O espírito puxa-me mais que o corpo. Será que o posso concluir, pela simples e primitiva análise dos factos que me levaram a escrever tal sentença? É ponto de partida a decisão que ontem tinha tomado de hoje reiniciar a ginástica. Noutros moldes, à cause do meu joelho ainda doente, mas recomeçar, de qualquer modo, para não perder o pé. Mas, já ontem à noite, começou a fermentar a ideia de vir hoje à Biblioteca e não só amanhã, comme d'habitude. Penso que quando me deitei, e adormeci, já isso estava completamente resolvido dentro de mim. E, se ontem não estava, hoje ficou. Tive que ir à Escola buscar o cartão da Biblioteca Nacional, e o fato de treino olhou-me de lado e de frente, e já o trânsito da cidade me tinha aconselhado a ginástica, assustando-me e desencorajando-me, com um movimento inabitual de automóveis em circulação. Mas, mesmo assim, venceu o espírito.
E, aqui estou eu, sentado, numa modorra de prazer, retardando a circulação sanguínea, favorecendo o trombo e a flebite, mas talvez evitando o enfarte que, qualquer dia, a ginástica me trará.
Já comi o queque, sim senhor, e já tomei a bica. Aqui, a rotina dos prazeres não me assusta. Agora, seguiu-se a escrita, a hemorragia verbal umbigo-contemplativa e, por último vai seguir-se o livro que acabou de chegar.
Esta chegada dos livros, enquanto escrevo, deve servir para alimentar em mim a ideia de que se eles não chegassem, eu continuaria escrevendo, escrevendo, até ao limite final do romance que todos pensamos ter dentro de nós e que precisamos de escrever, por dever à humanidade, e por termos a obrigação absoluta de não os privar desse bem, que de nós sai e tão generosamente lhes damos. Ah, vaidadezinha, vaidadezinha, ou cegueira, ou nada, nada, apenas a necessidade de ter algo, nem que seja a ilusão em estado puro, porque completamente desapoiada, de termos qualquer coisa dentro de nós, uma nascente de águas puras, ora calmas, ora turbulentas, que arrastam cardumes de peixes-palavras, de peixes-ideias, mais ou menos salvadores das pátrias de todos e não só da nossa, tudo dependendo do aparecimento dos tradutores, que pensando salvar a pátria ou salvar a vida, ganhando seu pão, se atirem a essa tarefa que é verter a água de um rio, no jarro-livro da sua língua.
E outra razão está já aparecendo para que eu possa continuar a alimentar a vã e confortável ideia do manancial criador inesgotável. A página chega ao fim e não faz sentido tirar outra. Estou aqui para consultar livros e não para escrever. E, assim encontrei a desculpa que queria. Resta-me dizer à bientôt.
E, aqui estou eu, sentado, numa modorra de prazer, retardando a circulação sanguínea, favorecendo o trombo e a flebite, mas talvez evitando o enfarte que, qualquer dia, a ginástica me trará.
Já comi o queque, sim senhor, e já tomei a bica. Aqui, a rotina dos prazeres não me assusta. Agora, seguiu-se a escrita, a hemorragia verbal umbigo-contemplativa e, por último vai seguir-se o livro que acabou de chegar.
Esta chegada dos livros, enquanto escrevo, deve servir para alimentar em mim a ideia de que se eles não chegassem, eu continuaria escrevendo, escrevendo, até ao limite final do romance que todos pensamos ter dentro de nós e que precisamos de escrever, por dever à humanidade, e por termos a obrigação absoluta de não os privar desse bem, que de nós sai e tão generosamente lhes damos. Ah, vaidadezinha, vaidadezinha, ou cegueira, ou nada, nada, apenas a necessidade de ter algo, nem que seja a ilusão em estado puro, porque completamente desapoiada, de termos qualquer coisa dentro de nós, uma nascente de águas puras, ora calmas, ora turbulentas, que arrastam cardumes de peixes-palavras, de peixes-ideias, mais ou menos salvadores das pátrias de todos e não só da nossa, tudo dependendo do aparecimento dos tradutores, que pensando salvar a pátria ou salvar a vida, ganhando seu pão, se atirem a essa tarefa que é verter a água de um rio, no jarro-livro da sua língua.
E outra razão está já aparecendo para que eu possa continuar a alimentar a vã e confortável ideia do manancial criador inesgotável. A página chega ao fim e não faz sentido tirar outra. Estou aqui para consultar livros e não para escrever. E, assim encontrei a desculpa que queria. Resta-me dizer à bientôt.
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