sexta-feira, janeiro 16, 2009

o vinho e o mosto - um exercício de intertextualidade 10


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantos mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa


Onde se chega sem sofrimento, sem dor?
O céu estará no fim duma prova de fogo de privações e dores?
Sim ou não, outros o saberão.
Mas, sempre há que passar além da dor
e todos temos nossos Bojadores a passar.
Para que seja nosso, nosso mar.
Aquele que queremos navegar, agora, hoje, depois.
Aquele em que queremos navegar hoje e sempre.
As lágrimas são o tempero das emoções.
Seu vinagre, seu sal. Por isso, meus olhos ardem...

CVR

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