fado

Só o fado consegue exprimir o ser português. Não só na toada, no arrasto, na melancolia, no sofrimento, como no vibrar interior. E também no improviso, na adaptação, no aproveitamento da mesma música para letras várias. Na condição social de quem o cantava, menos de quem o canta, nos recantos e locais soturnos onde se ouvia. Como quase tudo em nós é pouco esclarecido e ainda hoje continua a dúvida de quem o criou ou de onde ele veio ou de quem o influenciou. Até por isso só podia ser um cantar português. Mesmo quando é alegre ou procura sê-lo, mesmo quando é sarcástico e certeiro, é em nós que bate, é de nós que fala. Talvez por isso, penso que eu e alguns milhões de portugueses gostam de ouvir o fado com letra de Amália Rodrigues e imortalizado por Mariza, com música de Tiago Machado, com o sugestivo nome «ò gente da minha terra». Sempre que o ouço, vou acompanhando música, palavra e sentimento, cantando-o lá dentro de mim, por vezes ouvindo-me, sentindo fortemente toda a minha alma de português. Resolvi deixar-vos aqui esta magnífica interpretação de Mariza no concerto ao vivo, com orquestra, nos relvadps da Torre de Belém, em 2008. E escolhi esta versão, por ter sido nela que sucedeu o inesperado da súbita emoção de Mariza que lhe suspendeu momentaneamente o canto. É um momento para ouvir, ver e recordar.

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