Abauladamente cónico,
Dourado e verde,
Ergue-se o cedro,
Bem para o alto.
A lua, essa, está gorda,
Dourada-fogo,
Como lhe acontece estar.
Assim, tal e qual, a vejo eu
De meu amplo balcão,
Do canto de meu ring,
Onde combato a solidão.
Também ouço os sinos.
As crianças, os risos e as danças.
O cheiro a terra molhada
Que a Celeste antes regou.
Ouço o cantar da água
Na máquina que ela usou.
Ouço vozes adultas, a roda do triciclo,
As folhas que o vento arrasta.
Sinto a ferroada do mosquito,
Vejo luzes, muitas luzes.
De casas, muitas casas.
Além, mais perto, mais além.
Esta mesa de ferro onde escrevo,
À luz quente e dourada da lua.
É a mesa do poeta.
Toda a terra aqui chega,
Sons, cheiros, temperaturas.
Parece por encomenda,
O badalo do rebanho.
As hortênsias que são azuis,
Mesmo de noite.
O cão ladrou agora.
Quantas vezes, antes?
E eu vou continuar no meu balcão,
Para lá, para cá, para lá, para cá,
Contando metros, depois quilómetros,
Dores.
Dores.
Dores.
CVR
www.darcordaoneuronio.blogspot.com
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