Nos primeiros séculos da Idade Média, a situação dos estudos e do exercício da medicina na Europa, oscilava entre a medicina laica que seguia as antigas tradições romanas, e a medicina escolástica, com sede nos conventos.
De entre as Escolas que funcionaram nestes recuados tempos, a mais importante foi a Escola de Salerno, desde o século IX ao século XIV.
Há dúvidas se o Papa português João XXI, de seu nome Pedro Hispano, ali terá sido professor.
Também não se tem a certeza e já entra no capítulo das lendas, se esta Escola de Salerno foi fundada por quatro médicos – um grego, um latino, um hebreu e um sarraceno, o que, a ser verdade, justificaria que esta Escola centralizasse nela várias orientações e estilos.
Numerosos tratados médicos foram aparecendo ao longo dos tempos de funcionamento desta Escola, mas o mais importante e conhecido, terá sido o «Flos Medicine» ou «Regimen Sanitatis Salernitarum», considerado a espinha dorsal de toda a literatura de práctica médica até ao aparecimento do Renascimento. Foi escrito sob a forma de poema. Milhares de médicos, ao longo dos tempos, sabiam estes poemas de cor. Supõe-se que deste livro se fizeram mais de 300 edições, em francês, alemão e italiano.
Existe uma grande semelhança entre este livro e o «Thesaurus pauperum» de Pedro Hispano, Papa João XXI, mas, tendo em conta as datas de aparecimento de um e de outro não será de admitir que a autoria do Regimen Sanitatis salernitarum se deva ao médico português, embora se desconheça quem realmente o escreveu.
A uroscopia ou estudo da urina como decifração diagnóstica, era respeitada nesta escola e um dos seus médicos Isaac Hebreu, escreveu um livro sobre esta teoria, tendo em atenção a cor, a densidade, o cheiro, conteúdo, floculação e depósito no vaso de noite.
Foi também nesta escola que Ruggero de Frugardo, escreveu a primeira obra com importância sobre cirurgia e chamada «Post mundi fabrican». Durante 3 séculos foi o livro cirúrgico adoptado e mais seguido em toda a Europa. Foi tão importante que acabou por dar origem a um outro famoso livro chamado «Livro dos quatro mestres», que mais não era do que a crítica destes à cirurgia de Ruggero. A leitura destes livros antigos surpreende-nos a maioria das vezes, por encontrarmos neles conceitos médicos e cirúrgicos que continuam a ser de grande actualidade e que mostram o nível elevado de pensamento de quem os escreveu. Por exemplo, na cirurgia de Ruggero, a descrição de como se deve actuar no caso de fracturas do crâneo com afundamento, é primorosa.
Também a cirurgia de Rolando de Parma foi importante. Era um livro muito ilustrado e com grande qualidade de imagens.
O curso de medicina na Escola de Salerno, durava 5 anos e havia depois um 6º ano para o futuro médico praticar, sob a direcção de um médico reconhecido. Após isso, a Escola concedia-lhe a devida autorização para o exercício da medicina.
A partir de 1300, dá-se o declínio da Escola de Salerno e da medicina daqueles tempos. Os médicos só se preocupavam em usar ricos e sumptuosos trajes, com a uroscopia e a investigação do dia e da hora em que devia ser feita a sangria. Os estudos de anatomia e fisiologia foram abandonados.
A medicina caíu tanto que havia que fazer algo por ela. É como resposta a isso, que aparecem as primeiras Universidades ou Estudos Gerais. Uma das primeiras, senão a primeira, foi criada em Montpellier. Havia universidades que dependiam do poder político e outras da Igreja, mas em ambas a última palavra competia ao Papa. Desde 1200, até ao fim da Idade Média, constituiram-se 80 universidades na Europa. Mas, o funcionamento destas nada tinha a ver com o que viria a ser depois.
A anatomia, por exemplo, ensinava-se em lugares ou casas modestas e sem condições e nalguns casos, em casas onde funcionavam prostíbulos. Muitas vezes as lições eram dadas na casa do professor, a quem os discípulos pagavam as lições e a cadeira em que se sentavam e por vezes o professor podia hospedá-los e viverem todos juntos.
Os estudantes, sobretudo os estrangeiros, viviam em hospedarias e pagavam uma mensalidade ao senhorio que era negociada por 4 mediadores da universidade. As casas onde viviam os estudantes eram quase sagradas e era quase impossível o senhorio pô-los na rua. As repúblicas coimbrãs...
