quinta-feira, março 09, 2006

E, se eu vos contasse? – 5.º programa – Medicina na Grécia Antiga

Abaton
A história da medicina nos primeiros tempos da civilização helénica, não pode ser separada da história da filosofia.A medicina no tempo de Homero é uma arte nobre e muitos dos heróis de guerra são versados em medicina. A par destes há os médicos laicos, que são muito considerados e são tidos em grande honra, mais do que outras profissões, porque segundo o poeta «o médico é um homem que vale mais que muitos outros».Os conhecimentos anatómicos são ainda muito primitivos, mas já com algum grau de certeza no que respeitava aos ossos, músculos e articulações. Tal como os egípcios, consideravam a respiração o centro da vida e de todas as paixões. Mas já se sabia da importância do diafragma na respiração.Na Ilíada descrevem-se inúmeros casos de doenças, sobretudo de feridas de guerra, havendo 141 citações no que a estas diz respeito.
No conceito homérico a medicina não é mágica, nem sacerdotal, mas sim uma arte exercida por homens habilitados que se dedicam particularmente ao seu exercício.Apareceu depois uma corrente mística que recorre novamente aos deuses e aos seus poderes curativos. Chegou-se assim a Asclépios ou Esculápio, considerado filho de Apolo e deus da medicina. Em Atenas, o culto de Asclépios apareceu por volta do ano 400 AC.Hipócrates, que se tornou na mais importante e mais completa personalidade médica da antiguidade. Hipócrates terá nascido no ano 460 ou 459 AC., na ilha de Cós.A sua famosa obra «Corpus Hipocraticus» foi uma referência médica durante séculos e ainda no século XVIII era estudado. Há dúvidas sobre algumas das obras que lhe são atribuídas serem de facto da sua autoria. A sua obra «Aforismos», deve ter sido a obra mais lida em todos os tempos. E, ainda hoje, continuamos a respeitar o seu famoso «Juramento de Hipócrates» e todos os jovens médicos o soletram, agora ligeiramente actualizado.«O médico deve ter bom aspecto, estar bem alimentado, porque o público considera que os que não sabem curar o próprio corpo não serão capazes de curar o dos outros. Deve saber calar no justo momento e levar uma vida regrada, porque isso contribuirá muito para a sua boa fama. O seu comportamento deve ser o de um homem honesto e, como tal, deve mostrar-se perante todos os homens honestos, amável e tolerante. Não deve trabalhar impulsiva nem precipitadamente. Deve mostrar sobretudo um rosto tranquilo, sereno e não estar nunca de mau humor, mas, por outro lado, também não demasiado alegre». Vários templos foram erigidos em sua honra, sempre em regiões de grande beleza e água puríssima. À volta dos templos eram feitos teatros, ginásios, banhos e locais para doentes. Todos aqueles que recorriam ao santuário tinham que ser purgados, tomar banho e fazer abstinência de vinho e de alguns alimentos. Iniciavam uma dieta e passavam depois ao «abaton», onde dormiam e aguardavam o sonho curativo. Eram visitados de noite pelo sacerdote, usando uma máscara de deus e acompanhado das sacerdotisas.Asclépio é sempre representado com o bastão e a serpente, que deixa de ser um símbolo de morte, para ser um símbolo de Deus e do seu poder curativo.Existem descrições de várias curas, algumas das quais nos fazem pensar como o factor económico sempre pesou em todas as actividades, nesse tempo como agora.Há um caso descrito em inscrições em pedra que diz que o cego Hermon de Paso foi curado por Deus e passou a ver, mas quando se recusou a pagar os honorários ao santuário do deus, este o cegou de novo, como castigo. Depois, pagou e voltou a ver.Alcmeon de Cretona foi o primeiro a dizer que a sede das sensações e da vida intelectual não era no coração, como se dizia, mas sim no cérebro.Entra-se depois na fase gloriosa da Grécia, com o aparecimento de

CVR

www.darcordaoneuronio.blogspot.com


Sem comentários: