domingo, novembro 06, 2005

a dilatação do tempo

O tempo cresce e dilata-se quando se está só. Há tempo para tudo. Para o trabalho, para as obrigações, para o passeio, para o cinema e para a depressão.
Tudo se passa num misto de alegria e vida, envolto num manto ténue, mas pesado, de abandono, desolação e carência.
Quando se está só é tempo de gordos. É o gelado que apetece e se come, é o pensamento retardado que engorda a mente.
Um vago e quase imperceptível desconforto está colado à pele como um fato apertado que se vestiu, de que se não gosta e está fora de moda e de época.
O prazer do olhar, ora se abre em repentes de flash ou se fecha como diafragma de máquina fotográfica que não funciona.
Nada é natural, nem é o mesmo, quando se está só. E sobretudo, quando se está só por acidente, não por acto de vontade e de necessidade.
Quando esta existe, tira-se disso o proveito que a impôs. É o olhar para dentro, que reflecte e dá ordem às ideias. É um alimento necessário à dieta de todos os dias.
Assim, não. Assim, é uma ida ao Tallon para o espírito e o coração,

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