Neste período houve cirurgiões famosos, como Hugo de Luca e Guido Lanfranco, mais conhecido como Lanfranc, pois foi desterrado de Itália em 1290 e fez quase toda a sua vida em Paris, onde escreveu a sua Nos primeiros séculos da Idade Média, a situação dos estudos e do exercício da medicina na Europa, oscilava entre a medicina laica que seguia as antigas tradições romanas, e a medicina escolástica, com sede nos conventos.
De entre as Escolas que funcionaram nestes recuados tempos, a mais importante foi a Escola de Salerno, desde o século IX ao século XIV.
Há dúvidas se o Papa português João XXI, de seu nome Pedro Hispano, ali terá sido professor.
Também não se tem a certeza e já entra no capítulo das lendas, se esta Escola de Salerno foi fundada por quatro médicos – um grego, um latino, um hebreu e um sarraceno, o que, a ser verdade, justificaria que esta Escola centralizasse nela várias orientações e estilos.
Numerosos tratados médicos foram aparecendo ao longo dos tempos de funcionamento desta Escola, mas o mais importante e conhecido, terá sido o «Flos Medicine» ou «Regimen Sanitatis Salernitarum», considerado a espinha dorsal de toda a literatura de práctica médica até ao aparecimento do Renascimento. Foi escrito sob a forma de poema. Milhares de médicos, ao longo dos tempos, sabiam estes poemas de cor. Supõe-se que deste livro se fizeram mais de 300 edições, em francês, alemão e italiano.
Existe uma grande semelhança entre este livro e o «Thesaurus pauperum» de Pedro Hispano, Papa João XXI, mas, tendo em conta as datas de aparecimento de um e de outro não será de admitir que a autoria do Regimen Sanitatis salernitarum se deva ao médico português, embora se desconheça quem realmente o escreveu.
A uroscopia ou estudo da urina como decifração diagnóstica, era respeitada nesta escola e um dos seus médicos Isaac Hebreu, escreveu um livro sobre esta teoria, tendo em atenção a cor, a densidade, o cheiro, conteúdo, floculação e depósito no vaso de noite.
Foi também nesta escola que Ruggero de Frugardo, escreveu a primeira obra com importância sobre cirurgia e chamada «Post mundi fabrican». Durante 3 séculos foi o livro cirúrgico adoptado e mais seguido em toda a Europa. Foi tão importante que acabou por dar origem a um outro famoso livro chamado «Livro dos quatro mestres», que mais não era do que a crítica destes à cirurgia de Ruggero. A leitura destes livros antigos surpreende-nos a maioria das vezes, por encontrarmos neles conceitos médicos e cirúrgicos que continuam a ser de grande actualidade e que mostram o nível elevado de pensamento de quem os escreveu. Por exemplo, na cirurgia de Ruggero, a descrição de como se deve actuar no caso de fracturas do crâneo com afundamento, é primorosa.
Também a cirurgia de Rolando de Parma foi importante. Era um livro muito ilustrado e com grande qualidade de imagens.
O curso de medicina na Escola de Salerno, durava 5 anos e havia depois um 6º ano para o futuro médico praticar, sob a direcção de um médico reconhecido. Após isso, a Escola concedia-lhe a devida autorização para o exercício da medicina.
A partir de 1300, dá-se o declínio da Escola de Salerno e da medicina daqueles tempos. Os médicos só se preocupavam em usar ricos e sumptuosos trajes, com a uroscopia e a investigação do dia e da hora em que devia ser feita a sangria. Os estudos de anatomia e fisiologia foram abandonados.
A medicina caíu tanto que havia que fazer algo por ela. É como resposta a isso, que aparecem as primeiras Universidades ou Estudos Gerais. Uma das primeiras, senão a primeira, foi criada em Montpellier. Havia universidades que dependiam do poder político e outras da Igreja, mas em ambas a última palavra competia ao Papa. Desde 1200, até ao fim da Idade Média, constituiram-se 80 universidades na Europa. Mas, o funcionamento destas nada tinha a ver com o que viria a ser depois.
A anatomia, por exemplo, ensinava-se em lugares ou casas modestas e sem condições e nalguns casos, em casas onde funcionavam prostíbulos. Muitas vezes as lições eram dadas na casa do professor, a quem os discípulos pagavam as lições e a cadeira em que se sentavam e por vezes o professor podia hospedá-los e viverem todos juntos.
Os estudantes, sobretudo os estrangeiros, viviam em hospedarias e pagavam uma mensalidade ao senhorio que era negociada por 4 mediadores da universidade. As casas onde viviam os estudantes eram quase sagradas e era quase impossível o senhorio pô-los na rua. As repúblicas coimbrãs...
