Estou sentado num local que tu abominas, vendo apenas parte do todo e rejeitando este em nome da parte. O mesmo erro que eu faço, mas em sentido contrário. A diferença está em eu valorizar a parte que me interessa e tu desvalorizares o todo pela parte que recusas.
E contudo, quem diria afinal que tudo isto se resume a um problema de gula?
Se tu gostasses de comer e saboreasses as coisas, encontravas-te também a valorizar a parte e a esqueceres-te do aspecto e da falta de beleza do local.
Conclusão filosófica – o gosto está na razão inversa da gula. Será?
Com filosofia ou não, sei que me vão saber bem os pastéis de massa tenra, o bolo de morango e o sumo de manga...
Por aqui, passa a cidade nova. Feita de velhas carcaças e de jovens que pensam que a vida é fácil. E os carros de uns e de outros, a passar, a passar...
Tenho de retomar a filosofia. Não, enquanto curso a terminar, mas como disciplina mental e base estruturante da escrita.
Preciso de reformular a minha escrita, fazer com que deixe de estar tão virada para o umbigo, mas que passe a falar mais do «in», do que está dentro de mim e dentro de cada uma das coisas que estão dentro de mim. Passar de uma escrita um pouco coscuvilheira de diarreia mental, para uma escrita que explore a obstipação das palavras, investigue o que lhe trava a saída e pacientemente, e também metodicamente, vá explorando com minúcia, estrato a estrato, a verdadeira verdade das coisas. Uma escrita que descubra em cada coisa a beleza impensável do oculto. Uma escrita que vá de maravilha em maravilha, ou de podridão em podridão, a golpes de pá da verdade e de picareta da dúvida. Que descubra o que não se sabia que era, porque não se sabia que lá estava. Uma exploração aos trópicos e aos círculos polares do nosso ser, para poder depois navegar uns e outros, na segurança calma da verdade e da clareza.
E contudo, quem diria afinal que tudo isto se resume a um problema de gula?
Se tu gostasses de comer e saboreasses as coisas, encontravas-te também a valorizar a parte e a esqueceres-te do aspecto e da falta de beleza do local.
Conclusão filosófica – o gosto está na razão inversa da gula. Será?
Com filosofia ou não, sei que me vão saber bem os pastéis de massa tenra, o bolo de morango e o sumo de manga...
Por aqui, passa a cidade nova. Feita de velhas carcaças e de jovens que pensam que a vida é fácil. E os carros de uns e de outros, a passar, a passar...
Tenho de retomar a filosofia. Não, enquanto curso a terminar, mas como disciplina mental e base estruturante da escrita.
Preciso de reformular a minha escrita, fazer com que deixe de estar tão virada para o umbigo, mas que passe a falar mais do «in», do que está dentro de mim e dentro de cada uma das coisas que estão dentro de mim. Passar de uma escrita um pouco coscuvilheira de diarreia mental, para uma escrita que explore a obstipação das palavras, investigue o que lhe trava a saída e pacientemente, e também metodicamente, vá explorando com minúcia, estrato a estrato, a verdadeira verdade das coisas. Uma escrita que descubra em cada coisa a beleza impensável do oculto. Uma escrita que vá de maravilha em maravilha, ou de podridão em podridão, a golpes de pá da verdade e de picareta da dúvida. Que descubra o que não se sabia que era, porque não se sabia que lá estava. Uma exploração aos trópicos e aos círculos polares do nosso ser, para poder depois navegar uns e outros, na segurança calma da verdade e da clareza.
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