segunda-feira, fevereiro 04, 2008

a minha inesperada ida a évora


A verdade é que não podemos dizer - vou fazer isto ou aquilo - com o grau de certeza com que normalmente o fazemos. Cada dia me parece mais evidente que cada vez há menos certezas, apesar da ciência e a investigação todos os dias nos dizerem e mostrarem, o contrário do que agora acabei de afirmar.

Vem isto a propósito dum facto recente, aparentemente sem importância, mas que para mim teve pelo menos a de me levar a escrever este post.

Não tinham passado vinte e quatro horas de eu ter feito a reserva do hotel em Madrid para cinco noites e de ter anulado vários compromissos que tinha assumido anteriormente e eis que me encontrei inesperadamente a cancelar a reserva do hotel, a colocar o saco de viagem no carro, mas não para seguir para Madrid como supunha, mas para Évora, em que até aí nem pensara.

As razões para esta súbita e inesperada mudança não são para aqui chamadas, nem trariam qualquer ajuda à defesa da proposição atrás enunciada. O que aqui verdadeiramente interessa, é a realidade sucedida que nada teve a ver com planeamento ou necessidade. Das cidades pequenas de que gosto, Évora é um must. Estou sempre pronto a ir até lá, independentemente de razões, épocas ou estações. Mas nunca me tinha sucedido meter-me a caminho desta forma inesperada e sem motivo.

Não sei se por isso, se por qualquer outra coisa, também a estadia teve algumas coisas inesperadas.

Dei comigo a entrar no Turismo e a pedir a Agenda Cultural. Logo três sugestões me chamaram a atenção e imediatamente decidi que iriam fazer parte da minha estadia. Logo nessa noite desloquei-me à Sociedade Harmonia Eborense para assistir a uma peça teatral chamada «Vou a Marte para sempre», uma criação do PIM Teatro, interpretada pelos actores Diogo Duro, João Sérgio Palma e Sandra Horta.

Este grupo de teatro sediado naquela cidade fazia teatro para crianças, tendo feito agora esta peça para adultos, não sei se apenas como experiência, ou apenas porque sim, se por mudança de rumo. Seja pelo que tenha sido, conseguiu vencer esta aposta. Com uma estrutura e carpintaria cénicas extremamente simplificadas, com diálogos de autoria dos actores, conseguem dar uma imagem bastante real do desacerto da maioria dos casais de hoje.

Extremamente divertido, mas ao mesmo tempo sério, é um espectáculo cheio de ritmo e eficácia no envio da mensagem.

O título da peça assenta num facto que trespassa toda a peça que é a impossibilidade do diálogo, o significado dúbio das palavras, a instabilidade emocional. O «Vou a Marte para sempre» que ele diz é completamente diferente do «Vou amar-te para sempre» que ela pensa ouvir.

Uma palavra de tristeza pelo grau de degradação das instalações da Sociedade Harmonia Eborense que bem merecia ajuda autárquica ou de um qualquer mecenas disponível e a precisar de benefícios fiscais.

Uma palavra de satisfação por ver um público jovem, interessado e participativo.

Fui-me deitar satisfeito e um pouco menos céptico.

1 comentário:

Kamila Silva disse...

Boas tardes,dias,noites...lhe
desejo,

Há algum tempo pensei em estudar medicina mas com toda a promiscuidade dessa área aqui,no Brasil,eu desisti,pois não tenho vontade de me corronper:laboratorios,grupos mais influentes...eu penso que você pode me compreender,mas tenho lido um pouco sobre a medicina ayuvedica e obviamente venho me interessado mais e mais,nesse estudo das patologias e igualmente a penetraçao na mente do paciente de acordo com o proprio,me parece equilibrado e integro,enfim,peço-lhe,e já lhe sou grata,quaisquer referencias e informações mais específicas sobre a formação legal nesta área.
Kamila Venancio.