Neste período houve cirurgiões famosos, como Hugo de Luca e Guido Lanfranco, mais conhecido como Lanfranc, pois foi desterrado de Itália em 1290 e fez quase toda a sua vida em Paris, onde escreveu a sua «Grande Cirurgia», que era o livro de texto usado em Paris e em outras universidades. Deve-se a ele a célebre frase, de grande importância política e educacional, «Ninguém pode ser bom médico se ignora as intervenções cirúrgicas, nem ninguém pode ser bom cirurgião e operar se não conhece a medicina e a anatomia». Foi o primeiro grito de alerta contra a descriminação de que os cirurgiões eram vítimas e uma tentativa de acabar com a práctica instituída de a cirurgia ser praticada por pessoas incultas e sem preparação.
É curioso que séculos depois, o Marquês de Pombal tenha querido pôr fim a esta desigualdade e tenha feito um decreto para resolver o assunto, onde usou esta frase, sem contudo lhe atribuir a paternidade.
A peste negra ou peste bubónica de 1347. Foi tão terrível que até nos livros de Cirurgia se lhe faz referência, como no de Guy de Chauliac. O médico, durante a peste, usava uma estranha indumentária, com vestes longas que o tapavam completamente, luvas altas e trazia no nariz uma esponja embebida em vinagre, em que se dissolviam pós de canela e cravo. Esta esponja era metida num nariz comprido de ave.
Foi durante esta peste negra que surgiu a ideia e práctica da chamada quarentena, que veio até hoje e consistia em manter o doente afastado de contactos com outras pessoas durante 40 dias.
Sangria, purgantes, vesicatórios e clisteres foram a base fundamental da terapêutica na Idade Média. Mas, o principal medicamento foi a teriaga, segundo uns inventada por Andrómaco, na antiguidade, segundo outros por Mitríades. Diz-se que a receita foi encontrada por um deles, escrita e esculpida em bronze, no templo de Asclépios em Epidauro.
A teriaga, ao longo dos tempos, teve as mais variadas composições. Era uma mistura de vários produtos, tendo como base a carne de víbora. Algumas teriagas tinham mais de 50 substâncias. A preparação era difícil e requeria cuidados especiais.
Em Itália, no final de 1400, havia uma classe médica bem organizada, com leis que regulamentavam o exercício da medicina. O médico não podia fazer um diagnóstico e estabelecer uma proposta grave, sem consultar outro colega. Havia uma multa de 40 soldos, se um médico falasse mal de outro. Em público....
De entre as Escolas que funcionaram nestes recuados tempos, a mais importante foi a Escola de Salerno, desde o século IX ao século XIV.
Há dúvidas se o Papa português João XXI, de seu nome Pedro Hispano, ali terá sido professor.
Também não se tem a certeza e já entra no capítulo das lendas, se esta Escola de Salerno foi fundada por quatro médicos – um grego, um latino, um hebreu e um sarraceno, o que, a ser verdade, justificaria que esta Escola centralizasse nela várias orientações e estilos.
Numerosos tratados médicos foram aparecendo ao longo dos tempos de funcionamento desta Escola, mas o mais importante e conhecido, terá sido o «Flos Medicine» ou «Regimen Sanitatis Salernitarum», considerado a espinha dorsal de toda a literatura de práctica médica até ao aparecimento do Renascimento. Foi escrito sob a forma de poema. Milhares de médicos, ao longo dos tempos, sabiam estes poemas de cor. Supõe-se que deste livro se fizeram mais de 300 edições, em francês, alemão e italiano.
Existe uma grande semelhança entre este livro e o «Thesaurus pauperum» de Pedro Hispano, Papa João XXI, mas, tendo em conta as datas de aparecimento de um e de outro não será de admitir que a autoria do Regimen Sanitatis salernitarum se deva ao médico português, embora se desconheça quem realmente o escreveu.
A uroscopia ou estudo da urina como decifração diagnóstica, era respeitada nesta escola e um dos seus médicos Isaac Hebreu, escreveu um livro sobre esta teoria, tendo em atenção a cor, a densidade, o cheiro, conteúdo, floculação e depósito no vaso de noite.
Foi também nesta escola que Ruggero de Frugardo, escreveu a primeira obra com importância sobre cirurgia e chamada «Post mundi fabrican». Durante 3 séculos foi o livro cirúrgico adoptado e mais seguido em toda a Europa. Foi tão importante que acabou por dar origem a um outro famoso livro chamado «Livro dos quatro mestres», que mais não era do que a crítica destes à cirurgia de Ruggero. A leitura destes livros antigos surpreende-nos a maioria das vezes, por encontrarmos neles conceitos médicos e cirúrgicos que continuam a ser de grande actualidade e que mostram o nível elevado de pensamento de quem os escreveu. Por exemplo, na cirurgia de Ruggero, a descrição de como se deve actuar no caso de fracturas do crâneo com afundamento, é primorosa.
