quinta-feira, dezembro 06, 2012

vá avante, portugueses

Deixei passar alguns dias antes de reproduzir aqui a ùltima carta do Comendador Marques de Correia publicada no Expresso, na esperança de assistir entretanto à adesão de um verdadeiro patriota que respondesse ao apelo ali deixado pelo ilustre Comendador.
Verifico, entretanto, que ou o Expresso tem menos leitores ou o patriotismo está em crise. Na dupla esperança que a crise não tenha afectado por completo o espírito patriótico e que este blog tenha algum leitor de marcado sentido patriótico, reproduzo a carta ainda esperançado que alguém possa ainda pensar que o 1.º de Dezembro é amanhã e que a tradição deve ser mantida.
Janelas há muitas. Venha o patriota.
 

 

                    
cartas abertas  
HOJE É DIA DE ATIRAR UM MIGUEL PELA JANELA E DEVEMOS HONRAR O DIA!
COMENDADOR MARQUES DE CORREIA

Onde o nosso Comendador nos recorda o valor simbólico do dia 1° de dezembro e nos exorta a que o comemoremos

PORTUGUESES CELEBREMOS o dia da reden­ção, em que valentes guerreiros nos deram livre a Nação. A fé nos campos de Ourique coragem deu e valor aos famo­sos de Quarenta que lutaram com ardor. Avante! Avante! É a voz que soará triun­fal. Vá avante mocidade de Portugal!
O espírito do dia, portanto, é este. Estou convencido de que este hino é tão conhe­cido como a canção 'Apita o Comboio', porque tem, também, um alto valor patriótico. No dia 1 de dezembro, o povo que vivia miseravelmente explorado pelos castelhanos levantou-se atrás dos 40 conjurados (no sentido em que os 40 conjurados se levantaram mais cedo) e correu com os espanhóis. Depois disso passou a ser miseravelmente explorado por castelhanos, mas também por ingleses, franceses e portugueses. A movimentação mereceu, portanto, a pena. Perguntarão os mais céticos: ganhámos alguma coisa em nos libertar da Espanha? E eu respondo sem pestanejar: claro que sim. Acaso a madru­gada redentora e restaurado­ra não chegasse, estávamos agora a braços com um refe­rendo como catalães, bascos e galegos hão de ter. Além disso, em Lisboa, o Rossio ligaria à Avenida da Liberdade, pois nunca teríamos a Praça dos Restauradores - a menos que dessem o nome de uma praça ao produto que o dr. Fernando Ruas usa no cabelo, o que seria pouco provável, não tanto pelo produto, mas pelo facto de o dr. Ruas ser de Viseu.
Os mais jovens não se lembram já do que se passou nesse dia, mas eu explico. Valentes guerreiros comandados por um senhor que era casado com a Dona Luísa de Gusmão vieram para a rua e restabele­ceram o domínio português. A coisa, basicamente, aconteceu porque a Dona Luísa disse ao marido: “Ouça, mais vale ser rainha um dia do que duquesa toda a vida, tá a ver?” A frase é importante na celebração da independência de Espanha, uma vez que sendo Dona Luísa a instigar a independência nos esquecemos que ela própria era da casa de Medina-Sidónia, a casa ducal mais importante de um país que tem a capital em Madrid. Assim sendo, Portugal deixou de ser comandado por um lacaio de Espanha e passou a ser comandado por um homem que fazia as vontades a uma espanhola. Há aqui - e fala a experiência de muitos anos ­toda uma diferença que não vou expli­car agora, por ser demasiado fastidiosa. Perguntarão os incautos: nesse caso, se isso foi assim tão simples, por que razão tanta gente ilustre, nomeadamente o dr. Ribeiro e Castro, se indigna e irrita com o facto de terem terminado com o feriado do 1º de dezembro (que calhan­do este ano a um sábado e para o ano a um domingo, só mesmo em 2014 nos fará falta)? Porquê tanta conversa à volta de uma espanhola substituir um lacaio de Espanha?
Ah! Meus caros! Quanta ignorância! É que no dia 1º de dezembro defenestrou­-se (no sentido em que se atirou pela janela) Miguel de Vasconcelos. E eu penso que a verdadeira tradição do dia está em defenestrar um tipo poderoso, com influência no governo do país e que se chame Miguel.
Durante anos, esperámos pacientemente o D. Sebastião do nevoeiro e um traidor de nome Miguel para voltarmos à tradição de o atirar janela abaixo. E a mim ninguém me convence que foi, por agora o termos à mão, que termina­ram com este feriado. Mas eu daqui exorto: Mantenhamos a tradição, defenestremos o Miguel! Vá avante, portugueses!
 
PS.: Miguel Relvas é alvo de uma campanha infame na qual colaboro, com gosto, na medida das minhas possibilidades.

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