terça-feira, agosto 02, 2011

a arte está no artista, não no instrumento



Quando se pensa em castanholas, pensa-se em flamengo, em salero, em vestidos vermelhos com bolas pretas aos folhos, em peinetas, em orgulho espanhol, em raça gitana, mas creio que, nunca, em música.
Pelo menos, até hoje assim era comigo. Mas, agora, depois de ver e ouvir esta magistral demonstração de arte e raça de Lucero Tena acompanhada por orquestra sinfónica dirigida pelo maestro Enrique García Asensio, no Auditorio Nacional de Música, em Madrid, a minha opinião é outra e as castanholas ganharam definitivamente estatuto de instrumento musical.
A classe interpretativa desta professora do Conservatório de Madrid, que pertenceu à Companhia da grande Carmen Amaya e a quem Joaquin Rodrigo dedicou Dos Danzas Españolas e já teve a honra de ser dirigida por directores de orquestra de grande craveira como Mstislav Rostropóvich, por exemplo, ressalta em cada segundo da sua longa interpretação, nos sons obtidos, no gestual que os acompanha, na força interior que se adivinha.
Em tudo isto ressalta ainda, pela estranheza, que Lucero Tena não seja espanhola, mas mexicana, mostrando que quando a arte é grande ela está bem lá dentro de cada um.
Eu gostei. Espero que gostem ver e ouvir a sua interpretação no Intermedio de La boda de Luís Alonso, de J Gimenez, quando Lucero Tena tinha já 69 anos.

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