Também a cirurgia de Rolando de Parma foi importante. Era um livro muito ilustrado e com grande qualidade de imagens.
O curso de medicina na Escola de Salerno, durava 5 anos e havia depois um 6º ano para o futuro médico praticar, sob a direcção de um médico reconhecido. Após isso, a Escola concedia-lhe a devida autorização para o exercício da medicina.
A partir de 1300, dá-se o declínio da Escola de Salerno e da medicina daqueles tempos. Os médicos só se preocupavam em usar ricos e sumptuosos trajes, com a uroscopia e a investigação do dia e da hora em que devia ser feita a sangria. Os estudos de anatomia e fisiologia foram abandonados.
A medicina caíu tanto que havia que fazer algo por ela. É como resposta a isso, que aparecem as primeiras Universidades ou Estudos Gerais. Uma das primeiras, senão a primeira, foi criada em Montpellier. Havia universidades que dependiam do poder político e outras da Igreja, mas em ambas a última palavra competia ao Papa. Desde 1200, até ao fim da Idade Média, constituiram-se 80 universidades na Europa. Mas, o funcionamento destas nada tinha a ver com o que viria a ser depois.
A anatomia, por exemplo, ensinava-se em lugares ou casas modestas e sem condições e nalguns casos, em casas onde funcionavam prostíbulos. Muitas vezes as lições eram dadas na casa do professor, a quem os discípulos pagavam as lições e a cadeira em que se sentavam e por vezes o professor podia hospedá-los e viverem todos juntos.
Os estudantes, sobretudo os estrangeiros, viviam em hospedarias e pagavam uma mensalidade ao senhorio que era negociada por 4 mediadores da universidade. As casas onde viviam os estudantes eram quase sagradas e era quase impossível o senhorio pô-los na rua. As repúblicas coimbrãs...
Neste período houve cirurgiões famosos, como Hugo de Luca e Guido Lanfranco, mais conhecido como Lanfranc, pois foi desterrado de Itália em 1290 e fez quase toda a sua vida em Paris, onde escreveu a sua Nos primeiros séculos da Idade Média, a situação dos estudos e do exercício da medicina na Europa, oscilava entre a medicina laica que seguia as antigas tradições romanas, e a medicina escolástica, com sede nos conventos.
De entre as Escolas que funcionaram nestes recuados tempos, a mais importante foi a Escola de Salerno, desde o século IX ao século XIV.
Há dúvidas se o Papa português João XXI, de seu nome Pedro Hispano, ali terá sido professor.
Também não se tem a certeza e já entra no capítulo das lendas, se esta Escola de Salerno foi fundada por quatro médicos – um grego, um latino, um hebreu e um sarraceno, o que, a ser verdade, justificaria que esta Escola centralizasse nela várias orientações e estilos.
Numerosos tratados médicos foram aparecendo ao longo dos tempos de funcionamento desta Escola, mas o mais importante e conhecido, terá sido o «Flos Medicine» ou «Regimen Sanitatis Salernitarum», considerado a espinha dorsal de toda a literatura de práctica médica até ao aparecimento do Renascimento. Foi escrito sob a forma de poema. Milhares de médicos, ao longo dos tempos, sabiam estes poemas de cor. Supõe-se que deste livro se fizeram mais de 300 edições, em francês, alemão e italiano.
Existe uma grande semelhança entre este livro e o «Thesaurus pauperum» de Pedro Hispano, Papa João XXI, mas, tendo em conta as datas de aparecimento de um e de outro não será de admitir que a autoria do Regimen Sanitatis salernitarum se deva ao médico português, embora se desconheça quem realmente o escreveu.
A uroscopia ou estudo da urina como decifração diagnóstica, era respeitada nesta escola e um dos seus médicos Isaac Hebreu, escreveu um livro sobre esta teoria, tendo em atenção a cor, a densidade, o cheiro, conteúdo, floculação e depósito no vaso de noite.
Foi também nesta escola que Ruggero de Frugardo, escreveu a primeira obra com importância sobre cirurgia e chamada «Post mundi fabrican». Durante 3 séculos foi o livro cirúrgico adoptado e mais seguido em toda a Europa. Foi tão importante que acabou por dar origem a um outro famoso livro chamado «Livro dos quatro mestres», que mais não era do que a crítica destes à cirurgia de Ruggero. A leitura destes livros antigos surpreende-nos a maioria das vezes, por encontrarmos neles conceitos médicos e cirúrgicos que continuam a ser de grande actualidade e que mostram o nível elevado de pensamento de quem os escreveu. Por exemplo, na cirurgia de Ruggero, a descrição de como se deve actuar no caso de fracturas do crâneo com afundamento, é primorosa.
