No curto espaço de vinte dias, vários factos aconteceram no mundo, que, de uma forma ou de outra, o afectaram ou podem vir a afectar.
Bush foi reeleito, Arafat morreu, Kofi Anan foi posto em causa, acusado de alguns actos reprováveis, José Manuel Barroso entrou finalmente em funções, o Fêquêpê já se encontra na liderança do campeonato, o BCP com as suas acções eternamente em queda, ofereceu ao mundo televisivo e aos lisboetas em especial, a maior árvore de Natal, iluminada, da Europa, com seus milhões de lâmpadas, quilómetros de tubos e vinte andares de altura, o Orçamento para 2005 foi aprovado pela maioria governante na Assembleia da República Portuguesa, a Cinha e o Alexandre porno, do Quintal dos Ranhosos, fizeram as pazes, cheios de esperança em risonhos futuros a vir, cheios de guerras em paz, vários lisboetas entrevistados nas ruas, disseram não compreender a pergunta esclarecidamente redigida, por esclarecidos cérebros, que constará do Referendo a vir, as SCUT passaram a CCUT (de sem-S, para com-C custo), pelo Largo do Arneiro, em Golegã, passaram mais de um milhão de europeus, bípedes e quadrúpedes, bem espremidos uns contra outros, em passo lento, paciente e interrogativo (porquê, meu Deus, me meti eu nisto), a SIC e a TVI continuam a transmitir aquelas dúzias de novelas diárias, a Dois persiste em cativar espectadores, a mordaça anda por aí, disfarçada ou não, desejosa de silenciar alguns, enquanto e, apesar de tudo isto, em Portugal o sol brilha todos os dias e tenta trazer-nos algum calor.
Colin Powell pediu a demissão e Cori (para os amigos) entrou com seu voo de falcão a ocupar o poleiro do pombo demissionário. Wall Street ainda não decidiu bem, se sobe se desce e o Brent vai oscilando lentamente, ora acenando com uma ligeira descida, ora subindo um pouco mais, aproximando-se perigosamente do ponto em que o preço atingido conduza inexoravelmente a uma outra guerra mundial.
Os políticos dos cinco continentes (penso que continuam a ser cinco), politicam bem, mal e assim assim, à medida do que sabem e do que é politicamente correcto em cada momento. Mas, sempre felizes, sorridentes, contentinhos consigo mesmos e com os proveitos que, mesmo nos menos afortunados, não são de desprezar. E também nos cinco continentes a legião de aprendizes, os jotas, só pensam na maneira mais rápida de passarem a perna aos cotas. E é vê-los, ainda de cueiros, a mandar vir nas televisões, nos comícios, nos congressos dos partidos, nas assembleias, a desfazerem-se em chuveiros de palavras luminosas, quando falam dos seus confrades e a lançarem vários morteiros quando se referem à concorrência, que me parece melhor palavra que oposição. E é um verdadeiro espectáculo de fogo de artifício. Mas, as lágrimas ficam para nós, os que assistimos todos os dias aos seus espectáculos de falsos conhecimentos, de falsa cultura, de nula experiência, de nula vivência e todavia, todos empertigados, qual periquitos engravatados, quase acreditando no que dizem e só pensando na hora em que alguém desprevenido os convide para secretários de estado ou chefes de gabinete, porque é preciso acenar com estas coisas à juventude, detentora de muitos votos.
Também nos cinco continentes, as pessoas se interrogam, aquelas que se interrogam, tentando perceber por que estranha razão aquela pata gigantesca, toda em azul, vermelho e branco, cheia de riscas e estrelas, se sente autorizada, como o mundo sente cada vez mais, a fazer sombra nas nossas cabeças, nas nossas vidas, sufocando o que ainda há para sufocar, vendendo-nos tudo que já se não pode comprar, dando abraços e apertos de mão sem significado real e que apenas contam para a fotografia que obriga os participantes a fazerem aquele sorriso apatetado, antinatural, que todos fazem, balouçando as mãos, como se as apertassem (nisso o inglês é uma língua maravilhosa, pois chama a esse apertar, shake!).
