Confesso que não tinha posto grande esperança neste espectáculo de revisitação de alguns sketches dos Monty Phython, embora tivesse confiança na equipa que se propusera fazê-lo. A tradução e adaptação de Nuno Markl dava alguma garantia e a interpretação de António Feio (também encenador), Bruno Nogueira, Jorge Mourato, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme, sossegavam-me bastante quanto ao sucesso desta aventura. Estava, contudo, longe de imaginar de que iria gostar tanto e, sobretudo, de que iria rir-me tanto. Por mais que se possa pensar que o riso é contagiante e que ninguém pode ficar indiferente ou imune a uma plateia que ri, o certo é que eu sei que ri, não por isso, mas porque o texto e a representação me proporcionaram essa boa e insuperável receita profilática de acidentes cardíacos, depressões e vida breve, que é o riso.
O espectáculo tem ritmo, está equilibrado, nunca cai em zona negativa e tem momentos ou picos de grande gargalhada (é quase impensável que se possa rir à gargalhada com um humor tão fino, tão marcado culturalmente, com tantas referências).
Parece sempre deselegante destacar-se um ou outro momento, um ou outro actor, em espectáculo tão homogéneo e perfeito. Mas, seja deselegante ou não, não posso deixar de salientar dois sketches particularmente - aquele em que o Papa (José Pedro Gomes) conversa e repreende o pintor Miguel Ângelo (Miguel Guilherme) por não ter pintado «A Última Ceia» de forma correcta e como lha tinha encomendado e aquele outro em que um humorista resolve escrever uma piada mortal, a que ninguém possa resistir, tal o riso que despertará. As mortes em série de todos aqueles que a liam levam à sua utilização como arma de guerra ....
Espectáculo conseguido, com inteira adesão do público que enchia totalmente o teatro.
Dá gosto ver estas duas coisas - um espectáculo conseguido e uma sala de teatro cheia.


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