Também a cirurgia de Rolando de Parma foi importante. Era um livro muito ilustrado e com grande qualidade de imagens.
O curso de medicina na Escola de Salerno, durava 5 anos e havia depois um 6º ano para o futuro médico praticar, sob a direcção de um médico reconhecido. Após isso, a Escola concedia-lhe a devida autorização para o exercício da medicina.
A partir de 1300, dá-se o declínio da Escola de Salerno e da medicina daqueles tempos. Os médicos só se preocupavam em usar ricos e sumptuosos trajes, com a uroscopia e a investigação do dia e da hora em que devia ser feita a sangria. Os estudos de anatomia e fisiologia foram abandonados.
A medicina caíu tanto que havia que fazer algo por ela. É como resposta a isso, que aparecem as primeiras Universidades ou Estudos Gerais. Uma das primeiras, senão a primeira, foi criada em Montpellier. Havia universidades que dependiam do poder político e outras da Igreja, mas em ambas a última palavra competia ao Papa. Desde 1200, até ao fim da Idade Média, constituiram-se 80 universidades na Europa. Mas, o funcionamento destas nada tinha a ver com o que viria a ser depois.
A anatomia, por exemplo, ensinava-se em lugares ou casas modestas e sem condições e nalguns casos, em casas onde funcionavam prostíbulos. Muitas vezes as lições eram dadas na casa do professor, a quem os discípulos pagavam as lições e a cadeira em que se sentavam e por vezes o professor podia hospedá-los e viverem todos juntos.
Os estudantes, sobretudo os estrangeiros, viviam em hospedarias e pagavam uma mensalidade ao senhorio que era negociada por 4 mediadores da universidade. As casas onde viviam os estudantes eram quase sagradas e era quase impossível o senhorio pô-los na rua. As repúblicas coimbrãs...
Neste período houve cirurgiões famosos, como Hugo de Luca e Guido Lanfranco, mais conhecido como Lanfranc, pois foi desterrado de Itália em 1290 e fez quase toda a sua vida em Paris, onde escreveu a sua «Grande Cirurgia», que era o livro de texto usado em Paris e em outras universidades. Deve-se a ele a célebre frase, de grande importância política e educacional, «Ninguém pode ser bom médico se ignora as intervenções cirúrgicas, nem ninguém pode ser bom cirurgião e operar se não conhece a medicina e a anatomia». Foi o primeiro grito de alerta contra a descriminação de que os cirurgiões eram vítimas e uma tentativa de acabar com a práctica instituída de a cirurgia ser praticada por pessoas incultas e sem preparação.
É curioso que séculos depois, o Marquês de Pombal tenha querido pôr fim a esta desigualdade e tenha feito um decreto para resolver o assunto, onde usou esta frase, sem contudo lhe atribuir a paternidade.
A peste negra ou peste bubónica de 1347. Foi tão terrível que até nos livros de Cirurgia se lhe faz referência, como no de Guy de Chauliac. O médico, durante a peste, usava uma estranha indumentária, com vestes longas que o tapavam completamente, luvas altas e trazia no nariz uma esponja embebida em vinagre, em que se dissolviam pós de canela e cravo. Esta esponja era metida num nariz comprido de ave.
Foi durante esta peste negra que surgiu a ideia e práctica da chamada quarentena, que veio até hoje e consistia em manter o doente afastado de contactos com outras pessoas durante 40 dias.
Sangria, purgantes, vesicatórios e clisteres foram a base fundamental da terapêutica na Idade Média. Mas, o principal medicamento foi a teriaga, segundo uns inventada por Andrómaco, na antiguidade, segundo outros por Mitríades. Diz-se que a receita foi encontrada por um deles, escrita e esculpida em bronze, no templo de Asclépios em Epidauro.
A teriaga, ao longo dos tempos, teve as mais variadas composições. Era uma mistura de vários produtos, tendo como base a carne de víbora. Algumas teriagas tinham mais de 50 substâncias. A preparação era difícil e requeria cuidados especiais.
Em Itália, no final de 1400, havia uma classe médica bem organizada, com leis que regulamentavam o exercício da medicina. O médico não podia fazer um diagnóstico e estabelecer uma proposta grave, sem consultar outro colega. Havia uma multa de 40 soldos, se um médico falasse mal de outro. Em público....
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