O túnel do Marquês continua parado, sem se saber até quando, em homenagem diária ao seu ideólogo, o túnel do Rossio encerrou por um ano, em emergência, antes de qualquer catástrofe, mas podemos estar todos tranquilos (umas dezenas de metros de terra os separa), porque isso nada tem a ver com as escavações do túnel do Marquês, mesmo que as reparações urgentes a fazer sejam exactamente nos pontos de contacto de um com outro. E, se eles dizem que assim é, quem somos nós para afirmar o contrário? O caneiro de Alcântara ameaça criar problemas se o sol nos abandonar e vier a chuva devida a esta estação do ano; esperemos que não haja tragédias, para além daquelas a que assistiremos em directo, em todos os canais, de uns e outros se acusarem mutuamente, tentando demonstrar que se há incúria e culpa, ela não é de agora e é da responsabilidade de outros, no ping pong habitual que já ninguém suporta. Uma parte de Lisboa ficou hoje sem água, por abatimento de terras em Santa Apolónia, o que também nada tem a ver com as obras do metro que ali vai terminar. Sim, claro que da chuva não foi, porque está um sol radioso, mas das obras também não. E mais dois trabalhadores ficaram soterrados, quando faziam escavações. Claro, que estavam executadas todas as medidas devidas à segurança do pessoal. Os bombeiros não viram que as terras estavam escoradas? Então, o amigo não vê essas tábuas que para aí estão espalhadas? Foram os bombeiros que as tiraram, durante as manobras para salvar os soterrados!
Entretanto um dos «gatos fedorentos» vai conquistando todo o povo e fazendo da sua fala, a fala de todos, conquistados que estão por aquele magnífico «eles falam, falam, mas eu não os vejo fazer nada, e fico chateado, com certeza que fico chateado».
Haja esperança!
Bush foi reeleito, Arafat morreu, Kofi Anan foi posto em causa, acusado de alguns actos reprováveis, José Manuel Barroso entrou finalmente em funções, o Fêquêpê já se encontra na liderança do campeonato, o BCP com as suas acções eternamente em queda, ofereceu ao mundo televisivo e aos lisboetas em especial, a maior árvore de Natal, iluminada, da Europa, com seus milhões de lâmpadas, quilómetros de tubos e vinte andares de altura, o Orçamento para 2005 foi aprovado pela maioria governante na Assembleia da República Portuguesa, a Cinha e o Alexandre porno, do Quintal dos Ranhosos, fizeram as pazes, cheios de esperança em risonhos futuros a vir, cheios de guerras em paz, vários lisboetas entrevistados nas ruas, disseram não compreender a pergunta esclarecidamente redigida, por esclarecidos cérebros, que constará do Referendo a vir, as SCUT passaram a CCUT (de sem-S, para com-C custo), pelo Largo do Arneiro, em Golegã, passaram mais de um milhão de europeus, bípedes e quadrúpedes, bem espremidos uns contra outros, em passo lento, paciente e interrogativo (porquê, meu Deus, me meti eu nisto), a SIC e a TVI continuam a transmitir aquelas dúzias de novelas diárias, a Dois persiste em cativar espectadores, a mordaça anda por aí, disfarçada ou não, desejosa de silenciar alguns, enquanto e, apesar de tudo isto, em Portugal o sol brilha todos os dias e tenta trazer-nos algum calor.
Colin Powell pediu a demissão e Cori (para os amigos) entrou com seu voo de falcão a ocupar o poleiro do pombo demissionário. Wall Street ainda não decidiu bem, se sobe se desce e o Brent vai oscilando lentamente, ora acenando com uma ligeira descida, ora subindo um pouco mais, aproximando-se perigosamente do ponto em que o preço atingido conduza inexoravelmente a uma outra guerra mundial.
