terça-feira, novembro 15, 2005

filosofando

A vida é estranha e complicada de mais para a podermos entender facilmente. Quando tudo nos parece claro e transparente, sem dúvidas nem sobressaltos, logo surge uma faísca de desencanto, um qualquer quê de qualquer coisa, que tudo transforma e faz do conhecido e palpável, o improvável e desconhecido. Que faz do agradável o seu contrário.

E a vida prossegue como se nada se tivesse passado ou o que se tivesse passado não fosse mais do que isso, uma simples fase do todo que ela representa.
Ainda hei-de descobrir um dia, porque razão me ponho a filosofar quando me encontro só, sentado e triste. E, triste? Será que eu estou triste, agora? Ou apenas só?
Só, sentado e triste. Triste sigla assim se faz. SST. O sindroma SST, ponto de partida do meu filosofar. E filosofar para quê? Para chegar onde? A lado nenhum. Pois nunca me apercebi que em outras vezes me tivesse levado a algum lado. Apenas um verter de bílis mais ou menos espessa, mais ou menos fina, que no escorpião tem seu signo. Às voltas, às voltas, e cuidado, muito cuidado, não vá o rabo picar.
Acho graça à forma como as coisas se passam e como tudo, ou quase tudo, não passa de um faz de conta. Por exemplo, quantos escritores são escritores? Quantos como eu, receberão em casa correspondência da Associação dirigida ao escritor fulano de tal, eu, tu, aquele outro. E algum de nós o é? O que é ser escritor?
Mas prossigamos nos exemplos e veremos que tudo se passa de igual forma. Quem é o quem? Quem é o quê? O quê é o quê?
Humanos, vivos, somos. Por definição. Mas, somos uma coisa e outra ou uma coisa ou outra?
Aonde nossa verdade, nossa razão de ser e de existir? E existir o que é? Será pulsar, respirar, acordar, adormecer, tudo ciclos ligados numa corrente com fim? Isto? Nada disto? Também isto?
Assim se cai na ratoeira. Quem não cai? Não sei porque mola invisível, deparamo-nos ou debatemo-nos com duas paredes altas, intransponíveis, onde em dois graffitis, duas manchas, se lêem duas palavras – motivação e finalidade.
É isso que nos falta? Que me falta? Finalidade e motivação? Enquanto não destruirmos (será preciso destruir?) ou ultrapassarmos essas duas paredes não encontraremos os caminhos a seguir, se é que eles estão lá. Porque, em verdade, o que estará para além dos muros? O caminho? Ou a ausência dele?
Acredito que o caminho. E qual será o meu? Qual será o vosso?
Dependem da finalidade? Ou é a finalidade que lhe está sujeita? E eu, vós, sujeitos aos dois?

Antes sujeitos com caminho a seguir, do que nada, sem nada.

Uma forma como outra qualquer de ir comendo um gelado. Pensando e escrevendo. Terei chegado a aquecer o motor do pensamento?

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