Com este simples facto, tudo se alterou. A sessão passou para as 19 e 15 e agora há que encher o tempo. E, ainda é muito tempo para encher. Tudo que é preciso encher é sempre muito.
Aqui estou e continuo à espera de ser atendido. De positivo, esta agradável temperatura em contraponto à que está no resto do shopping que é de estufa.
Aproveitei para me sentar, já que me sinto cansado. Nada há que mais me canse do que a indecisão e o tempo perdido.
O tempo perdido. Sempre foi muito mau o tempo perdido. Mas, à medida que nos aproximamos do fim é maior a dimensão do tempo perdido. Se já há pouco tempo para viver e para ser, maior é a desgraça de o perder.
Mais do que nunca tenho de lhe deitar a mão e o dominar. Fazer do tempo aquilo que ele é e aproveitá-lo até ao último instante.
Não tenho, porque a isso não sou obrigado, que deixar obra feita, que se projecte e me projecte. Mas alguma coisa me diz, ou sempre inconscientemente me disse, que tenho que o fazer e que algo devo fazer para que alguma coisa de mim se perpetue. O quê, não sei, mas que tenho essa noção muito nítida, isso tenho.
Várias vezes e disso me recordo bem, que em múltiplos escritos deste tipo, tenho usado a palavra francesa gaspiller, como a que melhor define a sensação que tenho quando perco tempo. E vem-me sempre à cabeça, ou à lembrança, a canção que Aznavour ou Reggiani cantavam, não sei bem qual deles.
Gaspiller le temps. Tudo que tenho que deixar de fazer. E, o que será isso? Conversar com os amigos, falar com a amada, passear pelas ruas, olhar feito parvo para um ecrã de televisão, escrever ou simplesmente pensar? Ou tudo isto ao mesmo tempo? Ou qualquer coisa outra que ainda não sei o que é?
Seja o que for, uma coisa é certa. Preciso do tempo e de não o desperdiçar, muito menos de o perder.
Preciso provavelmente de outra coisa. Sem a qual fatalmente o continuarei a perder. De método.
E, aqui a coisa agrava-se. Porque a minha noção de método não me parece a mais perfeita. Procuro nas coisas mais simples ser organizado e ter tudo nos sítios. Mas, na prática, o meu método não resulta e acabo por me perder no meio da minha organização.
Como se aprende o método? Preciso de o descobrir. Passa por lá a minha defesa do tempo.
É, no entanto, claro para mim, que estou numa fase da minha vida em que tudo isto é difícil. Continuo a ter ocupações fixas, o trabalho na TV e mais uma série de coisas que me impedem e me limitam de usar o tempo todo.
Duma forma ou de outra, tenho que aproveitar o tempo que tenho, até o poder ter todo.
Há medidas práticas e possíveis que desde já tenho que adoptar. Dizer não, quanto a ser espectador televisivo e voltar mais ao livro de quem tenho andado arredado. Procurar ir às aulas de Filosofia, boa escola para pensar. E, no pensamento, como em tudo, o treino é necessário.
Há quanto tempo não vou à Biblioteca Nacional?
Aqui estou e continuo à espera de ser atendido. De positivo, esta agradável temperatura em contraponto à que está no resto do shopping que é de estufa.
Aproveitei para me sentar, já que me sinto cansado. Nada há que mais me canse do que a indecisão e o tempo perdido.
O tempo perdido. Sempre foi muito mau o tempo perdido. Mas, à medida que nos aproximamos do fim é maior a dimensão do tempo perdido. Se já há pouco tempo para viver e para ser, maior é a desgraça de o perder.
Mais do que nunca tenho de lhe deitar a mão e o dominar. Fazer do tempo aquilo que ele é e aproveitá-lo até ao último instante.
Não tenho, porque a isso não sou obrigado, que deixar obra feita, que se projecte e me projecte. Mas alguma coisa me diz, ou sempre inconscientemente me disse, que tenho que o fazer e que algo devo fazer para que alguma coisa de mim se perpetue. O quê, não sei, mas que tenho essa noção muito nítida, isso tenho.
Várias vezes e disso me recordo bem, que em múltiplos escritos deste tipo, tenho usado a palavra francesa gaspiller, como a que melhor define a sensação que tenho quando perco tempo. E vem-me sempre à cabeça, ou à lembrança, a canção que Aznavour ou Reggiani cantavam, não sei bem qual deles.
Gaspiller le temps. Tudo que tenho que deixar de fazer. E, o que será isso? Conversar com os amigos, falar com a amada, passear pelas ruas, olhar feito parvo para um ecrã de televisão, escrever ou simplesmente pensar? Ou tudo isto ao mesmo tempo? Ou qualquer coisa outra que ainda não sei o que é?
Seja o que for, uma coisa é certa. Preciso do tempo e de não o desperdiçar, muito menos de o perder.
Preciso provavelmente de outra coisa. Sem a qual fatalmente o continuarei a perder. De método.
E, aqui a coisa agrava-se. Porque a minha noção de método não me parece a mais perfeita. Procuro nas coisas mais simples ser organizado e ter tudo nos sítios. Mas, na prática, o meu método não resulta e acabo por me perder no meio da minha organização.
Como se aprende o método? Preciso de o descobrir. Passa por lá a minha defesa do tempo.
É, no entanto, claro para mim, que estou numa fase da minha vida em que tudo isto é difícil. Continuo a ter ocupações fixas, o trabalho na TV e mais uma série de coisas que me impedem e me limitam de usar o tempo todo.
Duma forma ou de outra, tenho que aproveitar o tempo que tenho, até o poder ter todo.
Há medidas práticas e possíveis que desde já tenho que adoptar. Dizer não, quanto a ser espectador televisivo e voltar mais ao livro de quem tenho andado arredado. Procurar ir às aulas de Filosofia, boa escola para pensar. E, no pensamento, como em tudo, o treino é necessário.
Há quanto tempo não vou à Biblioteca Nacional?
Sem comentários:
Enviar um comentário