Os políticos dos cinco continentes (penso que continuam a ser cinco), politicam bem, mal e assim assim, à medida do que sabem e do que é politicamente correcto em cada momento. Mas, sempre felizes, sorridentes, contentinhos consigo mesmos e com os proveitos que, mesmo nos menos afortunados, não são de desprezar. E também nos cinco continentes a legião de aprendizes, os jotas, só pensam na maneira mais rápida de passarem a perna aos cotas. E é vê-los, ainda de cueiros, a mandar vir nas televisões, nos comícios, nos congressos dos partidos, nas assembleias, a desfazerem-se em chuveiros de palavras luminosas, quando falam dos seus confrades e a lançarem vários morteiros quando se referem à concorrência, que me parece melhor palavra que oposição. E é um verdadeiro espectáculo de fogo de artifício. Mas, as lágrimas ficam para nós, os que assistimos todos os dias aos seus espectáculos de falsos conhecimentos, de falsa cultura, de nula experiência, de nula vivência e todavia, todos empertigados, qual periquitos engravatados, quase acreditando no que dizem e só pensando na hora em que alguém desprevenido os convide para secretários de estado ou chefes de gabinete, porque é preciso acenar com estas coisas à juventude, detentora de muitos votos.
Também nos cinco continentes, as pessoas se interrogam, aquelas que se interrogam, tentando perceber por que estranha razão aquela pata gigantesca, toda em azul, vermelho e branco, cheia de riscas e estrelas, se sente autorizada, como o mundo sente cada vez mais, a fazer sombra nas nossas cabeças, nas nossas vidas, sufocando o que ainda há para sufocar, vendendo-nos tudo que já se não pode comprar, dando abraços e apertos de mão sem significado real e que apenas contam para a fotografia que obriga os participantes a fazerem aquele sorriso apatetado, antinatural, que todos fazem, balouçando as mãos, como se as apertassem (nisso o inglês é uma língua maravilhosa, pois chama a esse apertar, shake!).
O túnel do Marquês continua parado, sem se saber até quando, em homenagem diária ao seu ideólogo, o túnel do Rossio encerrou por um ano, em emergência, antes de qualquer catástrofe, mas podemos estar todos tranquilos (umas dezenas de metros de terra os separa), porque isso nada tem a ver com as escavações do túnel do Marquês, mesmo que as reparações urgentes a fazer sejam exactamente nos pontos de contacto de um com outro. E, se eles dizem que assim é, quem somos nós para afirmar o contrário? O caneiro de Alcântara ameaça criar problemas se o sol nos abandonar e vier a chuva devida a esta estação do ano; esperemos que não haja tragédias, para além daquelas a que assistiremos em directo, em todos os canais, de uns e outros se acusarem mutuamente, tentando demonstrar que se há incúria e culpa, ela não é de agora e é da responsabilidade de outros, no ping pong habitual que já ninguém suporta. Uma parte de Lisboa ficou hoje sem água, por abatimento de terras em Santa Apolónia, o que também nada tem a ver com as obras do metro que ali vai terminar. Sim, claro que da chuva não foi, porque está um sol radioso, mas das obras também não. E mais dois trabalhadores ficaram soterrados, quando faziam escavações. Claro, que estavam executadas todas as medidas devidas à segurança do pessoal. Os bombeiros não viram que as terras estavam escoradas? Então, o amigo não vê essas tábuas que para aí estão espalhadas? Foram os bombeiros que as tiraram, durante as manobras para salvar os soterrados!
Entretanto um dos «gatos fedorentos» vai conquistando todo o povo e fazendo da sua fala, a fala de todos, conquistados que estão por aquele magnífico «eles falam, falam, mas eu não os vejo fazer nada, e fico chateado, com certeza que fico chateado».
Haja esperança!
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